Durante a oração do Angelus, na Praça de São Pedro, em julho, o Papa Francisco fez uma meditação sobre o Pai-Nosso, a partir do Evangelho de São Lucas (11,1-13).  Acompanhemos suas palavras, e aprendamos mais sobre essa oração tão rica.

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“O Evangelho (…) tem início com o episódio no qual Jesus reza sozinho, separadamente; quando acaba, os discípulos pedem-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar” (v. 1); e Ele responde: “Quando orardes, dizei: Pai…” (v. 2). Esta palavra é o segredo da oração de Jesus, é a chave que Ele nos oferece a fim de podermos entrar também nós na relação de diálogo confidencial com o Pai que acompanhou e amparou toda a Sua vida.

Ao apelativo Pai Jesus associa duas solicitações: “santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino” (v. 2). Portanto a oração de Jesus — a oração cristã — é antes de tudo dar lugar a Deus, deixando que Ele manifeste a Sua santidade em nós, fazendo com que se aproxime o Seu reino, a partir da possibilidade de exercer o Seu senhorio de amor na nossa vida.

Outros três pedidos completam esta oração que Jesus ensina, o “Pai-Nosso”, (…): o pão, o perdão e a ajuda contra as tentações. Não podemos viver sem pão, sem perdão, sem a ajuda de Deus contra as tentações. O pão que Jesus nos ensina a pedir é o necessário (…); o pão dos peregrinos, o justo, um pão que não se acumula nem se desperdiça, que não pesa durante a nossa marcha. O perdão, antes de tudo, é aquele que nós mesmos recebemos de Deus: só a consciência de sermos pecadores perdoados pela infinita misericórdia divina pode tornar-nos capazes de realizar gestos concretos de reconciliação fraterna. Se uma pessoa não se sente pecadora perdoada, nunca poderá fazer um gesto de perdão nem de reconciliação. (…) O último pedido, não nos deixeis cair em tentação, exprime a consciência da nossa condição, sempre exposta às insídias do mal e da corrupção. Todos sabemos o que é uma tentação!

O ensinamento de Jesus sobre a oração prossegue com duas parábolas (…) (cf. vv. 5-12). Ambas pretendem ensinar-nos a ter plena confiança em Deus, que é Pai. Ele conhece melhor do que nós as nossas necessidades, mas quer que lhas apresentemos com audácia e insistência, porque este é o nosso modo de participar na sua obra de salvação. A oração é o primeiro e principal instrumento de trabalho nas nossas mãos! Insistir com Deus não serve para o convencer mas para fortalecer a nossa fé e a nossa paciência, isto é, a nossa capacidade de lutar juntamente com Deus pelo que é deveras importante e necessário. Na oração somos dois: Deus e eu, lutando juntos pelo que é importante.

Entre as coisas mais importantes que Jesus diz hoje no Evangelho, há uma, na qual quase nunca pensamos: o Espírito Santo. “Concedei-me o Espírito Santo!”. E Jesus diz: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem!” (v. 13). Devemos pedir que o Espírito Santo venha a nós. Mas para que serve o Espírito Santo? Para viver bem, com sabedoria e amor, fazendo a vontade de Deus. Que bonita oração seria, se cada um de nós pedisse: “Pai, concedei-me o Espírito Santo!”. Nossa Senhora demonstra-o com a sua existência, inteiramente animada pelo Espírito de Deus. Que ela nos ajude a pedir ao Pai, unidos a Jesus, para vivermos segundo o Evangelho, guiados pelo Espírito Santo.”


Texto extraído da revista Divina Misericórdia – Ed.045