Prefácio à Primeira Edição Polonesa

Ao prefaciar a presente edição do Diário da irmã Faustina Kowalska, tenho plena consciência de estar apresentando um documento de mística católica de extraordinário valor, não apenas para a Igreja na Polônia, mas também para a Igreja toda. Esta é uma edição crítica e fidedigna, realizada pela Postulação [processo informativo] de irmã Faustina, sob a direção da devida província administrativa, a da Arquidiocese de Cracóvia.
O Diário, que tem por objeto a devoção à Misericórdia Divina, assumiu ultimamente valor de grande atualidade, por dois motivos:

  • Em primeiro lugar, a Congregação para a Doutrina da Fé ter finalmente anulado, numa declaração feita há dois anos, as objeções e as reservas apresentadas anteriormente em relação aos escritos de irmã Faustina pela Congregação do Santo Ofício. A anulação da “Notificação” fez com que a devoção à Misericórdia Divina, tal como revelada no Diário, assumisse maior vitalidade em todos os continentes, conforme o comprovam as numerosas declarações recebidas continuamente pela Postulação e pela Congregação a que pertenceu irmã Faustina.
  • Em segundo lugar, a Encíclica do Papa São João Paulo II Dives in Misericordia, recentemente promulgada, concentrou, felizmente, a atenção da Igreja nesse admirável atributo divino e, ao mesmo tempo, extraordinário aspecto da economia da salvação que é justamente a misericórdia divina.

Seria desejável um estudo mais aprofundado com o objetivo de salientar os aspectos comuns entre o Diário da irmã Faustina e a citada Encíclica, não falando já de sua eventual interdependência. Esses aspectos comuns são certamente numerosos, pois são inspirados pela mesma fonte, isto é, a revelação divina e a doutrina de Cristo. Além disso, procedem do mesmo ambiente espiritual, de Cracóvia, a única cidade, do meu conhecimento, que possui a igreja mais antiga dedicada à veneração da Misericórdia Divina. Convém frisar ainda que foi o próprio Cardeal Karol Wojtyła, então Arcebispo de Cracóvia, que tomou as providências para a abertura do processo de beatificação da irmã Faustina Kowalska, e o iniciou.À luz desses fatos, o Diário da irmã Faustina assumiu extraordinário significado para a espiritualidade católica e, por isso, foi necessário preparar uma edição fidedigna, para evitar a deformação do texto por pessoas que talvez ajam de boa fé, mas que não estão suficientemente preparadas para isso. Dessa maneira se evitarão edições diversificadas, ou até contendo contradições, como ocorreu com o diário espiritual de Santa Teresa do Menino Jesus, a História de uma alma.Fazendo um exame superficial do Diário, o leitor poderá ficar chocado com a simplicidade linguística, ou até com erros ortográficos e estilísticos; mas não deve esquecer que a autora do Diário tinha apenas a instrução equivalente à escola primária, e ainda incompleta. Já a própria doutrina teológica contida no Diário desperta no leitor a convicção do seu caráter extraordinário. E quando se leva em consideração o contraste existente entre a instrução da irmã Faustina e a sublimidade de seu ensinamento teológico, só esse contraste já demonstra uma especial influência da graça divina.
Desejo relatar aqui o meu encontro com uma bem conhecida alma mística dos nossos tempos, irmã Speranza, que em Collevalenza, perto de Todi, fundou o Santuário do “Amor Misericordioso”, que se transformou num centro de numerosas romarias. Perguntei à irmã Speranza se ela conhecia os escritos da irmã Faustina e o que deles pensava. Respondeu-me ela com simplicidade: “Os escritos contêm um maravilhoso ensinamento, mas, lendo-os, convém não esquecer que Deus fala aos filósofos com a língua dos filósofos, e às almas simples com a língua dos simples, e apenas a estas revela as verdades que são ocultas aos sábios e prudentes deste mundo”.
Para finalizar este prefácio, seja-me permitido relatar mais uma recordação pessoal do ano de 1952, quando pela primeira vez tomei parte numa solene beatificação na basílica de São Pedro. Após as solenidades perguntaram-me certas pessoas que também nela tomaram parte: quem foi propriamente esse bem-aventurado ou bem-aventurada? Essa pergunta deixou-me muito perturbado, pois naquele momento nem me lembrava bem de quem eles eram, embora estivesse consciente de que o significado apropriado da beatificação é a apresentação ao Povo de Deus de um modelo para contemplar e imitar na vida. Ora, entre os candidatos à beatificação e aos altares, a Polônia possui atualmente duas pessoas que todos conhecem e sabem quem foram, o que realizaram na vida e que legado deixaram para nós. Trata-se do bem-aventurado Maximiliano Kolbe, mártir do amor, e da irmã Faustina Kowalska, apóstola da Misericórdia Divina.
Roma, 20 de dezembro de 1980

† Andrzej M. Deskur
Arcebispo Titular de Tene

Prefácio à Terceira Edição Polonesa

O ensejo de editar o Diário da irmã Faustina pela terceira vez vem justificar este novo prefácio. 

As questões essenciais já foram apresentadas no prefácio da primeira edição, destacando-se o caráter excepcional da missão da Serva de Deus que a distingue entre os numerosos santos e bem-aventurados poloneses, e também entre os candidatos à honra dos altares. Ela pertence hoje ao grupo de poloneses mais conhecidos no mundo. O Santo Padre João Paulo II, durante as suas viagens apostólicas, reencontra nas igrejas e casas que visita a Imagem de Jesus Misericordioso e também se defronta com a pergunta quando é que a irmã Faustina será beatificada. Não é difícil estabelecer uma ponte entre a Encíclica Dives in Misericordia e o Diário da Apóstola da Misericórdia Divina. A verdade sobre o amor misericordioso, mais forte do que todo o mal, perpassa o ensinamento e a atividade de São João Paulo II. 

Desde o ano de 1980, quando redigi o prefácio à primeira edição, o processo de beatificação da irmã Faustina tem avançado bastante, concentrando-se, sobretudo, no exame dos seus escritos. Realizou esse trabalho, com especial competência e precisão, o falecido Padre Professor Ignacy Różycki, membro da Comissão Teológica Internacional.

O culto à Misericórdia Divina, nas formas apresentadas pela irmã Faustina, divulgou-se por muitos países e chegou a todos os continentes. Sem exagero pode-se afirmar que a mensagem da irmã Faustina é bem conhecida e contribui para a formação da piedade dos fiéis. 

Esse culto à Misericórdia de Deus, com toda autoridade é reconhecido como “remédio” contra as doenças morais do nosso século, difunde-se até mesmo no Extremo Oriente, onde inclusive se chegaram a construir determinados relógios onde as três horas da tarde são assinaladas de modo especial para marcar “a grande Hora da Misericórdia”, recordando assim, aos fiéis, aquela hora da morte de Cristo na Cruz. Bem desejaria que esta terceira edição do Diário pudesse chegar até cada família e comunidade paroquial na Polônia, para que todos conhecessem a Misericórdia de Deus antes do tempo do Juízo, que virá de súbito “como um ladrão” (sicut fur), tal como inesperadamente aconteceu o Dilúvio. 

 

Vaticano, 5 de outubro de 1991 

 

† Andrzej Maria Deskur, Card

Pres. Emérito do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais

Introdução

Santa Faustina Kowalska, conhecida em todo o mundo como a apóstola da Misericórdia de Deus, é considerada pelos teólogos como integrante de um grupo de notáveis místicos da Igreja.

Nasceu na Polônia, em Głogowiec, como a terceira de dez filhos, numa pobre, mas piedosa família de aldeões. No batismo, na igreja paroquial de Świnice Warckie, recebeu o nome de Helena. Desde a infância distinguiu-se pela piedade, amor à oração, diligência e obediência, e ainda por uma grande sensibilidade às misérias humanas. Tendo frequentado a escola até a terceira série incompleta, aos dezesseis anos deixou a casa paterna para trabalhar como empregada doméstica em Aleksandrów e Łodź, a fim de angariar meios de subsistência própria e de ajudar os pais. Já desde os sete anos de idade (dois anos antes da primeira Comunhão) sentiu vivamente o chamado do Senhor. Quando mais tarde manifestou o desejo de entrar na vida religiosa, os seus pais não lhe deram permissão. Nessa situação, Helena procurou sufocar em si este chamado de Deus, mas impelida pela visão de Cristo sofredor e pelas Suas palavras de repreensão: “Até quando hei de ter paciência contigo e até quando tu Me decepcionará?” (Diário, 9) — tomou a decisão de entrar num Convento. Bateu a muitas portas de casas religiosas, todavia em nenhuma delas foi admitida. Por fim, no dia 1º de agosto de 1925, transpôs o limiar da clausura no convento da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia, na rua Zytnia, em Varsóvia. No seu Diário confessou: “Sentia-me imensamente feliz, parecia que havia entrado na vida do paraíso. O meu coração só era capaz de uma contínua oração de ação de graças” (D. 17).

Entretanto, após algumas semanas sentiu uma forte tentação de mudar de congregação, para onde houvesse mais tempo dedicado à oração. Nessa altura, Nosso Senhor, mostrando-lhe a Sua face dolorosa e chagada, disse… “Tu Me infligirás tamanha dor, se saíres desta congregação! Chamei-te para este e não para outro lugar e preparei muitas graças para ti” (D. 19).

Na congregação recebeu o nome de irmã Maria Faustina. O noviciado realizou-se em Cracóvia e foi lá que, diante do bispo Stanislaw Rospond, fez tanto os primeiros votos religiosos como, passados cinco anos, os votos perpétuos: de castidade, pobreza e obediência. Trabalhou em diversas casas da congregação, porém esteve mais tempo em Cracóvia, Płock e Vilnius, exercendo funções de cozinheira (entre outras), e até de porteira.

No exterior não deixava transparecer a sua vida mística, excepcionalmente rica. Cumpria assiduamente as suas funções, guardando com zelo a regra religiosa, era recolhida e silenciosa, embora ao mesmo tempo espontânea, serena, plena de cordialidade e de desinteressada caridade para com o próximo. Toda a sua vida se concentrava numa efetiva aspiração a uma união cada vez mais plena com Deus e à colaboração generosa com Jesus na obra da salvação das almas. “Ó meu Jesus — confessou no Diário — Vós sabeis que desde os meus mais tenros anos eu desejava tornar-me uma grande santa, isto é, desejava amar-Vos com um amor tão grande com o qual, até então, nenhuma alma Vos tivesse amado” (D. 1372).

O Diário revela toda a profundidade da sua vida espiritual. Uma atenta leitura dos seus escritos proporciona uma imagem do alto grau de união da sua alma com Deus: grandes dons lhe foram dados por Deus e ela se esforçou e lutou continuamente sobre a via da perfeição cristã. Nosso Senhor concedeu-lhe grandes graças: o dom da contemplação, o profundo conhecimento do mistério da Misericórdia Divina, as visões, as aspirações, os estigmas ocultos, o dom da profecia, de discernimento, e também o dom, só raramente concedido, dos esponsais místicos. Extraordinariamente dotada, escreveu: “Nem graças, nem aparições, nem êxtases, ou qualquer outro dom que lhe seja concedido torna a alma perfeita, mas sim a união íntima com Deus. […] A minha santidade e perfeição consistem em uma estreita união da minha vontade com a vontade de Deus” (D. 1107).

O austero regime de vida e os esgotantes jejuns que ela própria se impôs, ainda antes da entrada para a congregação, de tal maneira enfraqueceram o seu organismo que, já no tempo de postulante, foi necessário mandá-la para a casa de Skolimóv, perto de Varsóvia, a fim de melhorar a sua condição de saúde. Depois do primeiro ano de noviciado vieram as dolorosas experiências místicas da assim chamada “noite escura”, e ainda os sofrimentos espirituais e morais ligados com a realização da missão que lhe era confiada por Nosso Senhor.

Irmã Faustina oferece a sua vida pelos pecadores e por tal motivo passa por diversos sofrimentos, socorrendo assim as almas. Nos últimos anos de vida aumentaram os tormentos interiores da dita “noite passiva” do espírito e os padecimentos do organismo: manifestou-se a tuberculose, que lhe atacou os pulmões e o aparelho digestivo. Por causa disso esteve por duas vezes, durante alguns meses, internada no hospital de Prądnik, em Cracóvia. Fisicamente esgotada até ao limite, embora plenamente madura em seu espírito, misticamente unida a Deus, acabou por falecer em fama de santidade a 5 de outubro de 1938, contando apenas 33 anos de vida e 13 de profissão religiosa. O seu corpo foi depositado num jazigo do cemitério do convento em Cracóvia-Łagiewniki e, durante o processo informativo da beatificação em 1966, transladado para a capela do convento. Antes da beatificação, ocorrida em 18 de abril de 1993, as suas relíquias foram colocadas em um altar lateral do Santuário da Divina Misericórdia em Cracóvia-Łagiewniki, sob a Imagem de Jesus Misericordioso.

Àquela simples religiosa, sem instrução, mas valorosa e de uma confiança sem limites em Deus, Jesus Cristo confiou a grande missão: a Mensagem da Misericórdia dirigida ao mundo inteiro. “Hoje estou enviando-te — disse — a toda a humanidade com a Minha misericórdia. Não quero castigar a sofrida humanidade, mas desejo curá-la estreitando-a ao Meu misericordioso Coração” (D. 1588). “És a secretária da Minha misericórdia. Eu te escolhi para essa função nesta e na outra vida” (D. 1605); “[…] é teu dever e tua missão em toda a tua vida dar a conhecer às almas a grande misericórdia que tenho para com elas e animá-las à confiança no abismo da Minha misericórdia” (D. 1567).

A missão da irmã Faustina consiste na recordação de uma verdade de fé, desde há séculos conhecida, embora bastante esquecida: o amor misericordioso de Deus para com o homem, e a transmissão de novas formas do culto à Misericórdia Divina, cuja prática haverá de conduzir à renovação da vida cristã em espírito de confiança e misericórdia.

O Diário da irmã Faustina, escrito durante os últimos quatro anos da sua vida, por expressa ordem de Nosso Senhor, tem a forma de um memorial em que a autora vai anotando, sequencialmente e retrospectivamente, sobretudo as “aproximações” e contatos da sua alma com Deus. Para extrair dessas anotações aquilo que constitui o essencial da sua missão seria necessário uma abordagem científica, a qual foi realizada pelo conhecido teólogo Prof. Pe. Inácio Różycki. A súmula desse trabalho encontra-se na conferência: “Misericórdia de Deus: Características essenciais da devoção à Misericórdia Divina”. À luz dessa investigação todas as demais anteriores publicações sobre a devoção à Misericórdia Divina, referentes à irmã Faustina, apenas ficam contendo alguns elementos parcelares, por vezes detendo-se até em pormenores não centrais como, por exemplo, a Ladainha ou a Novena. O Prof. Różycki sublinha isto mesmo: “Antes de conhecermos as formas concretas da devoção à Misericórdia Divina, prestemos atenção ao fato de, entre elas, não haver Novenas ou Ladainhas privilegiadas”.

O critério de distinção de umas ou de outras orações, ou práticas religiosas, como as novas formas do culto à Misericórdia Divina, está determinado e ligado a promessas que Nosso Senhor declarou cumprir sob a condição da confiança na bondade de Deus e da misericórdia para com o próximo. O padre Różycki menciona cinco modos de devoção à Misericórdia Divina.

Exemplo da Perfeição Cristã. Na base da sua espiritualidade encontra-se o mais belo mistério da nossa fé, que respeita o amor misericordioso de Deus por cada homem. A irmã Faustina — seguindo a regra das constituições religiosas — considerava muitas vezes o que Deus fez para o homem no momento da sua criação, quando o Seu Filho sofreu por nossa Redenção, quão grandes tesouros nos deixou na santa Igreja e o que nos preparou na Glória. O eco dessas considerações constitui os textos no seu Diário que aludem à bondade de Deus na criação do mundo (D. 1749), dos anjos (D. 1741 – 1742) e dos homens (D. 1743 – 1744), no mistério da Encarnação e Nascimento do Filho de Deus (D. 1745 – 1746) e na obra da Redenção (D. 1747 – 1748). A irmã Faustina meditava o mistério da Misericórdia Divina, não só a partir dos textos da Sagrada Escritura, mas também lendo no livro da sua própria vida. Tal consideração do mistério da Misericórdia Divina levou-a a concluir não haver na vida humana nem sequer um instante sem que esteja presente a Divina Misericórdia, que é como um fio de ouro entrelaçado em todos os momentos da nossa existência.

Foi, aliás, o conhecimento deste mistério da nossa fé que a conduziu à descoberta de Deus na sua alma. “O interior da minha alma — escreveu ela — é como um mundo vasto e magnífico onde Deus habita comigo. Além de Deus, ninguém tem acesso a ele” (D. 582). Comparava a sua alma ao Tabernáculo no qual se guarda a Hóstia viva. “Não busco a felicidade fora do meu interior, no qual Deus habita. Alegro-me com Deus no meu próprio interior, onde permaneço com Ele continuamente; onde está o meu convívio mais íntimo com Ele; onde permaneço com Ele em segurança; onde não me atinge o olhar humano. E a Virgem Santíssima me estimula a uma tal convivência com Deus.” (D. 454). A contemplação da in-habitação divina era mantida pela prática cotidiana e contínua de união com Jesus, fosse por intermédio de uma breve oração, ou para Lhe fazer oferecimento do que vivia naquele determinado momento (trabalho, sofrimento ou alegria).

Esse conhecimento do mistério da Misericórdia Divina despertou e desenvolveu nela uma confiança em Deus e também o desejo de imprimir esse atributo divino em seu próprio coração e em sua ação, na misericórdia para com o próximo. Com efeito, ao dirigir diretamente a sua vida interior, Nosso Senhor exigiu dela uma tal atitude para com Deus e para com os homens. “Minha filha, — disse — se por teu intermédio peço aos homens devoção à Minha misericórdia, deves ser a primeira a distinguir-te pela tua confiança nela. Exijo de ti atos de misericórdia que devem decorrer do amor para Comigo. Deves mostrar-te misericordiosa com os outros sempre e em qualquer lugar. Tu não podes te omitir, desculpar-te ou justificar-te” (D.742).

A confiança de Santa Faustina não significa uma afetação de piedade, nem uma mera aceitação intelectual das verdades da fé, mas uma atitude de vida plena, como a de quem se compromete no cumprimento da vontade divina inserta nos mandamentos, deveres de estado ou reconhecidas nas inspirações do Espírito Santo. Aquele que conhece o mistério da Misericórdia Divina bem sabe que a Sua vontade tem como exclusivo fim o bem do homem na perspectiva da eternidade, pelo que aceita essa vontade e a põe em prática com confiança. “Há uma palavra a que eu dou especial atenção — escreveu Ir. Faustina no Diário — e que continuamente pondero; essa única palavra é tudo para mim, com ela vivo e com ela morro — é a santa vontade de Deus. Ela é meu alimento cotidiano. Toda a minha alma está concentrada nos desejos de Deus e faço sempre o que Deus exige de mim, embora, muitas vezes, a minha natureza possa tremer e sentir que a Sua grandeza ultrapassa as minhas forças” (D. 652).

A confiança na espiritualidade de Santa Faustina define a sua relação com Deus; é, porém, a palavra misericórdia que caracteriza a sua atitude para com o próximo. Mas a fonte, o modelo e o motivo para a humana misericórdia é a Misericórdia de Deus. Por isso, por princípio difere da mera beneficência natural ou dos diversos modos de justificada filantropia. A irmã Faustina observou a beleza e a grandeza da misericórdia cristã como participação na própria Misericórdia de Deus, nisso mesmo desejando distinguir-se. “Ó meu Jesus, — rezava — cada um de Vossos santos reflete em si uma das Vossas virtudes; eu desejo refletir o Vosso Coração compassivo e cheio de misericórdia, quero glorificá-Lo. Que a Vossa misericórdia, Jesus, fique gravada no meu coração e na minha alma como um selo, e isso será o meu sinal distintivo nesta e na outra vida” (D. 1242).

A espiritualidade de Santa Faustina caracteriza-se ainda pelo amor à Igreja como Mãe e Corpo Místico de Cristo, pelo carisma de aproximação ao mistério da Misericórdia Divina pela ação, palavra e oração, de modo especial junto das almas em risco de se perderem, e pela predileção em relação à Eucaristia e sincera devoção a Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia.

Na escola da espiritualidade de Santa Faustina pode, pois, ser conhecido o mistério da Misericórdia Divina, aprendendo a contemplá-Lo no cotidiano e a experimentar em si mesmo a atitude de confiança em Deus e de misericórdia para com o próximo, vivendo o encontro com Jesus na Eucaristia e com Nossa Senhora. Assim, trata-se não só de uma espiritualidade profundamente evangélica, mas, ao mesmo tempo, simples e possível de se aplicar a cada vocação e ambiente, sendo por isso que a muitos atrai.

Formas de Culto à Divina Misericórdia

A Imagem de Jesus Misericordioso

No dia 22 de fevereiro de 1931, na cela do convento em Płock, irmã Faustina teve uma visão na qual o próprio Jesus se apresentou tal como a Imagem deveria ser pintada. “À noite, quando me encontrava na minha cela — escreve no Diário — vi Nosso Senhor vestido de branco. Uma das mãos erguida para abençoar, e a outra tocava-Lhe a túnica, sobre o peito. Da túnica entreaberta sobre o peito saíam dois grandes raios, um vermelho e o outro pálido. […] Logo depois, Jesus me disse: Pinta uma Imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós” (D. 47). Quero que essa Imagem […] seja abençoada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (D. 49).

O conteúdo desta Imagem está, pois, estreitamente ligado à liturgia desse domingo. A Igreja lê nesse dia o Evangelho segundo São João da aparição de Jesus Ressuscitado no Cenáculo e da instituição do sacramento da Reconciliação (Jo 20, 19-29). A Imagem representa, então, Jesus Ressuscitado que traz aos homens a paz pela remissão dos pecados, pelo preço da Sua Paixão e morte na Cruz. Os raios do Sangue e da Água que brotam do Coração, transpassado por uma lança, e as cicatrizes das Chagas da crucifixão relembram os acontecimentos da Sexta-Feira Santa (Jo 19, 17-18; 33-37). A Imagem de Jesus Misericordioso une, então, estes dois acontecimentos evangélicos que mais plenamente falam sobre o amor de Deus para com o homem.

Na Imagem de Cristo são visíveis os dois raios. Irmã Faustina pergunta a Jesus sobre o significado desses raios, e Jesus lhe explica: “o raio pálido significa a Água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas. […] Feliz aquele que viver à sua sombra” (D. 299). A alma é purificada pelo sacramento do batismo e da reconciliação, enquanto a Eucaristia alimenta-a abundantemente. Os dois raios significam os sacramentos e todas as graças do Espírito Santo, cujo símbolo bíblico é a água, e também a Nova Aliança de Deus com o homem, feita no Sangue de Cristo.

A Imagem de Jesus Misericordioso é frequentemente designada como Imagem da Misericórdia Divina, o que é justo, pois é no mistério Pascal de Cristo que mais claramente se revelou o amor de Deus para com o homem. Essa Imagem não só apresenta a Misericórdia Divina, mas constitui também um sinal para relembrar o dever cristão da confiança em Deus e de um ativo amor para com o próximo. Na legenda — por vontade de Cristo — são colocadas as palavras: “Jesus, eu confio em Vós”. “Por meio desta Imagem — disse também Nosso Senhor — concederei muitas graças às almas. Ela deve lembrar as exigências da Minha misericórdia, porque mesmo a fé mais forte de nada serve sem as obras” (D. 742). Jesus fez grandes promessas para aquele que venera esta Imagem de Jesus Misericordioso: a salvação eterna, grandes progressos no caminho da perfeição cristã, a graça de uma morte feliz e ainda outras graças que os homens Lhe suplicarem com confiança. “Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas; que toda alma tenha, por isso, acesso a ela” (D. 570).

 

Festa da Misericórdia

Ocupa um lugar privilegiado entre todas as formas da devoção à Misericórdia Divina reveladas à irmã Faustina. Pela primeira vez Nosso Senhor falou sobre a instituição desta Festa em 1931, em Płock, quando manifestou a Sua vontade de que fosse pintada a Imagem: “Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás com o pincel, seja abençoada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (D. 49).

A escolha do primeiro domingo depois da Páscoa para a Festa da Misericórdia tem o seu profundo sentido teológico ao mostrar a estreita união que existe entre o mistério Pascal da Redenção e o mistério da Misericórdia Divina. Essa união está ainda sublinhada pela Novena à Divina Misericórdia, que precede a Festa e inicia na Sexta-Feira Santa e durante a qual se recita o Terço da Misericórdia nas intenções indicadas por Jesus.

A Festa não é somente um dia de particular adoração a Deus no mistério da misericórdia, mas é também um tempo de graça para todos os homens. “Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores” (D. 699). “As almas se perdem, apesar da Minha amarga Paixão. Estou lhes dando a última tábua de salvação, isto é, a Festa da Minha misericórdia. Se não venerarem a Minha misericórdia, perecerão por toda a eternidade” (D. 965).

A grandeza dessa Festa só pode ser avaliada pelas extraordinárias promessas que Nosso Senhor a ela atribuiu: “[…] alcançará o perdão total das culpas e das penas aquele que, nesse dia, se aproximar da Fonte da Vida” (D. 300). “Neste dia estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. […] Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam como o escarlate” (D. 699).

Para tirar proveito desses grandes dons é preciso cumprir as condições da devoção à Misericórdia Divina: confiança na bondade de Deus, o amor ativo para com o próximo e encontrar-se em estado de graça santificante (após a confissão) dignamente recebendo a sagrada Comunhão. “Nenhuma alma terá justificação — esclareceu Nosso Senhor — enquanto não se dirigir com confiança à Minha misericórdia. […] Nesse dia, os sacerdotes devem falar às almas desta Minha grande e insondável misericórdia” (D. 570).

 

Terço da Misericórdia Divina

Nosso Senhor ditou este Terço à irmã Faustina em Vilnius, em 13-14 de setembro de 1935, como oração de súplica e para aplacar a ira de Deus (cf. D. 474-476). Os que rezam este Terço oferecem ao eterno Pai o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade de Jesus Cristo em expiação pelos próprios pecados, dos seus entes queridos e os de todo o mundo e, unindo-se com o sacrifício de Jesus, recorrem àquele amor que o Pai Celestial tem para com o Seu Filho, e Nele para com todos os homens.

Nesta oração pedem também a “misericórdia para nós e para o mundo inteiro” e, deste modo, cumprem a obra da misericórdia. Acrescentando ainda a atitude da confiança e cumprindo as condições de toda boa oração (a humildade, a perseverança e a intenção de acordo com a vontade de Deus), os fiéis podem esperar o cumprimento das promessas de Cristo que, de modo especial, dizem respeito à hora da morte: a graça da conversão e morte feliz. Receberão esta graça, não só as pessoas que rezam este Terço, mas também os agonizantes diante de quem outros rezem essa fórmula. “Quando recitam esse Terço junto a um agonizante — disse Jesus — aplaca-se a ira de Deus, a misericórdia insondável envolve a alma” (D. 811). A promessa geral diz: “Pela recitação desse Terço agrada-Me dar tudo o que Me pedem (D. 1541), se […] estiver de acordo com a Minha vontade” (D. 1731). Tudo, pois, o que não está de acordo com a vontade de Deus não é, de nenhum modo, bom para o homem e especialmente no que diz respeito à sua felicidade eterna. “[…] pela recitação desse Terço — disse em outro lugar Nosso Senhor — aproximas a humanidade de Mim” (D. 929). “As almas que rezarem este Terço serão envolvidas pela Minha misericórdia, durante a sua vida, e de modo particular, na hora da morte” (D. 754). 

 

Hora da Misericórdia

Em outubro de 1937, em Cracóvia, em circunstâncias não especificadas pela irmã Faustina, Nosso Senhor mandou venerar a hora da Sua morte: “Todas as vezes que ouvires o relógio bater três horas da tarde, deves mergulhar toda na Minha misericórdia, adorando-a e glorificando-a. Implora a onipotência dela em favor do mundo inteiro e especialmente dos pobres pecadores, porque nesse momento [a misericórdia] foi largamente aberta para toda a alma” (D. 1572).

Nosso Senhor também mencionou de maneira precisa os meios próprios de oração para essa forma de culto à Misericórdia Divina: “Minha filha — disse Nosso Senhor — procura rezar, nessa hora, a via-sacra, na medida em que te permitirem os teus deveres, e, se não puderes fazer a via-sacra, entra, ao menos por um momento, na capela e adora o Meu Coração, que está cheio de misericórdia no Santíssimo Sacramento. Se não puderes ir à capela, recolhe-te em oração onde estiveres, ainda que seja por um breve momento” (D. 1572). 

O teólogo padre Różycki indica as condições para que a oração dirigida nessa hora seja escutada: a prece deve ser dirigida a Jesus Cristo e recitada às três horas da tarde, deve recorrer ao valor e aos méritos da Paixão de Cristo. “Nessa hora — prometeu Nosso Senhor — conseguirás tudo para ti e para os outros. Nessa hora realizou-se a graça para o mundo inteiro: a misericórdia venceu a justiça” (D. 1572).

 

A divulgação do culto à Misericórdia

Segundo o teólogo prof. Różycki, a promessa de Jesus se refere também à divulgação do culto à Divina Misericórdia: “As almas que divulgam o culto à Minha misericórdia, Eu as defendo por toda a vida como uma terna mãe defende o seu filhinho e na hora da morte não serei para elas Juiz, mas Salvador misericordioso” (D. 1075).

A essência do culto à Misericórdia de Deus consiste numa atitude de confiança cristã em Deus e de um amor ativo para com o próximo. Nosso Senhor disse: “Desejo a confiança das Minhas criaturas” (D. 1059). Jesus pede ainda obras de misericórdia: ações, palavras e oração. “Deves mostrar-te misericordiosa com os outros, sempre e em qualquer lugar. Tu não podes te omitir, desculpar-te ou justificar-te” (D. 742). Jesus deseja que os Seus devotos cumpram em cada dia pelo menos um ato de amor para com o próximo. A divulgação do culto à Misericórdia Divina não exige necessariamente muitas palavras, mas sempre uma atitude cristã de fé, de confiança em Deus, tornando as pessoas cada vez mais misericordiosas. O exemplo deste apostolado foi-nos dado pela irmã Faustina durante toda a sua vida. O culto à Misericórdia Divina conduz à renovação da vida religiosa na Igreja em espírito de confiança e de misericórdia cristã.

É neste contexto que se deve interpretar a ideia da “nova congregação” que encontramos nas páginas do Diário. Esse pensamento teve uma certa evolução: de uma congregação contemplativa, torna-se um movimento formado seja de congregação de vida ativa, seja de leigos. Essa vasta comunidade humana, que ultrapassa as nações, constitui uma família unida por Deus no mistério da Sua misericórdia, no desejo de refletir aquele divino atributo no coração e também na atividade de cada um e para Sua glória em todas as almas. Há assim uma grande comunidade que, de diversas maneiras, dependendo do seu estado e da sua vocação (sacerdotal, religiosa, laical), tem o ideal da confiança e da misericórdia e, com o seu testemunho e a sua palavra, proclama o inconcebível mistério da Misericórdia Divina, implorando-a para o mundo. A missão da irmã Faustina encontra a sua profunda justificação na Sagrada Escritura e nos documentos da Igreja, sendo notável o modo como está em concordância com a Encíclica de São João Paulo II, Dives in Misericordia — “Deus rico em misericórdia”.

 

Os critérios da Terceira Edição do Diário da Irmã Faustina

A primeira edição crítica do Diário da irmã Faustina apareceu em 1981 com a colaboração da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia, nas edições dos Padres Marianos da Província de Santo Estanislau Kostka. Contém seis cadernos do manuscrito do Diário da irmã Faustina e um outro intitulado: “A Minha preparação para a santa Comunhão”. Essa edição teve prefácio do Arcebispo André M. Deskur; uma extensa introdução do Pe. Jorge Mrówczynki, sobretudo referente à obra; uma tábua cronológica da vida da irmã Faustina; notas explicativas do texto do Diário e índices onomástico, toponímico e temático-analítico.

A segunda edição foi preparada pela Editora do Apostolado da Oração em 1987. Nessa edição, que tem caráter popular, evitaram-se parcialmente os sinais de parênteses, que indicavam letras omissas no manuscrito, completando-se as abreviaturas e modificando-se também as notas, o índice e a tábua cronológica.

A terceira edição do Diário aparece nas Edições dos Padres Marianos da Província polonesa, com a colaboração das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia. Basicamente, essa versão segue a segunda. Nessa última edição o novo prefácio foi escrito pelo Cardeal Andrzej Deskur e a introdução, do Pe. J. Mrówczynki, foi substituída pelo presente texto. Parece, pois, justificar-se esta reedição pelo fato de poder aproximar mais ainda os leitores da própria pessoa-autora do Diário e da sua missão, facilitando assim a sua leitura. Além disso, foram também corrigidos alguns erros de linguagem e atualizadas as notas.

 

Seja tudo para a maior glória da Misericórdia de Deus!

 

 

Irmã M. Elżbieta Siepak, CNSM

Nota Sobre os Critérios de Edição Brasileira

O Diário da Santa Faustina Kowalska traz o registro de suas experiências místicas e de sua especial comunhão com Deus, por ela escrito em polonês, já traduzido em vários idiomas.

Os Padres Marianos da Imaculada Conceição (MIC), convencidos da importância do Diário, fazem dele um instrumento para a divulgação, ao redor do mundo, da misericórdia divina, particularmente como foi proclamada por Santa Faustina.

No Brasil este trabalho é realizado pelo Apostolado da Divina Misericórdia, da Congregação dos Padres Marianos, que em 1982 publicou pela primeira vez o Diário, traduzindo literalmente o texto oficial da 1ª edição polonesa. Para que o resultado desta transcrição mantivesse a simplicidade do original e não tomasse forma e nem estilo pessoal, foi feito um grande esforço para não se alterar em nada o sentido, nem teológico nem espiritual, das expressões utilizadas por Santa Faustina.

Este mesmo texto foi utilizado em várias outras publicações, livretos de devoção popular, panfletos, e outras obras que se referenciavam a passagens do Diário da Santa Faustina.

Em 1995, por ocasião da assinatura do contrato que cedia aos padres Marianos os direitos reservados sobre o Diário no Brasil, foi feita uma grande revisão em toda a obra, novamente buscando a fidelidade ao texto original — então, com base na 3ª edição polonesa, corrigindo eventuais erros de linguagem.

Em 2012, por ocasião dos 30 anos da primeira publicação do Diário de Santa Faustina no Brasil, foi realizada uma nova revisão, desta vez comparativa não só com o texto da edição polonesa (2005), mas, ao mesmo tempo, com as traduções italiana (2004), portuguesa (Portugal, 2003), americana (2008) e castelhana (2001), a fim de se certificar da fidelidade com o conteúdo dos manuscritos da autora em trechos considerados confusos, e aproximar ainda mais do seu estilo habitualmente simples e da sua força de expressão, garantindo que a sua experiência mística seja comunicada em toda a sua pureza.

Para além da índole da língua polaca, o modo redacional da Santa Faustina impõe cuidados — acrescidos na transposição para a língua portuguesa. Houve a necessidade, por vezes, de encontrar outras valências idiomáticas, maior variedade lexical e modos sintáticos mais flexíveis. A fim de permitir maior fluidez na leitura do texto, foram suprimidos apontamentos — aqueles irrelevantes na tradução — em relação a anomalias linguísticas do original polaco e, ainda, feito a abertura de novos parágrafos em trechos muito longos. Seguindo certas convenções técnicas, regularizou-se o emprego de maiúsculas e minúsculas. As notas de fim foram novamente revisadas, adicionados certos esclarecimentos onde necessário e suprimidos comentários que não eram pertinentes, ou pouco informavam. Foram adicionadas novas notas, acrescidas à edição polonesa revista em data ulterior à 3ª edição e, ainda outras, consideradas importantes, que constam nas edições italiana e portuguesa. Por fim, acompanhando todo esse processo, foram corrigidos erros em tempos verbais, formações gramaticais, pontuação, acentuação, dentre outros, segundo os novos critérios ortográficos.

Permanecem algumas convenções anteriormente estabelecidas:

  • em negrito, as expressões atribuídas como palavras de Jesus, de acordo com o critério da 1ª edição polonesa e de outras traduções;
  • em itálico, as expressões atribuídas como palavras de Nossa Senhora;
  • além dos parênteses ( ) utilizados no próprio texto e pela autora, mantiveram-se entre colchetes [ ] complementos à edição polonesa para preencher lacunas ou completar expressões que faltavam, sempre que relevantes;
  • os números de páginas dos cadernos da Santa Faustina se encontram entre parênteses (nn);

Assumimos com humildade as deficiências que venham a ser notadas nesta versão. Todo este trabalho foi permeado pelo objetivo de proporcionar — a todos — o acesso a esta obra. Aliás, foi a partir do encontro espiritual com os escritos da Secretária da Misericórdia que ousamos aceitar este trabalho, confiantes no auxílio misericordioso de Deus, na intercessão da Mãe da Misericórdia, de São João Paulo II, da própria Santa Faustina e do seu confessor, o beato Pe. Miguel Sopoćko.

Testemunhamos gratidão e também empenho para que o leitor possa mergulhar na própria essência da mensagem contida nos escritos de Santa Faustina: a profunda e incontestável confiança na Misericórdia Divina.

Quem pode medir a extensão da bondade de Nosso Senhor? São mesmo estas as palavras que Ele dirige a cada um de nós através deste Diário: “[…]Por ti desci do céu à terra, por ti permiti que Me pregassem na Cruz, por ti permiti que fosse aberto pela lança o Meu Sacratíssimo Coração e, assim, abri para ti uma Fonte de Misericórdia. Vem haurir graças dessa fonte com o vaso da confiança. Nunca rejeito um coração humilhado” (D. 1485). A falta da nossa confiança é aquilo que mais O fere (D. 50). Através dos escritos da Santa Faustina descobrimos que o próprio Senhor nos oferece esse recipiente com o qual podemos ir buscar as graças na Fonte da Misericórdia. E o recipiente é a Imagem com a inscrição: “Jesus, eu confio em Vós”.