Neste dia 15 de agosto celebramos a Assunção de Nossa Senhora, sua subida gloriosa ao céu.

“A assunção ao céu, em corpo e alma, é um privilégio divino concedido à Santa Mãe de Deus por sua união particular com Jesus. Trata-se de uma união corporal e espiritual, iniciada com a Anunciação e amadurecida durante toda a vida de Maria mediante sua participação singular no mistério do Filho. (…). No Calvário esta união alcançou o ápice, no amor, na compaixão e no sofrimento do coração. Por isso Deus lhe concedeu uma participação plena também na ressurreição de Jesus. O corpo da Mãe foi preservado da corrupção, como o corpo do Filho.

Neste dia a Igreja nos convida a contemplar este mistério: Ela mostra que Deus quer salvar o homem inteiro, alma e corpo. A assunção de Maria, criatura humana, nos dá a confirmação do nosso glorioso destino. A ressurreição da carne é um elemento próprio da revelação cristã, eixo da nossa fé. A realidade maravilhosa da Assunção de Maria manifesta e confirma a unidade da pessoa humana e nos recorda que somos chamados a servir e glorificar Deus com todo o nosso ser, alma e corpo”. (Papa Francisco)

 


 

Diante de um mundo relativizado e individualizado, propenso ao surgimento de heresias, a Igreja Católica proclama dogmas para que as verdades de fé sejam preservadas. Dogma significa “decidir”, e são “luzes no caminho da nossa fé que o iluminam e tornam seguro” (CIC nº 89).

É proclamado pela Igreja como verdade de fé e interpretado à luz da Sagrada Escritura e da Tradição, ganhando um caráter indubitável.

Todo dogma é interpretado à luz da revelação fundamental: a redenção em Cristo Jesus. Ele é a Verdade, e todo dogma está alicerçado nela, obtendo um perfil de infalibilidade que “está em permanente dependência do Espírito Santo, o qual, com providente sapiência e com a unção da sua graça, guia a Igreja para a verdade plena, até à vinda gloriosa do seu Senhor”  .

“Portanto, como gloriosa mãe de Cristo (…) foi por Ele vivificada para sempre em seu corpo na incorruptibilidade; Ele a ergueu do sepulcro e tomou para si, como só Ele sabe” .

Maria tem um papel fundamental no plano de redenção, participando daquilo que Deus sonhou para toda a humanidade marcada pela queda. Para entender o mistério da iniquidade, precisamos entender o mistério da piedade: “Ele foi manifestado na carne, justificado no Espírito, aparecido aos anjos, proclamado às nações, crido no mundo, exaltado na glória” (1Tm 3,16). A vinda gloriosa de Jesus é uma manifestação radical do Amor Divino para com seu povo, que outrora perdeu, pela mancha do pecado original, a intimidade com Deus. Deus desejou que sobre a abundância do pecado prevalecesse a superabundância da graça (cf. Rm 5,20). Essa superabundância aconteceu graças a Nossa Senhora, pelo seu “faça-se” (Lc 1,38). Ela, como Imaculada e Permanentemente Virgem, permaneceu afastada do pecado e participou de momentos importantes da história da redenção.

“Aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou, também os tornou justos; e aos que tornou justos, também os glorificou” (Rm 8,30).

No dia 1º de novembro de 1950, através da Constituição Apostólica “Munificentissimus Deus”, o Papa Pio XII proclamou o Dogma da Assunção de Maria, afirmando que é verídico que Maria Santíssima foi assunta ao céu de corpo e alma.

Precisamos entender que Maria é um ser humano igual a todos nós, porém, preservada da mancha do pecado e, por isso, ela passou pela experiência da morte, mas “a morte da Santíssima Virgem é chamada pelos antigos Padres da Igreja, dormição, isto é, sono. Com efeito, esta morte diferiu sensivelmente da dos outros homens. Maria, diz santo Ildefonso, não devia morrer senão de amor de Deus; por isso, sem moléstia, sem sofrimento, pareceu antes adormecer do que morrer”  .

Estima-se que Maria foi sepultada no Getsêmani ou em Éfeso, e que permaneceu cerca de três dias apenas no túmulo, ressuscitando gloriosamente sem ter passado pela corrupção de seu corpo.

“Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original, terminando o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste” (CIC 966).

Convinha que àquela que trouxe o Criador a essa terra, fosse de corpo e alma para o tabernáculo divino. “Assim como a gloriosa ressurreição de Cristo era parte essencial e o último sinal desta vitória, assim também devia ser incluída a luta da Santa Virgem, a mesma que a de seu filho, pela glorificação do corpo virginal, (…) que obteve pleno triunfo sobre o pecado e suas consequências, e alcançou ser guardada imune da corrupção do sepulcro, como suprema coroa dos seus privilégios. Semelhante a seu Filho, uma vez vencida a morte, foi levada em corpo e alma à glória celeste, onde, rainha, refulge à direita do seu Filho, o imortal rei dos séculos”.

No dia 15 de agosto, a Igreja celebra a festa da Assunção, reconhecendo em Maria a fidelidade e a luta contra o pecado e a morte. Pode-se estimar que a Assunção de Maria seja o início da Coroação de Maria como Rainha do Céu e da Terra: uma honra para a sua vitória, fidelidade e perseverança no plano de Deus.

 

 

Ir. Gustavo Alberto Pavan, MIC,
para a Revista Divina Misericórdia