Obras de misericórdia corporais – 1ª parte

Como a primeira das obras de misericórdia corporais, Padre Papczyński apresenta a obra visitandi infirmos ‒ visitar os enfermos –, que ‒ diz ele ‒ é expressamente louvada por Jesus Cristo, porque, sendo feita ao próprio Cristo, é uma das obras pelas quais no juízo final se receberá o Reino Celeste: “estive doente e viestes visitar-me” (Mt 25, 36).

São de louvar ‒ diz o Padre Estanislau ‒ os que visitam os doentes pobres, porque junto aos seus leitos não chegam com vacuis manibus, isto é, de mãos vazias”. Por outras palavras, Padre Estanislau nos exorta a visitar aos doentes pobres com as mãos cheias de dons, com os quais eles poderão ser ajudados na sua doença e pobreza.

Frequentemente o Padre Papczyński dedicava-se a essa obra de misericórdia. Como afirma um dos textos do seu processo de beatificação, deslocava-se septios ad infirmos ‒ muito frequentemente aos enfermos. O Padre Leporini (um dos seus biógrafos) informa-nos que ele visitava frequentemente os hospitais dos pobres, distribuindo entre eles copiosas esmolas e provendo-lhes do necessário para cuidarem de seus corpos doentes. Além disso, com as orações, com certa frequência obtinha-lhes a cura.

Padre Estanislau escreveu no Templo Místico de Deus: “Em muitos lugares, sobretudo em Roma, há locais para os doentes, aos quais a liberalidade dos misericordiosos provê, em abundância, não só medicamentos, mas tudo de que precisam. Com essa liberalidade abrem uma via segura para o céu”. Depois, o Padre Estanislau relata o que provavelmente constatou com os próprios olhos, quando, nos anos de 1667 e 1668, esteve em Roma. Ali, afirma ele, “podem ser vistos os mais altos prelados da Igreja, mesmo cardeais ‒ os quais não se envergonham de exercer essa humilde obra de misericórdia: Põem-se em fila aos pés dos pobres e dos doentes, aos quais dão tanto alívio, quanto proveito próprio e edificação do povo. Portanto ‒ pergunta o Padre Papczyński  ‒ quem não ousaria fazer o que não se envergonha de fazer a sacra púrpura, isto é um cardeal?”

 

Prover alimento e dar de beber aos necessitados é sinal de grande bondade

Padre Estanislau desejava que os fiéis imitassem as pessoas que se distinguiram no exercício das obras de misericórdia, tais como o papa Clemente IX, que “frequentemente convidava os indigentes para a sua mesa, seguindo assim o costume de outro papa, Gregório Magno”. De fato, Clemente IX, assim afirmam os historiadores, todos os dias recebia à sua mesa doze pobres aos quais servia alimento.

Padre Papczyński  apresenta também o exemplo de mulheres “célebres nesta virtude”, tais como Santa Isabel, Santa Edviges e Santa Cunegunda, que pessoalmente iam ao encontro dos necessitados. Admite que “a dignidade ou os cargos públicos podem impedir o empenhar pessoal e direto, nessa obra de misericórdia”; contudo, afirma, “se alguém o faz per alios, isto é, com a intermediação de outros, não será privado da recompensa”.

Diligentemente o Padre Papczyński procurava aliviar inopias et calamitates, isto é, as indigências e os infortúnios dos pobres, e, por isso, mereceu o apelativo de Pater pauperum ‒ Pai dos pobres – e Pater agentium et orphanorum ‒ Pai dos necessitados e dos órfãos.

Quando, com a morte do Bispo de Poznań, Stefan Wierzbowski, em 1687, foi interrompida a construção de um hospital para manter, com os meios de subsistência de todo o gênero, os idosos pobres, em Góra Kalwaria, ‒ menciona o Padre Kazimierz Wyszyński (sucessor do Padre Estanislau) ‒ o Padre Papczyński, para que essa obra de misericórdia não se perdesse, junto com seus companheiros religiosos, assumiu a continuação desse trabalho e, com as próprias mãos, completou a construção.

Padre Casimiro Krzyzanowski, MIC