Há dois anos, numa conferência de ativistas anti-aborto na Califórnia, fiz um pronunciamento sobre a história da reforma social, falando sobre como aqueles que estão denunciando a realidade do aborto seguiam os passos dos abolicionistas, do Comitê Nacional sobre o Trabalho Infantil e de muitos outros ativistas que haviam lutado para evidenciar o que estava sendo imposto às vítimas diante dos olhos do público.Depois, naquele mesmo final de semana, um pró-vida veterano me chamou em privado e disse que tinha algo para me mostrar – algo que alguém novo como eu no movimento pró-vida precisa ver. Eu concordei e fomos até sua casa em seu carro. Descemos na garagem e entramos na casa.

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Ele havia vasculhado um container de lixo atrás de uma clínica de aborto. Aquilo em si não me surpreendeu – essa tem sido uma prática comum durante décadas no movimento pró-vida americano. Joe Scheidler e Monica Miller resgatavam crianças que haviam sido mutiladas e abandonadas para sepultá-las, e as fotografias desses cadáveres foram algumas das primeiras fotografias de vítimas de aborto que o movimento utilizou para expor a matança. Ativistas como Lynn Mills e Troy Newman vasculhavam lixo para coletar evidências de irregularidades praticadas pela indústria do aborto. Quando crianças tornam-se lixo, cristãos tornam-se catadores de lixo.Mas, por alguma razão, eu ainda não esperava o óbvio. Uma coisa é ver fotos de vítimas de aborto, ou mesmo vídeos grotescos – eu já vi cenas de procedimentos abortivos suficientes para muitas vidas. Coisa totalmente diferente é ver uma criança dentro de um pote. Há algo nisso que não é registrado – seus olhos captam a imagem, mas seu cérebro não é capaz de entender o que está acontecendo. Afinal, quem está preparado para ver um bebê num pote?

No entanto, era exatamente o que eu estava vendo. Um pote sobre a mesa, com um menininho dentro dele.

O bebê era perfeito, tão perfeito! Sua pele era de um branco marfim, mas tudo o mais parecia normal. Seus olhos estavam fechados, e sua expressão era serena e pacífica. Segurar o pote me pareceu algo estranho, pois o menininho podia mover-se no líquido, suas pernas e braços balançando de uma maneira mórbida. Eu podia jurar que ele iria acordar. O único sinal de que as coisas não estavam bem eram duas pequenas perfurações na parte posterior de seu crânio, por onde os aborteiros o haviam matado. Eu fiquei imaginando quantos anos ele teria se estivesse vivo. Mas não estava. Ele havia congelado no tempo. Preso num pote de formol. Boiava dentro de um pote sobre a mesa, e eu não conseguia tirar meus olhos dele.

Meu estômago ainda revira quando penso nisso. Bebês em potes. Bebês em latas de lixo. Bebês em incineradores. Essa é nossa sociedade atual. A guerra cultural não é um duelo filosófico abstrato entre políticos querendo conquistar grupos de eleitores. A guerra cultural é uma guerra real, com corpos reais.

Eu sei disso. Eu segurei um.

Reproduzido com permissão de CCBR.

Fonte: Notifam