Uma prova de fé e coragem

No dia 12 de junho a Igreja Católica na Polônia celebra a memoria dos 108 mártires da segunda guerra mundial. No meio desse grupo de mártires se encontram dois sacerdotes dos quais a Congregação dos Padres Marianos se orgulha. São os Bem-Aventurados Padres Antônio Leszczewicz e Jorge Kaszyra que movidos pela fé e munidos de coragem seguiram Jesus Cristo de uma forma radical, isto é, configurando-se ao Mestre, derramaram, como Ele, o próprio sangue, sendo queimados vivos junto com seus paroquianos.

Durante a segunda gerra mundial houveram muitos mártires. Entre eles leigos, religiosos e religiosas, sacerdotes, bispos e outros prelados cujo exemplo nos encorajam a testemunhar a fé nos tempos de hoje.

Vamos conhecer um pouco a história desses dois grandes homens de Deus

198px-leszczewicz_240Bem-Aventurado Antônio Leszczewicz – Nasceu no dia 30 de setembro de 1890, em Abramowo, na Lituânia. Seus pais eram João e Carolina. Teve quatro irmãos. Em 1908 entrou no Seminário Diocesano em Mohylew em Petersburgo. No decorrer de quatro anos passou pelos estudos de filosofia e teologia. “Foi sempre um aluno aplicado e dedicava-se inteiramente aos estudos”. Foi ordenado diácono no inicio de 1914 e no dia 14 de abril de 1914 foi ordenado sacerdote. Após as solenidades das primícias, o jovem sacerdote dedicou-se aos trabalhos pastorais, que desempenhou por quase 25 anos no Extremo Oriente, sem nunca visitar a família nem a pátria. Já perto do seu jubileu de prata sacerdotal, o padre Antônio tomou a inesperada decisão de ingressar numa ordem religiosa. Conhecendo o padre André Cikoto, o qual era da Congregação dos Marianos, em Harbin (China), decidiu entrar na comunidade dos padres marianos. E, no dia 13 de junho de 1939, professou os primeiros votos religiosos. Neste período, o padre Antônio foi trabalhar em Druia – Bielo-Rússia. Passado apenas uma semana de sua estadia nessa localidade, eclodiu a segunda guerra mundial. Druia foi dominada pelos exércitos soviéticos. A igreja paroquial foi transferida para Rosica, localizada a 30 km de Druia. No final de outubro de 1941, o padre Antônio organizou em Rosica uma grande celebração. A partir de novembro daquele ano passou a viver permanentemente nessa paróquia. Em meados de fevereiro de 1943, Druia foi ocupada pelo estado maior alemão e em Rosica se instalaram destacamentos de expedições punitivas. No dia 16 de fevereiro de 1943, numa terça-feira, o exército queimou as casas, e os moradores, sob ameaça de fuzis, refugiaram-se na igreja paroquial de Rosica. Ali os padres confessavam, distribuíam a comunhão, batizavam, ungiam, preparavam as pessoas para a morte.

O padre Antônio foi levado pelos nazistas no dia 17 de fevereiro à tarde. As religiosas que se  despediram dele, recordam que quando os nazistas o levaram ele estava alegre e sorria. Ele ordenou a elas que fossem corajosas e que rezassem sempre. Mais luz projetam sobre a sua atitude as palavras de uma das testemunhas. Nos seus paroquianos, padre Antônio queria incutir a esperança cristã na vida eterna, esperança que ele viveu: “Não chorem… Deus nos pede o sacrifício de nossas vidas. Nós temos que depositar esse sacrifício aos Seus pés. Um breve momento e a vida eterna espera por nós. E eu vos asseguro diante de Deus que está aqui conosco na igreja, garanto-vos em Seu nome, que se aceitarem a Sua vontade, receberão o Céu (…). Adeus no Céu”. Assim morreu o pastor que não quis deixar as suas ovelhas abandonadas.

O padre Antônio e outros cristãos foram queimados em uma velha choupana de madeira.

Bem-Aventurado Jorge Kaszyra – nasceu no dia 4 de abril de 1904 em Aleksandrowo – Bielo-Rússia. Seus pais Tadeu e Maria eram ortodoxos. Foi batizado no mesmo dia. Aos dezoito anos, Jorge passou ao catolicismo. Jorge Kaszyra ingressou na Congregação dos Padres Marianos, professando os primeiros votos no dia 02 de agosto de 1926. Depois de professar os votos perpétuos, viajou para Roma onde fez seus estudos filosóficos. Seus estudos teológicos fez em Vilna, capital da Lituânia. Foi ordenado diácono em 1934. E, na Festa de Corpus Christi, no dia 20 de junho de 1935, foi ordenado sacerdote. Em julho de 1942, o padre Kaszyra viajou para Druia. Neste tempo, encontrava-se aí o padre Antônio Leszczewicz, que levava adiante o trabalho de evangelização. o padre Antônio levou o padre Jorge para Rosica. Quando a guerrilha soviética passou a agir com mais intensidade naquela região e crescia a ameaça da vinda de uma expedição punitiva alemã, os padres Jorge e Antônio decidiram permanecer com os fiéis, mesmo sendo avisados que poderiam ir embora em liberdade. Preferiram permanecer entre os fiéis, pastoreando e consolando a sua gente. Passou a noite de 17 de fevereiro em oração, deitado de bruços, ajoelhado, andando e rezando. No dia 18 de fevereiro de 1943, o Pe. Jorge Kaszyra distribuiu entre os fiéis o Santíssimo Sacramento mantido na Igreja. Às 10 horas os nazistas vieram buscá-lo. Despediu-se dos fiéis dizendo: “Rezem e peçam perdão a Deus pelos meus pecados, porque dentro de alguns minutos eu já estarei diante do juízo de Deus”. Após ele, os soldados alemães arrastaram mais 30 pessoas para uma velha choupana de madeira. Depois de certificarem-se que todos estavam bem trancados, atiraram granadas e a incendiam.

Os Padres Antônio e Jorge foram honrados por sua fé quando o Papa João Paulo II os beatificou, no dia 13 de junho de 2000, em Varsóvia – Polônia, juntamente com o grupo de outros 106 mártires, vítimas da Segunda Guerra Mundial. Peçamos a intercessão de nossos Irmãos Bem-Aventurados Antônio e Jorge para que alcancem junto de Deus a graça da nossa perseverança na fé.

 

Pe. Valter Musiau, MIC