Em sua homilia na celebração da Santa Missa, na manhã de hoje, na Casa Santa Marta, o Papa Francisco explicou os pilares sobre os quais se sustenta a autoridade de Jesus: sua atitude de serviço com as pessoas, sua proximidade com o povo e a sua coerência.
Estas características de Jesus, disse o Papa, se contrapunha à atitude dos fariseus e doutores da lei, que careciam de autoridade ante o povo, precisamente pelo seu comportamento hipócrita e principesco.
1. O serviço
Segundo informou a Rádio Vaticano, em sua homilia o Santo Padre explicou que “Jesus servia às pessoas, explicava as coisas para que as pessoas entendessem bem: estava a serviço das pessoas. Havia um comportamento de servidor e isto Lhe dava autoridade”.
“Ao invés, os doutores da lei que as pessoas… sim, escutavam, respeitavam, mas não reconheciam que tivessem autoridade sobre eles, estes tinham uma psicologia de príncipes: ‘Somos os mestres, os príncipes, e nós ensinamos vocês. Não serviço: nós mandamos, vocês obedecem”. E Jesus nunca se fez passar por um príncipe: era sempre servidor de todos e isto é o que Lhe dava autoridade”.
2. A proximidade
O Pontífice destacou que “Jesus não era alérgico às pessoas: tocava os leprosos, os doentes…, não lhe dava repugnância”. Enquanto os fariseus desprezavam “as pobres pessoas, ignorantes”.
Estes fariseus e doutores da lei “eram distantes das pessoas, não eram próximos; Jesus era muito próximo das pessoas e isso dava autoridade. Os distantes, aqueles doutores, tinham uma psicologia clericalista”.
Em seguida, Francisco mencionou o exemplo de um de seus predecessores: “Eu gosto tanto quando leio a proximidade às pessoas que tinha o Beato Paulo VI; no número 48 da Evangelii Nuntiandi se vê o coração do pastor próximo: ali está a autoridade daquele Papa, a proximidade”.
A Evangelii Nuntiandi é uma exortação apostólica de 1975, escrita pelo Papa Paulo VI, sobre a evangelização no mundo contemporâneo, que mantém sua vigência até hoje.
No número 48 deste documento, o Papa Paulo VI faz uma profunda reflexão sobre a religiosidade popular e suas expressões, explicando também a sua importância e os seus desafios.
Paulo VI assinala, entre outras coisas, que “deve ser sensível em relação a ela, saber aperceber-se das suas dimensões interiores e dos seus inegáveis valores, estar-se disposto a ajudá-la a superar os seus perigos de desvio. Bem orientada, esta religiosidade popular, pode vir a ser cada vez mais, para as nossas massas populares, um verdadeiro encontro com Deus em Jesus Cristo”.
3. A coerência
Por último, o Papa Francisco contrapôs a coerência de Jesus com a hipocrisia dos fariseus: “Jesus vivia o que pregava. Havia como uma unidade, uma harmonia que fazia o que pensava e mostrava uma harmonia plena entre aquilo que pensava, sentia e fazia”.
“Ao invés – prosseguiu o Pontífice –, essas pessoas não eram coerentes e sua personalidade era dividida a ponto que Jesus aconselhava seus discípulos: ‘Façam o que dizem, mas não o que fazem’. Diziam uma coisa e faziam outra. Incoerência. Eram incoerentes”.
“E o adjetivo que Jesus usa muitas vezes é hipócrita. E dá para entender que quem se sente príncipe, que tem uma atitude clericalista, que é um hipócrita, não tem autoridade! Jesus, ao invés, tem a autoridade que o povo de Deus sente”, concluiu Francisco.
Evangelho (Marcos 1, 21-28) comentado pelo Papa Francisco em sua homilia:
21bEstando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.
23Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24“Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”. 25Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele”!
26Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “Que é isso? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!” 28E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galileia.
Fonte: Acidigital