Organizações da sociedade civil de mais de 18 países condenaram no último dia 10 de abril  a manipulação exercida sobre o chamado “fórum social” da VII Cúpula das Américas, no Panamá. Em uma declaração conjunta, manifestaram seu enérgico repúdio aos esforços empreendidos para silenciar os defensores da democracia, do direito à vida, da família e da liberdade, em especial a liberdade religiosa.

Alfonso Aguilar, diretor executivo da Aliança Latina do American Principles Project, representando os inconformados com a situação, denunciou à imprensa que uma ampla rede de entidades com forte viés ideológico, que vai de grupos radicais de esquerda a coletivos feministas e LGBT, articulou-se para marginalizar e abafar a voz de associações verdadeiramente cidadãs e impor uma agenda dita “progressista”. Esta agenda inclui o reconhecimento do aborto como “direito”, a implantação de diretrizes de educação sob a perspectiva da ideologia de gênero, a promoção do “matrimônio” entre pessoas do mesmo sexo, a criação de “direitos” especiais para as minorias homossexuais sob o pretexto da “igualdade”, a despenalização da comercialização de drogas e a limitação de algumas liberdades do cidadão.

Esta rede, aparentemente informal, mas bem articulada, obteve a colaboração de alguns dos organizadores para poder operar. Segundo informou Aguilar, de 8 a 10 de abril, durante o Fórum da Sociedade Civil e Atores Sociais da Cúpula, foram constatadas graves irregularidades nos fóruns da sociedade civil, “incluindo problemas com os credenciamentos e uma arbitrariedade na metodologia e procedimento seguidos nos debates. Muitas organizações pró-vida e pró-família foram excluídas, ao passo que se deu lugar especial a organizações de esquerda procedentes de Cuba e buscou-se que grupos que promovem uma agenda radicalmente a favor do aborto e dos chamados direitos LGBT tivessem um número grande de representantes em todos os fóruns temáticos.”

O Fórum da Sociedade Civil e Atores Sociais tem como objetivo emitir recomendações para os Chefes de Estado e de Governo participantes da Cúpula das Américas, cuja sétima edição tem início hoje.

Habitualmente o “fórum social” da Cúpula é o cenário onde organizações de minorias, mas muito ativas, exercem pressão em favor de uma agenda pautada na ideologia de gênero e favorável ao aborto. Tais entidades participam dos grupos temáticos de discussão e se articulam – às vezes com a ajuda de alguns funcionários da própria Organização dos Estados Americanos (OEA) – para inserir suas demandas na declaração final de cada equipe.

As declarações finais dos grupos temáticos (saúde, educação, energia, desenvolvimento sustentável e meio ambiente, migração e segurança, participação cidadã e governabilidade democrática) contêm recomendações que são apresentadas aos delegados. Dessa forma, conseguem passar a falsa impressão de que suas demandas de grupo são de fato as demandas de toda a sociedade.

Embora o ativismo desses grupos fosse intenso também nos anos anteriores, as formalidades nos debates eram respeitadas e havia inclusive um certo equilíbrio no que diz respeito à pluralidade de associações cidadãs representadas, assinalou o brasileiro Guilherme Ferreira, da plataforma cidadã CitizenGo. “Este ano não. A ‘rede ideológica’ era a amplíssima maioria, por conta da abertura que se lhes deu desde o registro; colocaram os seus como coordenadores das mesas temáticas de trabalho, como redatores da declaração final de cada equipe e inibiram sistematicamente o diálogo, de forma autoritária”, explicou Ferreira.

Como resultado, todas as contribuições da “sociedade civil” aos delegados têm um viés ideológico claro. Para Aguilar, “é evidente que o objetivo era conseguir que as conclusões das mesas de trabalho dos fóruns fossem favoráveis a políticas particulares, priorizando grupos extremistas LGBT e abortistas.”

Onde eles falharam em controlar os grupos de trabalho, tentaram sua sabotagem com gritos, ameaças e violência, como foi o caso das mesas que abordaram as questões relativas à participação cidadã e governabilidade democrática. Diante da incapacidade de se impor, 70 delegados cubanos deixaram as mesas de trabalho e, em seguida, rejeitaram os textos votados e aprovados.

Nas mesas temáticas relativas a Saúde e Educação houve um bloqueio sistemático aos participantes que não tinham um posicionamento acorde à ideologia de gênero. No entanto, eles conseguiram limitar algumas das recomendações mais radicais. ” Embora não possamos dizer que temos a certeza de que as recomendações dos grupos de trabalho são totalmente objetivas e equilibradas, pode-se dizer que fizemos progressos significativos nessa direção “, disse Aguilar .

A mexicana Neydi Casillas, da Alliance Defense Freedom, sublinhou que, com a manipulação de que foi objeto, a Cúpula das Américas está respaldando uma “nova forma de ditadura ideológica” que tenta eliminar os valores culturais dos povos latino-americanos. “Isso é um paradoxo, se considerarmos que a OEA nasceu para neutralizar a ameaça de ditaduras políticas”, disse.

A declaração conjunta afirma que as maiorias não estiveram representadas, pois uma grande parte da população do continente “não teve voz”. O texto pontua que “como estes fóruns não foram verdadeiramente representativos da sociedade civil de nossos países, o encontro que terão os presidentes e representantes dos governos esta tarde com os grupos participantes tem caráter de farsa”.

Também destaca que “as recomendações que os líderes de governo escutaram não representam o autêntico sentir do povo de nossas nações, nem são produto de um verdadeiro consenso; são nada mais nada menos que a opinião de alguns grupos de esquerda e socialmente liberais”.

fonte: NotiFam

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