A solenidade de Cristo Rei foi instituída na Igreja pelo Papa Pio XI, em 1925. E o objetivo era e é o de reafirmar a soberania real de Jesus e de seus ensinamentos, já que o mundo se afasta cada vez mais do Senhor.
“Antes de vir como Juiz, venho como Rei da Misericórdia”
Com estas palavras, Jesus revela a Santa Faustina que Ele é o Rei do Amor e da Misericórdia. Contudo, revela também o sinal que será dado aos homens antes de vir o dia da justiça:
“Toda luz se apagará no céu e haverá uma grande escuridão sobre a terra. Então aparecerá o sinal da Cruz no céu, e dos orifícios onde foram pregadas as mãos e os pés do Salvador sairão grandes luzes que, por algum tempo, iluminarão a terra. Isso acontecerá pouco antes do último dia” (Diário, 83).
Contudo, a solenidade de Cristo Rei, quanto à sua instituição, é muito recente. Foi estabelecida pelo Papa Pio XI, em 1925, em resposta aos regimes políticos ateus e totalitários que negavam os diretos de Deus e da Igreja.
Logo, o clima em que nasceu a solenidade é, por exemplo, o da revolução mexicana, quando muitos cristãos enfrentaram a morte gritando até o último suspiro: “Viva Cristo Rei”.
Mas, se a instituição da festa é recente, não é assim seu conteúdo e seu ideal, que é antigo e nasce, pode-se dizer, com o cristianismo.
Sendo assim, a frase “Cristo reina” tem seu equivalente na profissão de fé “Jesus é o Senhor”, que ocupa um lugar central na pregação dos apóstolos.
Cristo Rei: o meu Reino não é deste mundo!
Além disso, lemos no Evangelho a pergunta dirigida a Jesus por Pôncio Pilatos: “Tu és o rei dos judeus?” (Jo 18, 33). Jesus, por sua vez, responde perguntando: “Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que te disseram a Meu respeito?” (Jo 18, 34).
E Pilatos responde: “Acaso sou eu judeu? O Teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?” (Jo 18, 35). A este ponto do diálogo, Cristo afirma: “O Meu reino não é deste mundo. Se o Meu reino fosse deste mundo, os Meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue às autoridades dos judeus. Mas o Meu reino não é daqui” (Jo 18, 36).
Logo, Cristo não é rei no sentido que pensavam os representantes do Sinédrio. Ou seja, Ele não aspirava a nenhum poder político em Israel. Ao contrário, o Seu reino ultrapassa, em grande medida, os confins da Palestina. E todos os que estão com a verdade ouvem a Sua voz (Jo 18, 37) e reconhecem Nele um Rei. Eis o âmbito universal do Reino de Cristo e a sua dimensão espiritual.
Contudo, a verdade acerca de Cristo Rei constitui o cumprimento das profecias da Antiga Aliança. O profeta Daniel anuncia a vinda do Filho do homem, ao qual foi dado “poder, glória e reino”.
Ele é servido por “todos os povos, nações e gentes” e o seu “poder é um poder eterno que nunca Lhe será tirado” (cf. Dn 7, 14). Contudo, sabemos bem que tudo isto encontrou o seu cumprimento perfeito em Cristo, na sua Paixão, morte e ressurreição.
Cristo Rei: diante Dele treme todo o poder e dominação
Santa Faustina tinha consciência de que Jesus não é apenas Rei, mas antes Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Por isso, ela escreveu em seu Diário:
“Hoje estou me preparando para a vinda do Rei. O que sou eu, e quem sois Vós, Senhor, Rei da glória — glória imortal? Ó meu coração, estás consciente de quem hoje vem te visitar? — Sim, sei disso, mas estranhamente não posso compreendê-lo. Oh, se fosse ainda apenas um rei, mas é o Rei dos reis, o Senhor dos senhores. Diante Dele treme todo o poder e dominação. E é Ele que vem hoje ao meu coração! No entanto, ouço que se aproxima, saio ao Seu encontro e O convido a entrar. Quando entrou na morada do meu coração, a minha alma foi tomada de tamanha reverência que desfaleceu de temor, caindo a Seus pés. Então, Jesus lhe dá a Sua mão e permite bondosamente que se assente a Seu lado”. (Diário, 1810)
Em seguida, ela relata as palavras de Cristo Rei para tranquiliza-la:
“Estás vendo, abandonei o trono do céu para Me unir a ti. O que estás vendo é apenas uma pequena parcela, e a tua alma já desfalece de amor. Como, então, se espantará o teu coração quando Me vires em toda a glória! Quero te dizer que essa vida eterna deve iniciar-se já aqui na terra pela santa Comunhão. Cada santa Comunhão te torna mais capaz de conviver com Deus por toda a eternidade” (Diário, 1810).
Venha a nós o Vosso Reino
A Solenidade de Cristo Rei do universo convida-nos a repetir com fé:
A invocação do Pai-Nosso, que o próprio Jesus ensinou: “Venha a nós o Vosso Reino”.
Além dessa, também a oração confiante do bom ladrão na cruz, antes de morrer: “Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino. Jesus respondeu-lhe: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,42-43).
E também o pedido de santa Faustina: “Assim, pois, meu Rei, nada Vos peço, embora saiba que podeis me dar tudo. Peço-vos apenas uma coisa: sede, pelos séculos, o Rei do meu coração, isso me basta” (Diário 1811).
Pe. Ednilson de Jesus, MIC