A misericórdia em si mesma, como perfeição de Deus infinito, é também infinita. Infinita, portanto, e inexaurível é a prontidão do Pai em acolher os filhos pródigos que retornam à sua casa. São infinitas também a prontidão e a força do perdão que brotam continuamente do admirável valor do Sacrifício do Filho. Nenhum pecado humano prevalece sobre esta força e nem sequer a limita. Da parte do homem pode limitá-la somente a falta de boa vontade, a falta de prontidão na conversão e na penitência. Isto é, o permanecer na obstinação, que está em oposição com a graça e a verdade, especialmente diante do testemunho da cruz e da ressurreição de Cristo.
É por isso mesmo que a Igreja professa e proclama a conversão. A conversão a Deus consiste sempre na descoberta da sua misericórdia, isto é, do amor que é “paciente e benigno” (cf. 1 Cor 13, 4) como o é o Criador e Pai. Amor ao qual “Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Cor 1, 3) é fiel até às últimas consequências na história da Aliança com o homem, até à cruz, à morte e à ressurreição do Seu Filho. A conversão a Deus é sempre fruto do retorno para junto deste Pai, “rico em misericórdia”.
Misericórdia e Perdão
O sacramento da Penitência ou Reconciliação aplana o caminho a cada um dos homens, mesmo quando sobrecarregados com graves culpas. Neste Sacramento todos os homens podem experimentar de modo singular essa graça, isto é, aquele amor que é mais forte do que o pecado.
Jesus ensinou que o homem não só recebe e experimenta a misericórdia de Deus, mas é também chamado a tê-la para com os demais. “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7). A Igreja vê nestas palavras um apelo à ação e esforça-se por praticar a misericórdia.
Se todas as bem-aventuranças do Sermão da Montanha indicam o caminho da conversão e da mudança de vida, a que se refere aos misericordiosos é particularmente eloquente a tal respeito. O homem alcança o amor misericordioso de Deus, a Sua misericórdia, na medida em que ele próprio se transforma interiormente, segundo o espírito de amor para com o próximo.
“Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”
O autêntico devoto de Jesus Misericordioso deve estar profundamente consciente de que, somente apoiado na misericórdia divina poderá viver o Evangelho, amar o Senhor sobre todas as coisas e o próximo assim como é a vontade de Deus.