Nas quatro semanas que antecedem o Natal vivemos o período do Advento – a espera pelo Menino Deus.
Para nós, cristãos, esse é um tempo de alegre expectativa pelo Salvador que vem ao nosso encontro.

Sobretudo no período do Advento, muitas vezes ouvimos na liturgia a exortação para vigiar, para viver de forma consciente não apenas o tempo de preparação para o Natal, mas também o tempo que antecede a definitiva e gloriosa vinda de Cristo no fim dos tempos. Portanto, vivemos um tempo de um especial significado escatológico, que nos convida a transcorrer cada momento na presença Daquele ‘que é, que era e que vem’ (Ap 1,4). A Ele pertence o futuro do mundo e do homem. Nele se deposita a esperança cristã. Fora desta esperança não encontramos respostas para as questões últimas da nossa existência. Sem essa perspectiva “a nossa existência reduzir-se-ia a vivermos para a morte” (cf. João Paulo II, homilia, 29.11.1998).

Ao longo de toda a história bíblica, muitos profetas apontaram o tempo e as circunstâncias da vinda do Redentor. “Uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ‘Deus Conosco’”, profetizou Isaías (7,14), e Davi, movido pelo Espírito Santo rezou nos Salmos que todos, um dia, irão se prostrar diante do Messias, que se dirige com misericórdia até aos necessitados: “(…) Todos os reis hão de adorá-lo, hão de servi-lo todas as nações, porque ele livrará o infeliz que o invoca, e o miserável que não tem amparo. Ele se apiedará do pobre e do indigente, e salvará a vida dos necessitados. Ele o livrará da injustiça e da opressão, e preciosa será a sua vida ante seus olhos” (Salmo 71).

E o Verbo se fez carne

O bem-aventurado Padre Miguel Sopoćko explica que nada obrigou Deus a nos prometer a Redenção, “Ele o fez unicamente em razão de Sua infinita misericórdia”. Por misericórdia Ele preservou Maria do pecado original, por misericórdia envia até Ela o Arcanjo para anunciar-lhe que “Ela devia ser a Mãe de Misericórdia e Medianeira de toda graça, a fim de derramar essa misericórdia sobre toda a humanidade, sobre todos os seus filhos adotivos” (Sopoćko, Miguel. A misericórdia de Deus em Suas obras. Editora Apostolado da Divina Misericórdia. Curitiba, 2015).

adventoNo sim de Maria cumpre-se o mistério da Encarnação, que é, nas palavras do Padre Sopoćko, a “obra da máxima misericórdia para com os homens”.

O Advento coloca-nos diante do mistério da vinda do Filho de Deus. Nele somos exortados a viver as disposições de expectativa cristã diante “do grandioso desígnio de benevolência com o qual Deus deseja atrair-nos a Si, para nos tornar participantes da plena comunhão de alegria e de paz Consigo (cf. Bento XVI, audiência geral, 5.12.2012). Esse tempo litúrgico motiva-nos a renovar a certeza de que Deus está presente, que Ele está vivo no meio de nós. Ele é o Emanuel, que entrou no mundo assumindo a nossa natureza, fazendo-se um de nós, a fim de levar à plenitude o seu plano de amor. Como uma Criança indefesa, pede-nos que, também nós, nos tornemos um sinal da Sua obra em meio aos que nos circundam. Na contemplação do Menino Jesus são fortalecidas em nós a fé, a esperança e a caridade. Então, permitimos que, através das nossas atitudes e ações cotidianas, sempre de novo Cristo entre no mundo e sempre de novo faça resplandecer a Sua luz na nossa noite.

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Na expectativa, com a Mãe de Deus

O Advento é o tempo litúrgico em que nos preparamos para receber Aquele que é a própria Misericórdia. É tempo de caminharmos com a Mãe de Deus e nossa, de nos colocarmos em oração com Ela para que em nosso coração Nosso Senhor seja de fato acolhido.

adventoSanta Faustina Kowalska, a secretária da Misericórdia, no período do Advento unia-se ainda mais com a Virgem Maria: “Aproxima-se o advento. Desejo preparar o meu coração para a vinda do Senhor pelo silêncio e recolhimento de espírito, unindo-me com a Mãe Santíssima e imitando fielmente a sua virtude da mansidão, pela qual mereceu a predileção aos olhos do próprio Deus. Confio que ao seu lado perseverarei nesse propósito” (Diário, 1398).

Num outro trecho do seu Diário ela relata: “Durante o advento, despertou no meu coração uma grande saudade de Deus. O meu espírito ansiava por Deus com toda a força do meu ser” (Diário, 180).

Possamos nós, como Santa Faustina, viver este tempo do Advento ansiosos por ter Nosso Senhor em nossa casa, em nossas vidas, em nosso coração. Que nossos lares, mais do que de decorações natalinas encantadoras, estejam repletos do amor misericordioso que tem como fonte o próprio Cristo que vem até nós com desígnios de misericórdia.

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