Neste série de artigos que apre¬sentamos aos queridos leitores extratos de um interessante livro escrito pelo Fundador dos Padres Marianos, o Santo Estanislau de Jesus e Maria, intitulado O Templo Místico de Deus, que contém a mais completa e detalhada exposição no Ocidente Cristão do século XVII da doutrina sobre as obras de misericórdia. Nesses escritos, o Padre Papczyński, seguindo uma ordem de apresentação própria, faz uma descrição de cada uma das obras de misericórdia. Refletimos agora sobre, dar pousada aos peregrinos e enterrar os mortos.

Dar pousada aos peregrinos
Peregrinos excipere: dar pousada aos peregrinos é a sexta das obras de misericórdia corporal. Segundo o Padre Estanislau Papczyński é uma obra de grande mérito. O Filho de Deus experimentou o consolo de ser favorecido pela prática dessa obra pelos discípulos de Emaús, na casa dos quais foi convidado a permanecer para a Ceia.

Enquanto partia o pão, mostrou-se Deus e Homem. “Feliz de tal cidade ‒ exclama o Padre Estanislau ‒ possuidora de cidadãos assim piedosos, que ofereciam aos estrangeiros tão gene¬rosa hospitalidade”. “Ai de vós ‒ exclama dirigindo-se, por outro lado, àqueles que descuram essa obra de misericórdia ‒ que talvez dais farto alimento aos cães e permitis que homens morram de fome! A vós que fechais os batentes da porta aos peregrinos e impedis, também às vossas portas, a entrada aos homens pios e religiosos, Cristo não vos ex¬pulsará da porta do Céu?”.

“Não sabeis ‒ continua o Padre Papczyński ‒ que a prostituta [Raab], pela hospitalidade oferecida benevolamente aos dois espiões, foi recebida nas moradas celestes?” (Cf. Jos 2, 1-22; 6, 22-23.25). No final da sua reflexão, ele cita o provérbio latino: Hospes venit, Christus venit, isto é, o hóspede que chega é Cristo que chega, que em polonês e português é popularmente conhecido como: “Hóspede em casa, Deus em casa”, e explica: “quem recebe um hóspede, recebe Cristo; e Cristo, por sua vez, não receberá nos tabernáculos eternos aquele que o acolheu?”. A resposta a essa pergunta é: Sim, há de recebê-lo, certamente.

Enterrar os mortos
Considerando a sétima das obras de misericórdia corporal ‒ Sepelire mortuos: enterrar os mortos ‒ o Padre Estanislau exorta os fiéis a sepultar os mortos gratuitamente, sem interesses, por caridade somente; e isto, segundo o Padre Papczyński, não é para Deus um ser¬viço de pouco valor. “Esta obra de misericórdia acontece raramente ‒ anota ele ‒ porque são poucos os que nela participam e também poucos os que a fazem. Entre estes, famosíssimo é Tobias, o velho, o qual, pelas suas santo-estanislau5ações de piedade, como a de se¬pultar os mortos, se torna amigo de Deus”.

O Padre Papczyński cita as palavras dirigidas a Tobias pelo Arcanjo Rafael: “Enquanto rezavas, tu e a tua nora Sara, eu apresentava as vossas orações diante da glória do Senhor. Da mesma forma, enquanto enterravas os mortos, eu também estava contigo” (Tob 12, 12). E conclui: “Certamente, de um modo eficacíssimo reza aquele que, crendo obter a misericórdia de Deus, a exerce para com os homens. E que misericórdia pode ser mais insigne do que aquela prestada aos mortos, dos quais não se pode esperar nenhuma recompensa, nenhuma gratidão e nenhum louvor?”. “Por isso ‒ conclui o Padre Papczyński ‒ os que fazem tais coisas, sem dúvida, procuram a vida imortal”.

Pe. Casimiro Krzyzanowski,MIC
Capítulo tirado do livro: Obras de Misericórdia