Bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá

Mother Teresa in CalcuttaA santa da escuridão

“Serei sempre ausente no céu para acender as luzes a todos que estão vivendo na terra submergidos pela escuridão”

Madre Teresa de Calcutá – Agnes Gonxhe Bojaxhiu, nome de batismo ‒ nasceu, em 27.08.1910, na cidade de Skopje, território da Albânia. Seus pais, Nicola e Drone, participavam diariamente da santa Missa e todas as noite a família se reunia para rezar o terço; visitas e hóspedes também eram convidados a participar desses momentos de oração.

Madre Teresa cresceu num ambiente de misericórdia, praticada pela oração, mas também por obras concretas de ajuda aos necessitados. Drone, sua mãe, com o incentivo do esposo, rico comerciante, semanalmente reunia os filhos para juntos visitar e ajudar doentes e famílias carentes.

A menina Agnes tinha em seu coração um especial amor pelos pobres. Ela costumava visitar uma mãe que, sozinha, cuidava de sete filhos. Levava para essa mãe ajuda material e moral. Poderiam já nessa época dizer que essa menina se tornaria a Santa dos pobres!?

O chamado vocacional

A família de Agnes anualmente peregrinava ao Santuário de Nossa Senhora em Czerna Gora – Letnie. Foi em uma dessas romarias, em 1922, que essa menina, com então 12 anos, sentiu um forte desejo de se consagrar definitivamente a Deus pelas mãos de Nossa Senhora. A partir desse dia, Agnes passou a rezar intensamente pedindo a graça de descobrir a sua vocação. Até os 18 anos participou ativamente da sua paróquia – Sagrado Coração de Jesus.

Certo dia chegou à sua cidade um missionário Jesuíta que trabalhava na Índia para fazer palestras sobre a vida missionária. Agnes, ouvindo-o, sentiu um chamado tão forte que não conseguia mais abafar. Procurou o sacerdote e disse-lhe que queria ser missionária. Ele respondeu-lhe que era preciso rezar muito para discernir a vontade de Deus. Tempos depois ela tomou uma decisão definitiva: queria consagrar-se a Deus para servir aos pobres na Índia.

Aos 18 anos revelou à sua mãe o que havia decidido. Inicialmente a mãe ficou receosa, mas por fim deu-lhe a permissão: “Muito bem, minha filha, podes ir. Mas tenha cuidado para pertencer somente a Deus”.

Em 1928, na noite de 26 de setembro, ela deixou a casa paterna para nunca mais voltar. Na estação de trem, cerca de 100 pessoas foram se despedir da jovem. Chorosos acenavam lenços brancos quando o trem partiu. Agnes viajou para a Irlanda, na casa central da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora do Loreto, situada em Rathfarnham, perto de Dublin. Lá iniciou o postulantado. No dia 1.12.1928 partiu para a Índia, chegando em Calcutá em 6.01.1929, e no dia 23 de maio em Darjeeling, casa central da Congregação na Índia, onde iniciou o noviciado, recebendo o hábito e assumindo o nome de Teresa do Menino Jesus, em homenagem à Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face. O que despertou nela a escolha desse nome foi a vida de continua oração e o espírito de obediência dessa santa.

Em Calcutá, as Irmãs dirigiam uma escola onde cuidavam de 500 crianças de famílias pobres e de classe média. Desse período de sua vida ela dizia: “Fui muito feliz por ter escolhido a vida religiosa e muito mais a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora do Loreto”. No ano de 1935 Irmã Teresa foi escolhida para ser Diretora do Colégio de Santa Teresa e nos anos de 1936-1937 foi a Superiora das Filhas de Santa Ana, congregação dirigida pelas Irmãs de Nossa Senhora do Loreto.

A santa dos pobres

Em 24.05.1937 Teresa professou os votos perpétuos. Em abril de 1942, professa um voto particular: “Para Deus tudo. Não Lhe negarei nada. Quero dar-Lhe ainda algo mais bonito; sem reservas”.  Dois anos depois, Deus, então, pediu-lhe “algo mais bonito”. Em 1946 Madre Teresa sentiu que deveria deixar as Irmãs de Nossa Senhora do Loreto para “ir para as ruas servir aos mais pobres dos pobres”. Por várias vezes Madre Teresa ouviu em seu coração Jesus dizendo: “Venha! Venha! Me leve até os escuros buracos onde moram os paupérrimos. Venha e seja a minha luz”.

No dia 16.08.1948, Madre Teresa deu início à Congregação das Missionárias da Caridade. “A nossa finalidade é saciar a sede de Jesus na cruz” ‒ explicou. No Natal daquele ano ela iniciou seu trabalho missionário nas ruas de Calcutá. Passou momentos de tristeza e abandono, derramou muitas lágrimas, elevou ao céu muitas preces. Deus iniciava uma obra que teria que ser “paga” com grande esforço. Ela rezava: “Sou sua! Imprima em minha alma e em minha vida os sofrimentos do Seu coração. (…) Se a minha separação de Ti levará os outros a Ti, e se em companhia destas pessoas encontrares mais alegria e prazer, estou pronta Jesus! Sofro de todo meu coração, não somente agora, mas eternamente…”.

Madre Teresa de Calcutá experimentou a extrema pobreza. Por diversas vezes ela própria não tinha o que comer.

A santa da escuridão

Já em 1947 a religiosa falou pela primeira vez sobre o abandono e a escuridão que sentia em sua alma. Ao escrever uma carta ao seu confessor, mencionou: “não pense que a minha vida é um mar de rosas – não sei se um dia encontrei ao menos uma. Ao contrário, mais frequentemente a minha companheira é a escuridão. E quando a noite torna-se ainda mais escura me parece que acabarei no inferno. Naquele instante me ofereço totalmente a Jesus”.

Um ano após sua fundação, a congregação de Madre Teresa já contava com 4 religiosas que com ela abraçaram o mesmo ideal. Costumava dizer: “O sofrimento, a dor, o fracasso são como que beijos de Jesus; são também sinais de que você está já tão perto de Jesus crucificado que Ele pode te beijar”.

No dia 05.09.1997 a cidade de Calcutá sofreu um apagão. As irmãs possuíam dois geradores de energia, porém nesta data não funcionaram, o que nunca antes aconteceu. Nessa noite, às 21:30h, Madre Teresa faleceu ‒ envolta pela escuridão. Havia prometido: “Se um dia serei santa – serei com certeza a santa da escuridão. Serei sempre ausente no céu para acender as luzes a todos que estão vivendo na terra submergidos pela escuridão”.

No dia da sua morte, 3500 religiosas da sua congregação serviam alimentos aos pobres em 445 lugares, espalhados por 95 países. No dia 19.10.2003,  Madre Teresa foi beatificada pelo Papa João Paulo II.

“Se isto Lhe trará a glória, se trará em seu coração pelo menos um pouco de alegria, se as almas serão conduzidas a Ti, se os meus sofrimentos irão saciar a Sua sede, aqui estou meu Senhor, com alegria aceito tudo o que vier até final da minha vida, para sempre vou sorrir para o seu rosto escondido”.

Pe. Andre Lach, MIC
Diretor do Apostolado da Divina Misericórdia