Na meditação do 13º dia do retiro 15 dias de oração com Santa Faustina, refletimos que a humanização das sociedades começa pela humanização de cada pessoa. Cada gesto, os pensamentos, a oração, as palavras, tudo tem que começar marcado pelo selo da misericórdia do Senhor.

Nossas meditações são apoiadas nos escritos do Diário de Faustina Kowalska.

Que Deus abençoe você que está rezando conosco e buscando um aprofundamento na espiritualidade da misericórdia.

 

Trecho do Diário

“Sinto uma grande dor quando olho para os sofrimentos do próximo. Refletem-se no meu coração todos os sofrimentos do próximo; levo suas aflições no   meu coração, de tal forma que até fisicamente isso me deixa aniquilada. Desejaria que todas as dores recaíssem sobre mim, para aliviar o próximo.” (Diário, 1039)

“Ó meu Jesus, ensinai-me a abrir o âmago da misericórdia e do amor a todos que me pedirem. Jesus, meu guia, ensinai-me para que todas as minhas orações e minhas ações tenham impresso em si o selo da Vossa misericórdia.” (Diário, 755)

O que aprendemos com Santa Faustina

Para Faustina, a civilização futura deverá ter como base a misericórdia. No entanto, esta humanização das sociedades começa pela humanização de cada pessoa. Cada gesto, os pensamentos, a oração, as palavras, tudo deveria estar marcado pelo selo da misericórdia do Senhor.

Quando deixamos, o Seu olhar suscita a nossa capacidade de abrir as entranhas de nossa misericórdia. Abrir entranhas é partilhar a riqueza da misericórdia, é dar com o coração, até sofrer os rigores da pobreza que essa nova solidariedade impõe.

Para Faustina, o amor de Deus e o amor dos irmãos são indissociáveis (cf. 1Jo 5,2).

Para os cristãos, é claro que ao fixarmos o olhar sobre o Senhor, ou melhor, ao nos deixarmos amar por Seu olhar, entrando em harmonia com o olhar do Pai pelo Rosto de Cristo, o Espírito nos torna capazes de olhar nossos irmãos com um olhar novo, numa atitude de gratuidade e de partilha, de generosidade e de perdão. Isto é a misericórdia.

A humanidade é chamada a aprender o segredo desse olhar misericordioso, como Maria. Assim como na primeira comunidade cristã (At 4,32; Mt 18; Fl 1,1-4), o espírito de misericórdia pode forjar um novo estilo de relações, um projeto renovado de comunidade.

Diante da necessidade do outro, Faustina sente uma dor visceral. Os sofrimentos do próximo repercutem em seu coração. Enquanto participa em seu coração da angústia do outro, dedica-se sobretudo a partilhar o bem. Tende com todas as suas forças a aliviar o outro em suas preocupações físicas, morais, materiais, psíquicas e espirituais.

“Eis a que ponto de partilha o amor conduz quando é medido segundo o amor de Deus! É neste amor que a humanidade de hoje deve se inspirar para enfrentar a crise de sentido, os desafios das necessidades mais diversas, em particular, a exigência de salvaguardar a dignidade de cada pessoa humana.” (João Paulo II, homilia de canonização de Santa Faustina, 30 de abril de 2000).

Viver a misericórdia para humanizar o mundo é amar como o Senhor nos amou. “Deus, rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amou, quando ainda estávamos mortos por causa de nossos pecados, deu-nos a vida com Cristo” (Ef 2,4-5)

“Ninguém tem maior amor que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (cf. Jo 15,13). É a medida do amor de Deus, é a medida de sua misericórdia.

Uma nova “imaginação” da caridade, fecundada pelo espírito de misericórdia poderia contribuir para traçar novos programas pastorais. Nosso tempo necessita de pessoas com olhar de amor para perceber o irmão que está ao seu lado, que passa por dificuldades, que pode ter perdido o seu trabalho, sua casa, a possibilidade de alimentar dignamente sua família e garantir a instrução dos filhos.

Essa nova imaginação da caridade é necessária para aproximar-se dessas pessoas, para devolver esperança onde há vazio imposto pela cultura de morte; para sustentar aqueles que lutam contra diferentes formas de mal, por uma presença benfazeja, ou uma palavra boa, um conselho amigo, uma solidariedade espiritual, um novo encorajamento moral.

Essa fecundação da misericórdia pode e deve responder aos desafios atuais do planeta. Reflita sobre as dificuldades atuais que o mundo está passando com a disseminação do novo coronavírus. O que você pode fazer para ajudar cada irmão que sofre?

Peça agora que, através da nossa oração, Santa Faustina nos ajude a humanizar profundamente nossos pensamentos, nossas palavras, nossas intenções e nossos gestos, para que sejam sinais do esplendor divino.

 

 

 

Fonte: Patrice Chocholski, Editora Paulinas.