Imagem: GettyImages

 

Como é doloroso para mim ver como os idosos vêm todos os dias às nossas paróquias buscar um pedaço de pão… avós, avôs, para quem é tão difícil caminhar… E eu penso… quantos deles estão abandonados hoje, sozinhos com sua solidão, em apartamentos frios, idosos que são os mais expostos às bombas russas.

 



Ucranianos acima dos 60 anos são quase 18% dos 43 milhões de habitantes do país que está sob ataque russo, isso equivale a cerca de 7 milhões de pessoas.

 

De acordo com dados da organização não governamental Human Rights Watch (Observatório (ou Vigília) dos Direitos Humanos), intitulado “Ninguém é poupado: abusos contra idosos em conflitos armados”, divulgado em fevereiro, idosos correm alto risco em zonas de guerra.

 

A fragilidade dos idosos, assim como a baixa mobilidade e doenças os tornam alvos fáceis de abusos, abandono e negligência.

 

Imagem: REUTERS/Gleb Garanich

 

Na manhã de terça-feira (15), o Arcebispo de Kiev, na Ucrânia, Sviatoslav Shevchuk, publicou mais um vídeo mensagem relatando a situação da Ucrânia diante do ataque russo, sensibilizando-se, principalmente, com a população idosa.

 

Diariamente Sviatoslav tem gravado vídeos descrevendo os difíceis dias dos cidadãos ucranianos e pedindo orações pelo fim deste derramamento de sangue.

 

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

 

Queridos em Cristo, irmãos e irmãs. Hoje já estamos vivendo o 20º dia desta terrível guerra na Ucrânia. E hoje é 15 de março de 2022.

 

Imagem: reprodução do vídeo/YouTube

Mas a Ucrânia está de pé. A Ucrânia triunfa. A Ucrânia luta. A Ucrânia acredita. Acredita em Deus, acredita em sua verdade. Acredita que Deus está conosco. Deus está do lado daqueles que são vítimas de agressões injustas. Acreditamos que o próprio Deus sofre no corpo de nosso povo. Acreditamos que Deus, como Cabeça do seu Corpo, da sua Igreja, hoje toma sobre si as chagas da Ucrânia.

 

Novamente esta noite nossas cidades arderam em chamas. Mais uma vez nossa cidade de Kiev foi ferida. Pessoas morreram… Bombas russas caíram novamente durante a noite nos telhados de civis que tentavam descansar em paz.

 

Vemos nestes dias como nossa Igreja serve ao seu povo. A Igreja está com o seu povo. Nossos sacerdotes permanecem nos territórios ocupados, nas cidades sitiadas, sofrem junto com nosso povo, sofrem com seu sofrimento, choram com eles e rezam junto com o povo.

 

As nossas paróquias tornaram-se centros de ajuda social, onde, de fato, muitos podem receber proteção e, assim, meios de subsistência.

 

Como é doloroso para mim ver como os idosos vêm todos os dias às nossas paróquias buscar um pedaço de pão… avós, avôs, para quem é tão difícil caminhar… E eu penso… quantos deles estão abandonados hoje, sozinhos com sua solidão, em apartamentos frios, idosos que são os mais expostos às bombas russas.

 

Um ditado popular diz: “À medida que o homem envelhece, seu espírito se renova”. Como é difícil ver as lágrimas dos idosos hoje. Aqueles que hoje são talvez os mais vulneráveis ​​entre nós. Desejo especialmente encorajar todos vocês a pensar, a servir e a rezar por esses idosos abandonados na Ucrânia, porque só quem sabe respeitar a velhice pode se tornar sábio. Quem souber respeitar os mais velhos terá a força necessária para se levantar nesta luta pela verdade.

 

Hoje rezamos por todos aqueles que tentam ajudar a Ucrânia, que se solidarizam conosco, que sentem nossa dor como sua. Hoje rezamos por aqueles que buscam uma solução para acabar com esta guerra. Não estamos apenas procurando uma oportunidade de nos defender militarmente, mas também de fazer todo o possível para que essa guerra termine logo.

 

Hoje quero mais uma vez fazer um apelo aos poderosos do mundo: não sejam meros espectadores da dor e do sofrimento da Ucrânia! Não se limitem a assistir pela televisão como nos matam! Façam alguma coisa! Façamos todo o possível para parar esta guerra que se converteu em ferida de toda a humanidade.

 

Hoje estamos jejuando e rezando. Em primeiro lugar, rezemos pelo nosso exército ucraniano. Encorajo-vos a rezar um Pai-Nosso e uma Ave-Maria todos os dias, pelo menos uma vez, pelos nossos soldados, pelos rapazes e moças que hoje morrem pela Ucrânia derramando o seu sangue. Rezem pelas vítimas da guerra. Mas o mais importante é rezar juntos pela paz. Pela paz na Ucrânia. Para que o céu da Ucrânia não seja mais um céu cheio de bombas, mas cheio de paz e bênção de Deus.

 

Que a bênção do Senhor e sua misericórdia desçam sobre vocês por sua divina graça e amor e permaneçam agora e para todo o sempre, amém.

 

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

 

Svyatoslav +

Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana

 

 

Fonte: Human Rights Watch
Vatican News