Santa Faustina, nomeada por Jesus como Sua secretária, nos dará a honra, ao longo desta reflexão, de também nos secretariar para que possamos dela aprender as virtudes necessárias para enfrentarmos este momento de pandemia.
Dia 25 de agosto é o aniversário de Santa Faustina. Hoje, eu e você recebemos das mãos da aniversariante o presente: a orientação em meio ao caos.
A ventania do mundo jamais poderá apagar o que nos mantém de pé e que está vivo e atuante dentro de nós: a chama de nossa fé. A pandemia tem inserido em nosso dia a dia muitas mudanças como, por exemplo, o isolamento social (para aqueles que podem) e o hábito da higiene contínua das mãos. Porém, as notícias, as informações, os cuidados a serem tomados e a nossa posição diante desta realidade, implicam também em mudanças internas que se dão de forma sorrateira, ou seja, mudanças que muitas vezes acontecem em nós sem que possamos perceber, e isso pode gerar inclusive prejuízos em nossa vida espiritual se não estivermos atentos para frear esta ação em nosso coração.
A vivência de nossa vida espiritual, por meio de toda a doutrina e ensinamentos da Santa Igreja Católica, nos permite entrar em uma sala onde todos estão entristecidos e levar a estas pessoas a alegria do Senhor. Esta mesma lógica precisamos aplicar ao momento presente.
Para preservar a nossa espiritualidade viva e atuante, é preciso questionar o que tem atravessado nossos corações, quais são as palavras e os atos pelos quais temos nos deixado atingir.
Para refletirmos juntos, tomei a liberdade de destacar três pontos que podem invadir o Seu coração neste momento, e para cada um deles, veremos que Santa Faustina nos conseguirá um remédio da parte de Deus.
Durante 3 dias, começando hoje, você receberá um “remédio” que não precisa ser tomado, ou injetado, basta que ele seja acreditado para que possamos experimentar a graça de Deus em nossa vida, apesar de tanta contradição no mundo e nas pessoas.
1. Primeira armadilha
A primeira armadilha para nossa vida espiritual que se apresenta é a armadilha da solidão e da massificação. A cada dia mais, somos classificados como números. Em todas as notícias e reportagens há um esforço por parte dos profissionais em recordar que os milhares de mortos e contaminados não são apenas um número a mais na soma, mas sim uma família que perdeu uma pessoa amada, uma vida cheia de histórias e dores que foi perdida. Mas, mesmo assim, todos os números que vemos não nos sensibilizam como deveriam, pois a vida humana foi massificada, tornou-se um número, uma coletividade sem individualidade. Há também o uso da máscara que, essencial no cuidado e prevenção do vírus, acaba nos tornando faces cada vez mais desconhecidas em meio a uma multidão. Isso gera um profundo sentimento de solidão, de deslocamento, de falta de um lugar no mundo.
Primeiro remédio
A questão que se coloca é que enquanto o mundo nos tira a singularidade, Deus nos chama para a intimidade. A intimidade é justamente o lugar em que somos únicos, e este é o primeiro remédio para vivermos este tempo. Deus nos retira desta armadilha e nos mostra que sua lógica é outra. Ele nos diz que nos conhece profundamente e que não cai um fio de cabelo sequer de nossos cabelos sem o Seu consentimento (Lucas 12,17). Ele é o único que deixa as noventa e nove ovelhas para ir atrás daquela única que se perdeu (Lucas 15, 4-6). É Ele que nos chama pelo nome (Isaías 43,1) e nos conhece desde o ventre de nossas mães (Jeremias 1, 5). O remédio para esta falta de singularidade que o mundo nos impõe, é a intimidade com Deus. É justamente a experiência mais profunda de singularidade que só pode se dar junto Àquele que nos amou primeiro.
Santa Faustina no número 1019 de seu Diário, fala desta intimidade com Deus, sobretudo ao dizer seus efeitos na alma: “Revela-me o Seu amor exclusivo por mim e como Ele é o Senhor absoluto de tudo”. A intimidade com Deus nos traz a consciência de Seu amor e Seu poder. É apenas na relação de intimidade da alma com o Seu Senhor que há a segurança de que não se está só, de que não se é apenas mais um número, mas sim uma alma repleta de valores e digna de acolher o próprio Deus dentro de si, não por mérito pessoal, mas por pura Graça Divina.
No parágrafo 1135, Santa Faustina continua a falar deste remédio da intimidade dizendo que “Na estreita união com Ele, nada pode me perturbar (…). Que grande felicidade é ter a consciência de que Deus está presente no coração, e viver em estreita intimidade com Ele”. Perceba, meu amado irmão, minha amada irmã, que a intimidade tem por fruto a felicidade e a constância, pois ao saber que o próprio Deus se faz presente em nosso coração, como percebeu Santa Faustina, não tememos qualquer ameaça externa, pois o Senhor de tudo nos habita e está em profunda aliança com nossa alma.
Oração para todos os dias
Oração de agradecimento
“Ó Jesus, Deus eterno, agradeço-Vos pelas inúmeras graças e benefícios. Que cada batida do meu coração seja um novo hino de ação de graças para Convosco, ó Deus. Que cada gota do meu sangue circule por Vós, Senhor. A minha alma seja um só hino de adoração à Vossa Misericórdia. Amo-Vos, Deus, por Vós mesmo.” (Diário, 1794).
Oração pedindo graças por intercessão de Santa Faustina
Ó Jesus, que fizeste de Santa Faustina uma grande devota da Vossa ilimitada misericórdia, dignai-Vos, pela sua intercessão, se for do agrado da Vossa santíssima vontade, conceder-me a graça (…petição silenciosa) que Vos peço.
Eu, pecador, não sou digno da Vossa misericórdia. Peço-Vos, pois, pelo espírito de sacrifício e dedicação da Santa Faustina, e por sua intercessão, atendei aos pedidos que, com confiança, Vos apresento.
Pai-Nosso… Ave-Maria… Glória ao Pai…
Padre Ednilson de Jesus, MIC
Revista Divina Misericórdia, Ed. 73