O seguinte texto é uma adaptação do 1º capítulo do livro: 7 Segredos da Eucaristia, do escritor americano Vinny Flynn. Seu livro, publicado em 2006, pretende dar aos leitores uma consciência completamente nova de que a Eucaristia não é apenas sobre receber a Comunhão; é sobre transformar sua vida diária.
Segredo 1: A Eucaristia está viva
“Fica sabendo, Minha filha, que quando venho pela santa Comunhão ao coração do homem, tenho as mãos cheias de toda espécie de graças e desejo entregá-las às almas, mas elas nem Me dão atenção; deixam-Me sozinho e se ocupam com outras coisas. (…) Procedem Comigo como com alguma coisa morta.” – Nosso Senhor falando à Santa Faustina (Diário, 1385).
A Eucaristia está viva.
Quando você e eu nos aproximamos da Eucaristia, parece que acreditamos que estamos prestes a receber Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem?
Enquanto espero na fila para recebê-lo todos os dias, estou pensando em quanto você quer se unir a mim? Eu estou vendo suas mãos cheias de graças que você quer me dar? Estou cheio de admiração e gratidão por você me amar tanto a ponto de realmente querer vir a mim de uma maneira incrivelmente íntima?
Ou eu estou distraído, ocupado com outros pensamentos, preocupado comigo mesmo e com minhas agendas para o dia? Quantas vezes, Jesus, eu te fiz triste, sem pensar em como te recebo em meu corpo, em meu coração, sem amor e sem reconhecimento de seu amor? Quantas vezes eu te tratei como um objeto morto?
A Hóstia que recebemos não é uma coisa. Não é uma bolacha. Não é pão. É uma pessoa – e ele está vivo!
Lembro-me de uma cena, que me ajuda a lembrar de como deveríamos nos aproximar da Eucaristia.
Em 1916, como ano de preparação para as aparições de Nossa Senhora em Fátima, o Anjo da Paz apareceu três vezes a Lúcia, Jacinta e Francisco.
A cena mais dramática é a terceira visita, quando o anjo vem com a Eucaristia. Suspendendo a Hóstia e o cálice no ar, ele se joga prostrado no chão e faz as crianças repetirem a seguinte oração três vezes:
“Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos de seu Santíssimo Coração [de Jesus] e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”.
Um anjo, um espírito puro, que vive constantemente na presença íntima de Deus, se prostra diante da Eucaristia em adoração.
E nós, estamos com as nossas mentes cheias de distrações, caminhamos e recebemos a Comunhão, voltamos aos nossos bancos e voltamos aos “negócios de sempre”, pensando no jogo de futebol, nas contas que temos de pagar ou no que vamos fazer depois da missa.
Essa é uma mensagem bem forte. Foi tão forte que o jovem Francisco passou o resto de sua curta vida tentando consolar Deus na Eucaristia. A cada momento que podia, ele passava na frente do Santíssimo Sacramento, tentando consolar a Deus pela maneira indiferente como as pessoas respondem à Eucaristia.
Então, podemos decidir: tratar Deus como um objeto morto, ou podemos nos prostrar diante dele, em adoração, em gratidão, em amor, em reparação.
Não estou sugerindo que todos nos coloquemos de cara na frente da Eucaristia da próxima vez que formos receber. Mas interiormente nós podemos. Quer estejamos de pé ou ajoelhados, podemos sempre, em nosso coração, mente e alma, prostrar-se em adoração ao Deus vivo na Eucaristia.
Para mim, isso se tornou uma maneira de reconhecer Jesus de um modo pessoal, com todo o meu ser, não apenas com a minha mente.
Como o Papa João Paulo II assinala, “precisamos cultivar uma viva consciência da presença real de Cristo”, e devemos ter o cuidado de “mostrar essa consciência por meio de tom de voz, gestos, postura e porte”.
O Papa Bento XVI também discute essa questão de como receber, enfatizando que, em vez de discutir se é melhor receber ajoelhado ou em pé, na mão ou na língua, precisamos nos concentrar no espírito de reverência com que os primeiros Padres da Igreja receberam a comunhão.
“A carne do Filho do Homem, dada como alimento”, explica o Papa João Paulo II, “é seu corpo em seu estado glorioso após a ressurreição“.
O “Credo” do povo de Deus afirma isso muito claramente:
Acreditamos que quando o pão e o vinho consagrados pelo Senhor na Última Ceia foram transformados em Seu corpo e Seu sangue, oferecidos por nós na cruz, são da mesma forma o pão e vinho consagrados pelo sacerdote, transformados no corpo e sangue de Cristo, entronizado gloriosamente no céu.
É este Cristo vivo e glorioso que se queixa a Santa Faustina:
“Ah, como Me dói que as almas se unam tão pouco Comigo na santa Comunhão! Espero pelas almas, e elas se mostram indiferentes. Amo-as tão afetuosa e sinceramente, e elas não confiam em Mim. Quero cobri-las de graças — mas elas não querem aceitá-las. Procedem Comigo como com alguma coisa inanimada e, no entanto, (60) tenho o Coração cheio de amor e misericórdia”. (Diário, 1447).
A Eucaristia não é uma coisa. Não é um objeto morto. É Cristo e Ele está totalmente vivo. Ao recebê-lo com esta consciência, nos tornamos mais plenamente vivos, para que possamos dizer com São Paulo: “Não sou mais eu que vivo, mas Cristo que vive em mim” (Gal 2:20).
Eu sou o pão vivo. Quem comer este pão viverá para sempre. … Assim como o Pai vivo me enviou e eu tenho vida por causa do Pai, assim também aquele que se alimenta de mim terá vida por minha causa (Jo 6: 51, 57).
Fonte: Divine Mercy