A menos de um mês para o término deste ano jubilar, podemos ainda aprofundar mais um dos pontos essenciais para bem aproveitar das graças que Deus está disposto a nos conceder por meio da Igreja, que é a Porta Santa. A difusão incriteriosa e pouco prudente de informações de certa forma tornou nebulosa a compreensão do que é para a Igreja a Porta Santa.

Significado Espiritual da Porta Santa

Para compreender o significado espiritual da Porta Santa basta olhar a base bíblica: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo, tanto entrará como sairá e encontrará pastagem” (Jo 10,9). Desta passagem podemos extrair três pontos que marcam a essência da passagem pela porta: uma cristologia, um chamado à conversão e uma ação especial da Graça.

“Eu sou a Porta”: O centro deste símbolo é a pessoa de Cristo. Passar pela Porta Santa é antes de tudo um convite a encontrar-se com Cristo, e progredir na intimidade com Ele. Sabemos que na base da espiritualidade está a experiência de Deus. Mesmo que multifacetada e singular em cada pessoa, a experiência de Deus é a fonte de uma espiritualidade frutífera e profunda, já que é Cristo a razão de nossa fé e motor da nossa existência em plenitude.

Se alguém entrar por mim será salvo”, quem se encontra verdadeiramente com Cristo não consegue viver do mesmo jeito que antes. A Igreja anexa uma indulgência plenária à passagem pela Porta Santa, o que significa a remissão de todos os pecados diante de Deus, eliminando toda a  pena temporal. Quem entra pela Porta, que é Cristo, entra para uma vida nova, recorda da graça batismal, nasce para Deus e ressuscita para a vida eterna.

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O fiel batizado que atravessar a Porta Santa, cumprindo no tempo determinado e no modo devido as ações prescritas pela Igreja, experimentará o abraço misericordioso de Deus, obtendo a indulgência jubilar, ou seja, o pleno acesso aos méritos da Redenção de Cristo na comunhão dos Santos. Uma experiência genuína da misericórdia com que Deus vem ao nosso encontro, nos acolhendo e perdoando.

Passar pela Porta Santa é antes de tudo um convite a encontrar-se com Cristo e progredir na intimidade com Ele.

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Na sagrada Escritura o símbolo da porta é muito significativo. No Livro do Apocalipse, por exemplo, ouvimos “Eu estou à porta e bato. Se alguém escuta a minha voz e me abre a porta, eu virei a ele, cearei com ele e ele comigo” (3,20). Assim, a porta também é metáfora da liberdade humana que pode abrir-se ou não ao Deus que lhe bate. Basta entender que a passagem pela Porta Santa compreende dois atos intrínsecos: nós entramos no coração de Deus e deixamos que Deus entre no nosso coração. Entramos no coração de Deus porque somos seus filhos amados e Ele quer que lhe sejamos íntimos. Deixamos que Deus entre em nosso coração para nos fazer coerentes com a verdade de seu amor.

No final deste Ano da Misericórdia, ainda somos convidados a passar pela Porta Santa e vivenciar o que já nos exortava o Papa Francisco na bula Misericordiae Vultus: “Será então uma Porta da Misericórdia, onde qualquer pessoa que entre poderá experimentar o amor de Deus que consola, perdoa e dá esperança”. Por esta prática, Deus toma conta de todo o tempo, pois o passado é perdoado, o presente ganha novo significado e o futuro ganha esperança.

O rito de abertura da Porta Santa desse Ano Jubilar, aconteceu no dia 08 de dezembro de 2015 na Basílica de São Pedro, no Vaticano. O encerramento da passagem da pela Porta Santa, será no dia 20 de novembro de 2016, após essa data, à nova abertura acontecerá no ano de 2025.

Texto adaptado – Revista Divina Misericórdia ed. setembro/2016

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