Os laços que unem Jesus e Maria são muito mais estreitos e fecundos do que alguns podem pensar. Segundo o testemunho do Novo Testamento e da tradição cristã, há uma íntima relação entre Jesus Cristo e Maria – Mãe de Deus e nossa.

O Concílio Vaticano II fala de um “vínculo estreito e indissolúvel”. Contudo, em que isso se baseia? Maria foi a primeira a se beneficiar da Redenção do Seu filho Jesus. Em sua concepção, Maria foi preservada do pecado original – é o mistério da Imaculada Conceição – obra da força transformadora da Misericórdia Divina. Jesus é quem nos confia Maria como presente durante a Sua Paixão, para que Ela nos acompanhe como nossa mãe espiritual. Por isso é que a Igreja diz que “Maria prossegue em granjear-nos os dons da salvação eterna”, ou seja, Maria continua agindo ao longo da história com a missão de gerar Jesus em nós (cf. 1Cor 4,15).

Maria acolheu a Misericórdia Encarnada – Jesus – não apenas em Seu ventre, mas também em Sua alma, por meio da fé confiante e constante, e Ela quer o mesmo para nós! Desta maneira, o culto à Misericórdia Divina nos leva a amar o Imaculado Coração de Maria e vice-versa, não havendo nenhuma oposição entre ambos.

(…)

Segundo os relatos da Irmã Lúcia, na segunda aparição do anjo aos três Pastorinhos, em 1916, ele assim exortaca:

“Que fazeis? Orai, orai muito! Os Corações Santíssimos de Jesus e de Maria
têm sobre vós digníssimos de misericórdia”

A ocasião dessa aparição se dá num momento muito tenso da história da humanidade. A primeira aparição de Nossa Senhora em 13/05/1917 situa-se exatamente entre o ingresso dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial e a ascensão do comunismo bolchevista ao poder de Lênin. Neste exato momento a Mãe vem a seus filhos porque deseja que eles vivam bem, em paz. Pouco antes de Jesus Misericordioso se manifestar à Faustina (1929), Lúcia deixa sua cidade e entra no convento em Tuy, Espanha, e lá se dá uma outra manifestação extraordinária que se aproxima muito da mensagem da Misericórdia Divina. Irmã Lúcia tem a seguinte visão:

“De repente, iluminou-se toda a capela com uma luz sobrenatural e sobre
o altar apareceu uma Cruz de luz que chegava até o teto. (…) Sobre o
braço esquerdo, umas letras grandes, como se fossem de água cristalina
que corressem para cima do altar, formavam as palavras: ‘Graça e Misericórdia’.
Compreendi que me era mostrado o mistério da Santíssima Trindade…”
(Dos seus aposentos copiados pelo Pe. Gonçalves, em 22/04/1941).

Maria vem em nome de Seu Filho exortando à confiança na Sua misericórdia. Graça e Misericórdia é o que Lúcia comtempla no coração da Santíssima Trindade; é o que Deus quer conceder a toda humanidade. Nas suas Memórias, Lúcias fez várias citações sobre a Misericórdia Divina.

“Eu achava bem que os (prelados) incutissem nas pessoas, a par duma grande confiança na Misericórdia do nosso bom Deus, e na proteção do Imaculado Coração de Maria, a necessidade da oração acompanhada do Sacrifício.
(Carta, Tuy, 18/08/1940)
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Assim como a Misericórdia Divina está presente nas mensagens de Fátima, no Diário de Santa Faustina também há mensagens de Maria Santíssima.

“Senti a força do Seu Coração Imaculado, que se comunicou à minha alma”
(Diário, 805)

 


Trecho extraído do livro Fátima e a Divina Misericórdia –
Um mistério em comum para os nossos dias
, páginas 128 a 130.