Santa Faustina nos recorda com força que Jesus permaneceu conosco na Terra, o mesmo Jesus Ressuscitado que encontraram os Apóstolos.

Então, onde eu, que vivo no século XXI, posso encontrá-Lo? Esta é uma pergunta importante para minha vida. Onde posso encontrá-Lo? Onde posso encontrar a Misericórdia Encarnada, Fonte da misericórdia?

Quando observamos o caminho espiritual que transcorreu Santa Faustina, caminho que a conduziu até os cumes mais altos da união com Deus, até o nível mais elevado da vida mística, podemos nos dar conta de quão grande é a abertura eclesial de Santa Faustina em sua vivência mística. E isso é uma garantia de sua autenticidade.

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Ela encontrou-se com Jesus – Fonte da Misericórdia, a Misericórdia Encarnada, sim, na Igreja. Jesus ficou conosco e permanece presente na Sua Igreja, está presente nos sacramentos, especialmente na Eucaristia, está presente na Sua Palavra, na oração, nas inspirações do Espírito Santo, também está presente em nossos corações, quando estamos em estado de graça santificante.

Esta presença de Jesus no meio de nós e em nós, a contemplação do Seu amor misericordioso, o fato de unir-nos a Ele em cada momento da vida, foi o fundamento da experiência mística de Santa Faustina no transcorrer de sua vida cotidiana, foi a fonte de sua força para cumprir fielmente a vontade de Deus. A vivência mística de Irmã Faustina – afirma o Padre Otto Filek – cresceu a partir da contemplação da misericórdia de Deus, que atuava nela e como fruto de sua entrega total à vontade de Deus.

Nos tempos atuais, que se caracterizam pelos movimentos religiosos, quando há tantas pessoas, especialmente jovens que buscam o contato com Deus em espiritualidades fora do cristianismo ou fora da Igreja, como também, fora dos sacramentos e da liturgia, perdendo, desse modo, em vão, suas energias e o seu tempo em “técnicas”, o testemunho de Santa Faustina, e em particular as suas realizações no caminho da perfeição cristã, recordam aos que buscam, a advertência de Cristo: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a Carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu Sangue, não tereis a vida em vós (Jo 6, 53). Essas palavras demonstram que a pátria de contemplação é a Igreja, “sacramento de salvação” (CIC, 48) e de santificação, e que o local de contemplação com Deus é, em particular, a Eucaristia[1], assim como a viva presença de Deus em nossas almas, em cada momento da nossa vida.

Karl Rahner disse em uma ocasião: o cristão do futuro, ou será místico, ou não será. Recordar a própria vivência mística é, portanto, uma questão sobre o “ser ou não ser um cristão”, uma vez que se trata da questão do meu “ser com Deus” através da vida, da minha união com Ele sempre e em todo lugar, e não apenas em momentos isolados de oração.

Algo muito normal e óbvio é que em nossa vida cristã, junto com o desenvolvimento da vida interior, apareça um desejo cada vez mais profundo de dedicar a Deus não só algum período muito concreto de tempo, mas de estar com Ele sempre e em toda parte, inclusive nos trabalhos ordinários e nos deveres de cada dia. A vivência mística não é apenas um possível elemento adicionado à vida cristã, que pode estar ou não, que pode acontecer ou não, mas pertence ao caminho que conduz ao nosso pleno desenvolvimento. Portanto, ou serei místico ou não serei plenamente cristão.

[1] O. Filek, Droga Sługi Bożej Siostry Marii Faustyny do zjednoczenia z Bogiem, w: Posłannictwo Siostry Faustyny, obra citada, pág. 56-57.

Texto extraído da Revista Divina Misericórdia, Ed.040