A resposta é sim. Mesmo com a morte do Papa Francisco e a Sé Apostólica vacante, os fiéis continuam podendo lucrar indulgências plenárias, inclusive na Festa da Divina Misericórdia. Essa verdade pode causar certa surpresa, mas está perfeitamente alinhada com a doutrina da Igreja e o que prevê o Direito Canônico.

Desde que foi instituída pelo Papa São João Paulo II no ano 2000, a Festa da Divina Misericórdia — celebrada no segundo domingo da Páscoa — passou a contar com uma concessão especial de indulgência plenária, reafirmada em 2002 com “vigor perpétuo”. Ou seja: trata-se de uma norma que permanece válida, não dependendo da existência ou da ausência de um Papa em exercício.

Isso está previsto no próprio Código de Direito Canônico, que, no cânon 33 §3, afirma: “Os rescritos da Penitenciaria Apostólica não cessam com a morte do Romano Pontífice, a não ser que se estabeleça expressamente o contrário.” Como não houve revogação, os fiéis podem e devem continuar buscando os frutos espirituais que a Igreja, como Mãe e Mestra, oferece nesse tempo de graça.

Além disso, mesmo durante a Sé Vacante, as intenções do Papa continuam sendo válidas. Segundo o frei Alexsandro Rufino, assessor jurídico-canônico da CNBB, ao rezar “pelas intenções do Sumo Pontífice” — condição essencial para lucrar a indulgência plenária —, está-se rezando pela Igreja como um todo e, de modo particular, pela eleição do novo Papa. Também permanecem válidas as intenções mensais que já foram definidas antes da vacância.

Portanto, a Festa da Divina Misericórdia continua sendo um momento privilegiado de encontro com a graça. Para lucrar a indulgência plenária neste dia, é necessário cumprir as condições habituais: confissão sacramental, comunhão eucarística, desapego total de qualquer pecado (até mesmo venial) e oração pelas intenções do Papa. Também é necessário participar de práticas de piedade em honra à Divina Misericórdia, como rezar o Pai-Nosso e o Credo diante do Santíssimo Sacramento, acompanhado de uma invocação piedosa, como “Jesus Misericordioso, eu confio em Vós”.

Num tempo em que o coração da Igreja aguarda a eleição do novo Sucessor de Pedro, permanecer unido ao Corpo Místico de Cristo por meio da oração, da penitência e da confiança na Misericórdia é o melhor caminho. A indulgência plenária não cessa com a morte do Papa — ao contrário, pode ser oferecida também em sufrágio por ele, por nossas famílias, pela Igreja e pelo mundo.