O silêncio interior, atitude de escuta
Toda a nossa atividade como cristãos consiste em concordar e cooperar com Cristo, a fim de que possamos ser conformados com Ele, a fim de que os nossos pensamentos, sentimentos, disposições, aspirações, sejam os mesmos que os de Jesus (cf. Fl 2, 5; Rm 8, 29). De maneira especial, isso se aplica também à Sua reverência filial para com a Sua Mãe Maria, que para Ele é o que há de mais caro em toda a criação. Podemos adentrar com a imaginação na inefável intimidade do Menino Jesus com Maria, quando ela o carregava em seu ventre. É um grande mistério esta primeira intimidade de Jesus e Maria durante nove meses: união sem palavras, em grande silêncio. O silêncio implica concentrar-se, sobretudo na escuta.
Cada santo, descobrindo a presença de Deus no interior de sua alma, cada vez mais apreciava o valor do silêncio. Irmã Faustina escreveu:
“O silêncio é como a espada na luta espiritual; a alma tagarela nunca atingirá a santidade. (…) A alma silenciosa é forte; nenhuma adversidade a prejudicará, se perseverar no silêncio. A alma recolhida é capaz da mais profunda união com Deus, ela vive quase sempre sob a inspiração do Espírito Santo. Deus opera sem obstáculo na alma silenciosa” (Diário, 477). Aqui não se trata apenas do silêncio exterior, mas do silêncio do coração.
Após o nascimento de Jesus, o silêncio de Maria não foi interrompido. Houve novas oportunidades para se comunicar, olhar, tocar, sorrir… Mas tudo era envolvido no silêncio e na escuta contínua. Necessitamos novamente aprender a estar em comunhão com Jesus no silêncio! Por isso, em determinados momentos nos quais estamos em casa, precisamos aprender a desligar o rádio, a televisão e tudo o que perturba o silêncio. Então, nossa casa, com a atmosfera da casa da Sagrada Família de Nazaré, pode ser uma escola na qual aprendemos a silenciosa relação com Jesus por meio de Maria, “que se dedicou com grande assiduidade à contemplação do rosto de Cristo, seu Filho. O olhar de Maria é penetrante, ‘capaz de ler no íntimo de Jesus, a ponto de perceber os seus sentimentos escondidos e adivinhar suas decisões“ (João Paulo II, discurso, 1 de março de 2003)
Nessa escola também nos ensina São José. O silêncio de São José foi por São João Paulo II enfatizado com eloquência especial não número 17 da exortação apostólica Redemptoris Custos que a Ele dedicou: “Esse silêncio de José tem uma especial eloquência: graças a tal atitude, pode captar-se perfeitamente a verdade contida no juízo que dele nos dá o Evangelho: o ‘justo’ (Mt 1, 19)“.
Relação Conjugal
Devemos aprender com São José e Maria Santíssima a atitude de escuta e total dedicação a Deus, na oração, nos sacramentos e nas tarefas diárias. A atmosfera que reinava na casa da Sagrada Família de Nazaré é um grande mistério que a Igreja revela através de cada matrimônio. Essa atmosfera da casa de Nazaré contém em si uma riqueza de virtudes e de todos os dons do Espírito Santo, mas acima de tudo, o segredo da felicidade vivido na relação conjugal.
Hoje existe uma necessidade urgente de salvar os casamentos em crise. Rezando fervorosamente em suas intenções, é necessário tomar consciência de que os esposos têm um tesouro inestimável no sacramento do matrimônio. Nele participa o próprio Cristo, constantemente presente na união conjugal. Se os cônjuges apresentarem para Jesus, na oração, todos os problemas que enfrentam, então Jesus os ajudará a resolver e convidará o casal a entrar na escola da Sagrada Família de Nazaré.
Xavier e Hanna Bordas
Ed. 42 – Revista Divina Misericórdia