O que diferencia Abraão e o apóstolo Paulo de cada um de nós?
Absolutamente nada. Como todo homem formado do barro, envoltos em cueiros, nasceram pecadores necessitados de salvação.

Ilustração bíblica de Abraão e Isaac / iStock


Mas o que tornou Abraão pai de muitas nações?
A resposta é inequívoca: sua resposta de fé ao chamado de Deus:

“Foi pela fé que Abraão, obedecendo ao apelo divino, partiu para uma terra que devia receber em herança. E partiu não sabendo para onde ia” (Hb 11,8).

Da mesma forma, foi a obediência de Paulo à voz de Deus que o tornou o evangelista mais admirável de todos os tempos.“Então eu disse: Quem és, Senhor? O Senhor respondeu: Eu sou Jesus, a quem persegues. Mas levanta-te e põe-te em pé, pois eu te apareci para te fazer ministro e testemunha das coisas que viste e de outras para as quais hei de manifestar-me a ti. Desde então, ó rei, não fui desobediente à visão celestial” (At 26,15s.19).

É, portanto, a obediência da fé à voz de Deus que, pelo poder do Espírito Santo, muda radicalmente as pessoas e a história.

Santa Faustina

Abraão, o Apóstolo Paulo, Maria Santíssima, João Paulo II, Santa Faustina Kowalska e todas as almas santas, nos dão a conhecer os cinco passos necessários para que o plano do Altíssimo Senhor – aquilo que chamamos vocação – se realize na vida de cada um de nós, hoje:

  1. Em sua infinita bondade, poder e misericórdia, Deus concebe uma plano de amor e salvação para cada um de nós. “Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações” (Jr 1,5).

 

  1. Deus revela este plano de uma maneira que o compreendamos. “Escolhi-te do meio do povo e dos pagãos, aos quais agora te envio para abrir-lhes os olhos, a fim de que se convertam das trevas à luz e do poder de Satanás a Deus, para que, pela fé em mim, recebam perdão dos pecados e herança entre os que foram santificados” (At 26,17s).

 

  1. Deus espera uma resposta livre de cada uma de nós. “Foi pela fé que Abraão, obedecendo ao apelo divino, partiu para uma terra que devia receber em herança” (Hb 11,8). “Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).

 

  1. Dada nossa permissão, é hora de pagar o preço do nosso sim. “De hoje em diante não há em mim vontade própria” (Diário de Santa Faustina, 374). “Não oferecerei ao Senhor, meu Deus, holocaustos que não me tenham custado nada” (2Sm 24,24). “Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salva-la-á. Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida?” (Mc 8,24-36).

 

  1. O Deus sempre fiel e imutável cumpre Sua promessa. “Se creres, verás a glória de Deus” (Jo 11,40). “Esperando, contra toda a esperança, Abraão teve fé e se tornou pai de muitas nações, segundo o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência (Gn 15,5)” (Rm 4,18).

 

Cedo ou tarde, após nos livrarmos dos cueiros, uma pergunta é inevitável: Qual é a vontade de Deus para a minha vida? A resposta, todos já sabemos:

“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3). Todas as vocações específicas – sacerdócio, vida consagrada e religiosa, matrimônio – são caminhos que Deus nos chama à santidade perfeita.

A Semana da Família, que é a igreja doméstica, é uma oportunidade propícia para cada um de nós ouvir e responder com total generosidade ao chamado de Deus. Se Deus chama, Ele capacita. De nossa parte, cabe removermos todos os empecilhos à realização do Seu plano:

“Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus. (…) Ele suportou a cruz e está sentado à direita do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente aquele que sofreu tantas contrariedades dos pecadores, e não vos deixeis abater pelo desânimo.” (Hb 12,1-3).

Assim como todos os crentes que nos precederam, após uma vida de total entrega, sem reservas ou precauções ao plano de Deus, chegará o dia em que, após cruzarmos os portões do céu, tomados de uma alegria irreprimível, poderemos cantar: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele nos fez renascer pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança, para uma herança incorruptível, incontaminável reservada para vós nos céus” (1Pd 1,3-4).

Temos uma só vida. Tudo é uma questão de fé. Quem crer verá:
“Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!” (Lc 1,45).

 

 

Por Celso Deretti, para a Revista Divina Misericórdia, ed. 67