Tanto nas Mensagens de Fátima quanto naquelas entregues a nós por Santa Faustina em relação à Divina Misericórdia encontramos um ponto central que as caracteriza: a Redenção. Nas duas mensagens somos chamados, por Jesus e por Maria, a compreender e valorizar a Redenção alcançada para nós por Nosso Senhor, bem como também somos chamados a uma participação ativa na obra redentora realizada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas, o que é Redenção? A Redenção é ponto central do plano de Deus para a humanidade: é uma porta de esperança permitindo que a humanidade, após a queda no pecado, não fique para sempre presa, mas seja libertada, redimida.
A Redenção de Jesus, livrando-nos do pecado, foi total. Porém, Ele quis nos chamar a ter parte ativa tanto na nossa Redenção como na do próximo. Santo Agostinho diz que Deus não precisou de nós para nos criar, mas, para nos redimir, para nos salvar, Ele quer “precisar” de nós. Deus nos dá a graça, mas devemos ser ativos na graça. E esse chamado a cooperar na Obra da Redenção, por meio da intercessão, nós o encontramos nas Mensagens de Fátima e da Divina Misericórdia. Nossa Senhora prepara as três crianças videntes e Jesus prepara Santa Faustina para que eles, que vivem a vida da graça, possam interceder implorando a misericórdia de Deus para o mundo. Este é o convite que Deus nos faz hoje. Apesar das nossas fraquezas, lutamos para viver uma vida na graça de Deus, buscando o Seu amor e, por isso, somos chamados a ir um pouco mais além; somos chamados a lançar nossas redes em águas mais profundas.
O Senhor quer nos tirar de um certo estado de conforto espiritual. Não basta eu me salvar, não basta que eu conheça as Mensagens, o amor de Jesus e de Nossa Senhora; não basta que eu saiba o oceano de graça que Deus tem para mim e que posso confiar totalmente n’Ele. O Senhor me chama a responsabilidade de levar isso para os outros e, mais do que isso, implorar isso aos outros. João Paulo II na Encíclica Dives in misericordia (Deus é rico em misericórdia) diz que “… a Igreja tem o direito e o dever de apelar para a misericórdia de Deus, implorando-a…” (cf. DM, 12).
Jesus diz a Santa Faustina: “Minha filha, inclinei o Meu Coração aos teus pedidos. A tua tarefa e obrigação é pedir aqui na Terra a misericórdia para o mundo inteiro. Nenhuma alma terá justificação, enquanto não se dirigir, com confiança, à Minha misericórdia” (Diário, 570). E nós, uma vez que conhecemos o amor de Deus, não temos como fugir dessa mesma tarefa e obrigação. É o nosso chamado à participação na redenção.
Pe. Silvio Roberto, MIC
Este texto é parte do Capítulo “O chamado à intercessão nas Mensagens da Divina Misericórdia e de Fátima”, do livro “Fátima e a Divina Misericórdia: um mistério e comum para os dias de hoje”.