Agosto é o mês das vocações, e neste primeiro domingo (05) celebramos o dia do Padre

No plano de Deus todos somos chamados e amados como filhos queridos, e todos temos uma missa a desempenhar neste mundo. Se não respondermos ao nosso chamado, deixando de fazer a nossa parte, ninguém responderá por nós e ninguém fará por nós aquilo que deixamos de fazer. Assim podemos dizer que nossa vida é um dom e uma responsabilidade.

A vocação não pode ser confundida com profissão. No cerne da vocação está o amor o serviço e a gratuidade, sem se preocupar com as “horas extras” remuneração e aposentadoria. Na vida profissional o que vale é a aptidão pessoal para exercer um determinado trabalho, preocupa-se com o ter, o salário e as horas de trabalho. A profissão tem sentido quando é exercida com amor. A vocação testemunhada com fidelidade inspira o exercício da profissão é um caminho de santidade.

Missa dos Santos Óleos, na Catedral Metropolitana de Curitiba – Foto Geovanni C. De Luca / PASCOM

Quando encontramos a nossa vocação, não só nos transformamos, mas também transfiguramos as pessoas e o mundo; a vocação acertada gera uma satisfação e realização interna que transborda para todos os lados. É o que Jesus chamou de fermento, sal e luz, na dinâmica do Reino (cf. Mt 5,13-16.13,33).

Vamos nos deter na vocação sacerdotal. O padre é um homem amado, admirado e aplaudido por muitos, mas também incompreendido, ignorado e ironizado por outros. No mundo moderno, onde os valores são relativizados e as mediações rejeitadas, o padre tem a dupla missão de ser um sinal de amor de Deus presente e atuante nas pessoas e no planeta e, ao mesmo tempo, pela sua fragilidade humana, saber reconhecer o tesouro que leva em vaso de barro (2 Cor 4,7).

Encontro Vocacional da Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição

A essência da vocação sacerdotal consiste em não perder de vista o “primeiro amor”, Aquele que o chamou, o consagrou e o enviou para ser ponte entre o céu e a terra; para colaborar com Jesus na propagação do Reino de Deus e para exercer a caridade pastoral, no serviço gratuito, responsável e alegre, em unidade com o seu bispo e o presbitério que o pertence. O coração do padre deve pulsar como o Coração de Cristo, extremamente apaixonado pelo Pai e pelo povo.

A pessoa de Jesus deve ser o inspirador contínuo do jeito de ser e de fazer do padre. Por Cristo, com Cristo e em Cristo, ele deve exercer o seu ministério evangelizador e administrar os ministérios de Deus. Na nação, deverá colocar-se como discípulo, para escutar o seu Senhor e realizar a sua vontade; como pescador, deverá reconhecer-se necessitado da reconciliação e acolher a misericórdia Daquele que não se cansar de perdoar; e como peregrino, recorrer constantemente ao vigor do alto, para que seus passos não se paralisem frente aos percalços da missão.

Como o Cristo Bom Pastor, deverá conduzir ela via de fé, o rebanho a ele confiado; ir atrás das ovelhas que se dispersam; ser presença em meio a todos, especialmente junto aos pobres; vigiar para que o ladrão não se aproxime do rebanho; arriscar e sacrificar a vida, pastoreando com santidade.

Como o Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote do Pai, deverá ministrar os sacramentos com alegria; oferecer cotidianamente o sacrifício eucarístico por si mesmo e pela salvação do mundo; sentar-se incansavelmente no confessionário para absolver os penitentes, pela unção, oração e o perdão dos pecados.

Com o Cristo – Mestre, exercer o ministério da Palavra com autoridade e simplicidade, orientar sem decidir, escutar se acusar, se aproximar sem interferir, acolher sem excluir, ser sinal de caridade fraterna em meio às divergências. Enfim, ser um servidor da vida e da esperança.

Conselho Provincial dos Padres Marianos da Imaculada Conceição no Brasil

O Papa Francisco, salienta “que o padre foi ungido por Deus com o óleo da alegria e esta unção o convida a receber e cuidar do grande dom que é a alegria sacerdotal. Esta alegria reside na motivação da sua doação, na missionariedade e na capacidade de relacionar-se com as pessoas. O padre não dever burocrata e nem mesmo um funcionário da Instituição. Não deve ser mover pelo critério da eficiência, das inseguranças humanas e dos títulos honoríficos. Sua vida deve ser simples, disponível, o que o tornará livre e solitário. Deverá viver em comunhão com os leigos, valorizando a participação de cada um e viver em estado de constante saída, evitando assim a pastoral da conservação que é obstáculo para a abertura à perene novidade do Espírito” (69° Assembleia Plenária da CEI – Homilia de Quinta-feira Santa/2017).

No entanto, é importante ressaltar que para o padre viver o essencial da vocação e da missão, ele precisa das orações do incentivo e da amizade de todos. O padre não fez a opção de viver isolado, o celibato e sua obediência as amizades sadias e motivadoras.

Ame o padre, busque trabalhar em sintonia com ele, esta unidade e presença, fortalecerão os seminaristas que estão a caminho do sacerdócio e trarão benefícios à evangelização. Afinal, “o padre não está para si mesmo, mas para vós” (São João Maria Vianney).

 


Escrito por Dom Amilton Manoel da Silva, CP
(Bispo auxiliar da Arquidiocese de Curitiba), para a  Revista Divina Misericórdia – Edição 61.