O rosário é a oração da vida na presença e sob os cuidados da Mãe de Deus.
É por isso que essa oração pode tornar nossa vida mais nobre e feliz.

Na primeira parte de cada Ave-Maria nos voltamos para Maria Santíssima assim como uma vez a Ela se dirigiu o Anjo Gabriel. Não sabemos quanto durou a Anunciação, se apenas um momento ou se aconteceu também uma crescente consciência da notícia transmitida pelo Arcanjo. O importante é que Maria ficou repleta de alegria por causa de sua eleição, única nessa plenitude de dom.

Consideremos: o que a Mãe de Deus desejava fazer com o dom que acabara de receber, qual devia ser o desejo espontâneo que brotou do seu coração? Não se engana aquele que responde que Ela com toda certeza quer compartilhar o seu tesouro com aqueles a quem ama.

Se mesmo cada um de nós que somos cheios de limites (pois os nossos pensamentos, medos, esperanças costumam ser limitados à vida desta terra), ao nos movermos pelo amor, que consiste no desejo de doar-se àquele a quem se ama, desejamos repartir as próprias riquezas com aqueles a quem amamos – quanto não desejará a Mãe Santíssima presentear esse imenso dom por ela recebido?

Quando, rezando o rosário, pronunciamos as Ave-Marias, trazemos à nossa memória a grande doação, o grande presente da Mãe Santíssima, e fazemos isso tendo já a grande certeza de que em cada boa ação Maria quer recordar conosco o pedido que dirigimos a Ela: rogai por nós, agora e na hora de nossa morte.

Esse pedido, Ela quer recordar conosco a fim de que sejam removidas as barreiras que impedem a realização dos desejos do Seu coração em nossa vida, a fim de que Ela possa nos presentear.

O Seu presente, o Seu doar-se, pode estar no ouvir as nossas orações de acordo com as nossas intenções, mas pode também estar em simplesmente aumentar a graça de Deus de uma forma incompreensível ou imperceptível para nós.

Irmã Faustina rezava muito o santo rosário e certamente o fazia na presença da Mãe de Deus. Saudava-a assim como São Gabriel e tinha certeza que a Cheia de Graça queria conceder graças à sua filha. Sabia que o coração de Maria está unido ao Coração de Seu Filho e que, portanto, Jesus também anseia manifestar a Sua misericórdia. Sabia que o maior obstáculo para receber Sua misericórdia está na falta de confiança. Desconfiança que, contudo, depois de cada uma das Ave-Marias da oração do rosário, de alguma forma, mesmo que em grau pequeno, era superada na vida dela.

Como toda a Igreja, Santa Faustina manteve sua mente fixa na meditação dos mistérios da vida de Jesus e de sua Mãe Santíssima, exatamente para isto: para estar com Eles, mergulhar na vida Deles e, desta forma, atuar, de forma que Eles pudessem participar da sua vida.

O caminho da oração do rosário é o mesmo caminho da confiança e da fé na misericórdia de Deus. A recitação do rosário, do terço da misericórdia, da jaculatória “Jesus, eu confio em Vós” possuem como conteúdo mais profundo a certeza da bondade de Deus e certeza da veracidade de tudo o que o Arcanjo anunciou à Mãe de Deus na Anunciação.

Devemos, portanto, rezar bem o rosário, permanecendo para isso, na medida do possível, na disposição de alma e psique necessárias para contemplar a bondade de Deus e o dom de Maria, meditando sobre os mistérios da vida de Jesus e Maria, buscando permanecer confiantes na presença Deles.

Não é nos efeitos emocionais percebidos que está o valor dessa oração mas no esforço real e encharcado de confiança com que nos dirigimos à Mãe de Deus e, por meio dela, a Deus.

Se é necessário escolher: escolha rezar menos Ave-Marias, mas com maior concentração. Desse modo, verdadeiramente vamos usar um poder real contra o mal presente em nossas vidas e no mundo.

Ladek Piasecki – Polônia, para a Revista Divina Misericórdia