LEITURA ORANTE: São João 6, 41-51

Em um local silencioso, em uma postura confortável, procure colocar-se na presença de Deus. Peça o auxílio do Espírito Santo para este momento de meditação sobre Jesus, Palavra Viva do Pai que diz: “Eu sou o pão que desceu do céu”.
Procure em sua bíblia o Evangelho de Jesus Cristo segundo São João, capítulo 6, dos versículos 41 a 51.

 

1 – Leitura (Lectio)

Com atenção e reverência, leia o texto bíblico.

Jesus há pouco havia multiplicado pães e peixes. Saciara a muitos, e houve tanta fartura que recolheram doze cestos com sobras. Depois disso, atravessara miraculosamente o lago, andando sobre as águas, de modo que as multidões perceberam que Jesus chegara à outra margem sem embarcação (cf. Jo 6,1-40). E, no entanto, o que vemos no trecho do Evangelho que acabamos de ler?

Pessoas de fé fraca, que procuravam a Jesus por causa do pão material, mas murmuravam por causa de suas palavras. Queriam mais de Jesus! Mas queriam o que Jesus desejava lhes dar? Cristo anunciara: “Eu sou o pão da vida” (cf. Jo 6,35). Quis mostrar à multidão que tinha muito mais a oferecer do que a saciedade material. O Pai não estava mais dando um maná que se estragava, mas o Pão Vivo que saciaria para sempre: a Palavra Viva, o próprio Jesus. Mas, eles não conseguiam enxergar em Jesus mais do que um milagreiro, talvez um profeta… não mais do que isso. Afinal, não era ele apenas “o filho de José”? (cf. Jo 6,42). Cristo diz que “desceu do céu”, e aqueles homens se escandalizaram por ouvir tais palavras daquele homem cuja origem simples eles bem conheciam. Esqueceram-se totalmente dos milagres que acabaram de testemunhar. Não souberam ver neles sinais da ação de Deus. Fecharam seus corações.

 

2 – Ruminação (Ruminatio)

Quantos benefícios recebemos de Deus todos os dias! Quantas graças! Deus é constantemente bom e misericordioso para conosco. Mas, sabemos enxergar em seus favores o convite a uma conversão cotidiana? Sabemos dar a Jesus o que Ele quer de nós, em resposta? Jesus veio ao mundo para revelar, definitivamente, Deus como Pai, um pai que busca seus filhos. Mas, para chegar ao Pai é preciso “ir ao Filho”, ou seja, ter fé nele: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrair” (cf. Jo 6,44).

Do Pai é que nos vem o dom da fé, um dom que é derramado sobre quem tem humildade, sobre quem aprende a reconhecer a ação de Deus na simplicidade, sobre quem aceita os misteriosos caminhos de Deus. Jesus pedia daqueles homens a fé, uma fé sincera que não pede muitas explicações, mas se lança em Deus, se lança porque enxerga em tudo a bondade do Pai. Quantas vezes, em nossas vidas, Jesus nos terá dito, repetidamente “Eu sou o pão que desceu do céu”, e nós não soubemos escutá-lo, porque buscávamos Dele somente o “pão” dos bens materiais, dos problemas resolvidos, do sofrimento afastado a todo custo? Quantas vezes Jesus quis me dar vida e eu recusei?

 

3 – Oração (Oratio)

Jesus, Vós vindes a nós de maneira tão simples na Eucaristia! E, no entanto, que mistério tão grande! Aceita nossa ação de graças pelo dom da fé que nos leva a Vós, e pelo dom da Vossa Palavra e do Vosso Corpo, que nos levam ao Pai! Ó, Cristo, o Vosso Corpo e Sangue nos dão a vida verdadeira, a vida que nunca se acabará. Quanta vida escondida num humilde pedaço de pão! Fazei-nos reconhecer-Vos sempre nos sacramentos, no nosso próximo que sofre, nas dificuldades e alegrias… Tira-nos a cegueira da incredulidade, e aumenta a nossa fé, para que nada nos impeça de vos reconhecer, e aceitarmos a vida que vem de vós!

 

4 – Contemplação (Contemplatio)

Jesus está sempre perto de nós. Se não puder visitá-Lo no Sacrário, faça-o espiritualmente. Visite Jesus e simplesmente permaneça em Sua presença, em adoração e ação de graças. Ame-O, admire-O, confie! Não são necessárias muitas palavras, mas a sinceridade do coração.

“Ó Hóstia Santa — enlevo do céu,
embora escondas a Tua beleza
e Te apresentes a mim numa migalha de pão,
a fé firme rasga esse véu” (Diário de Santa Faustina, 159).

 

 

Por, Ir. José Maria da Santa Face, FGMC, para a Revista Divina Misericórdia, ed. 79