Era a Quinta-feira Santa, dia 29 de março do ano de 1934. Santa Faustina já era uma irmã com 9 anos na vida religiosa, tendo, portanto, passado por importantes e profundos momentos em sua vida de experiências místicas: a formação comum aos religiosos e a experiência de provações interiores; já havia, também, recebido a visão na qual Jesus que lhe mandou pintar a Imagem. Mas o Senhor a preparava para experiências ainda mais profundas… Nesta Quinta-feira Santa, o Senhor lhe pede:

 “Desejo que faças o sacrifício de ti mesma pelos pecadores, especialmente por aquelas almas que perderam a esperança na misericórdia de Deus” (Diário, 308).

Santa Faustina, sem titubear, responde com estas lindas palavras de oferecimento:

“Diante do Céu e da Terra, diante de todos os Coros de Anjos, diante da Santíssima Virgem Maria, diante de todas as Potestades celestes, declaro a Deus Uno e Trino que hoje, em união com Jesus Cristo, Salvador das almas, faço espontaneamente o oferecimento de mim mesma pela conversão dos pecadores, especialmente por aquelas almas que perderam a esperança na misericórdia de Deus. Esse sacrifício consiste em eu aceitar, [com] total submissão à vontade de Deus, todos os sofrimentos, receios e temores que oprimem os pecadores, entregando-lhes em troca todos os consolos que tenha na alma, provenientes da convivência com Deus. Numa palavra, ofereço por eles tudo: Santas Missas, Santas Comunhões, penitências, mortificações e orações. Não tenho medo dos golpes — dos assaltos desferidos pela justiça de Deus —, porque estou unida a Jesus. Ó meu Deus, desejo, dessa maneira, desagravar-Vos por aquelas almas que não confiam na Vossa bondade. Confio, contra toda [esperança], no oceano da Vossa misericórdia. Meu Senhor e meu Deus, meu quinhão — minha herança pelos séculos, não baseio esse ato de oferecimento nas minhas próprias forças, mas na força que decorre dos méritos de Jesus Cristo. Repetirei diariamente este ato de oferecimento com a oração seguinte, que Vós mesmo me ensinastes, Jesus:  Ó Sangue e Água que então jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu confio em Vós!” (D.309).

Sabemos que Santa Faustina viveu os poucos quatro anos que ainda teria pela frente com total fidelidade à este ato. Precisamos, no entanto, perceber o que está em torno desta entrega. Para chegar a este ponto, santa Faustina teve um constante crescimento na sua fé. Podemos dizer que Jesus lhe pediu algo no momento certo, pois ele sabia que no seu coração já ardia este amor. Nos escritos do Diário, anteriores a este ato, encontramos frases do tipo:

“Ó Amor Eterno, desejo que Vos conheçam todas as almas que criastes. Gostaria de me tornar sacerdote, pois, então, falaria sem cessar da Vossa misericórdia às almas pecadoras, mergulhadas no desespero. Desejaria ser um missionário e levar a luz da fé aos países selvagens, para Vos dar a conhecer às almas e, imolando-me inteiramente por elas morrer como mártir, como Vós morrestes por mim e por elas. Ó Jesus, sei muito bem que posso ser sacerdote, missionário, pregador, mesmo mártir, pelo total despojamento e abnegação de mim mesma por amor a Vós, Jesus, e às almas imortais” (D. 302).

Portanto, Jesus não colocou um peso sobre Santa Faustina, exigindo dela algo demasiado. Jesus pediu-lhe aquilo pelo qual seu coração já ansiava. A motivação de Santa Faustina para este ato é também clara: que Jesus seja amado.

Temos nesta entrega uma faceta da beleza misteriosa da fé católica: o valor do sacrifício. Para nos salvar, Jesus quis passar pelos sofrimentos. Um católico maduro em sua fé sabe que o caminho do Mestre deve ser o caminho de todos nós.

Não seria maravilhoso, seguindo o exemplo do Senhor e de Santa Faustina, oferecermos também nós os nossos sofrimentos para que Jesus seja mais amado neste mundo?

Pe. Silvio R. Roberto, MIC

 

Biografia de uma Santa

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