Descobrir Deus presente nas profundezas da alma, unir-se a Ele sempre e em toda parte e com solicitude, viver no silêncio e no recolhimento, com paz e silêncio interior. Essa união conduz a que cada um de nós termine se convertendo em uma pessoa contemplativa, ou seja, alguém consciente da presença e do poder do Senhor em si mesmo. Uma conversão não só na oração, mas também em todos os acontecimentos do dia, em todas as circunstâncias da vida; uma pessoa que em Jesus Misericordioso encontrou uma nova Fonte para os pensamentos, palavras e ações; uma pessoa cujo coração está impregnado do desejo palpitante dessa Fonte: transformar-se na Misericórdia Divina, para ser Sua imagem viva, Seu vivo reflexo, e assim transmiti-La para todos aqueles que encontrar.

O que Santa Faustina nos ensina?

Santa Faustina nos ensina a contemplar Deus na vida cotidiana, ou seja, a descobrir o Senhor na própria alma e viver em comunhão com Ele ao longo de toda a vida. Uma contemplação assim que acontece com a prática a misericórdia nas atividades de cada dia não requer o isolamento do mundo, ou residir num convento ou mosteiro: pode ser vivido por qualquer pessoa, seja qual seja a sua vocação.

Em tempos de grande ansiedade, solidão ou falta do sentimento de segurança e falta de amor, Deus através da vida de Santa Faustina nos recorda a verdade sobre Sua morada na alma humana, a respeito da qual São João também escreve em seu Evangelho, nos chamando a permanecer Nele no mais profundo do nosso ser. Contudo, para descobrir Deus em nossa alma, devemos, sobretudo, estar em estado de graça, porque só então Deus habita nela.

É bom pensar com frequência sobre esse maravilhoso Hóspede interior e repetir para si mesmo: “Deus vive em mim”. Uma maior consciência da presença viva de Deus em nossa alma faz muito bem para a vida interior, porque começamos a buscar a Deus não em um lugar distante, mas em nossos próprios corações.

Deus vivo habita em nosso meio. Santa Faustina escreve em seu Diário:
“Ó humanidade, por que pensas tão pouco no fato de que Deus se encontra verdadeiramente entre nós? (…). Ó inconcebível bondade de Deus, que nos protegeis a cada passo, seja dada glória incessante à Vossa misericórdia por Vos terdes tornado Irmão, não dos anjos, mas dos homens — é um milagre do insondável mistério da Vossa misericórdia. Toda a nossa confiança está em Vós, nosso Irmão primogênito, Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. O meu coração estremece de alegria ao ver como Deus é bom para nós homens, tão miseráveis e ingratos; e, como prova do Seu amor, oferece-nos uma dádiva inconcebível, isto é, a Si mesmo, na Pessoa de Seu Filho. Esse mistério de amor nós não aprofundaremos pela eternidade Toda” (Diário 1584).