Em um local silencioso, em uma postura confortável, coloque-se na presença Deus. Reze pedindo ao Espírito Santo o auxílio para ouvir a voz de Deus. Leia, medite, reze e contemple livremente a Deus, usando como auxílio, conforme sua necessidade, o texto bíblico Salmo 117(118).

1 – Leitura (Lectio)

Com atenção e reverência, leia calmamente o texto bíblico.
Este salmo é um grande canto de louvor e agradecimento a Deus. Percebe-se que era cantado em assembleia, pelo povo reunido, indo para o Templo, e que manifesta a grandeza das obras de Deus em favor de Seu povo. Nós, hoje, o lemos à luz da Páscoa de Cristo, e é Ele quem enche de sentido estas palavras tão antigas e, ao mesmo tempo, tão novas, porque são palavras com as quais Ele hoje nos quer falar. Lendo novamente o Salmo 117(118) busque atentamente uma palavra ou frase que chame a sua atenção, que o inspire de modo especial a parar e a ouvir a voz de Deus.

2 – Meditação (Meditatio)

Como o Pai agiu com o seu povo, libertando-o do mal, assim Ele fez com Jesus, ressuscitando-O dos mortos: “A pedra rejeitada pelos arquitetos tornou-se a pedra angular” (Sl 117(118), 22). Também nós temos motivos para louvar o Senhor: “Eterna é a sua misericórdia”, nos repete o Salmo, como um refrão, convidando-nos a enxergar e a meditar sobre a ação de Deus em nossas vidas. A lembrança das grandes dificuldades enfrentadas, dos sofrimentos vividos nos convida a pensar na força que o Senhor concede; no auxílio que, às vezes, vem de onde e quando menos se espera… As decepções nos fazem refletir e perceber que só em Deus vale a pena colocar toda a nossa confiança. Os grandes acontecimentos, as alegrias, as vitórias renovam nossa esperança em Deus e nos mostram Seu amor. As palavras e os versículos que mais tocaram você devem ajuda-lo neste momento de reconhecimento das obras do Senhor em sua vida. Onde Cristo, a Misericórdia Encarnada, agiu em sua vida? O que Ele quer hoje de você?

3 – Oração (Oratio)

Em resposta a Deus que nos ama e nos fala, abramos a Ele o coração, e façamos também a nossa prece. Quantas vezes fazemos pedidos recorrendo a Deus apenas nas dificuldades e nos esquecemos de agradecer? Eis o momento de louvar e dar graças, reconhecendo todo o bem que Ele constantemente nos faz. Diante de tanto amor recebido, e vendo que muitas vezes não o correspondemos, este pode ser também um bom momento para pedir perdão, para nos reconciliarmos com Deus. Enxergar a obra que Deus faz em nossa história nos ajuda no autoconhecimento e nos ajuda a conhecermos um pouco mais a própria misericórdia de Deus. Ajuda-nos a enxergar que Cristo é vivo e presente em nossas vidas! Apresente a Deus as memórias que vieram em sua mente durante a leitura e a meditação, as pessoas e situações que fizeram você recordar a ação de Deus em sua vida. Peça-lhe forças para viver o sofrimento e a capacidade de ser mais grato; peça a Deus o dom da confiança em Sua misericórdia. Fale com Ele conforme o seu coração indicar.

“Ó Jesus, Vós sabeis como sou fraca, por isso ficai sempre comigo, guiai os meus atos, todo o meu ser. Vós, meu melhor Mestre! Na verdade, Jesus, o temor me assalta quando vejo a minha miséria, mas ao mesmo tempo me tranquilizo vendo a Vossa insondável misericórdia, que, sendo eterna, é maior que a minha miséria. E essa disposição de ânimo me reveste da Vossa força; que alegria brota do conhecimento de si mesmo.” (Diário, 66).

4 – Contemplação (Contemplatio)

Com a consciência de que a misericórdia de Deus é eterna e imutável, que ultrapassa os nossos merecimentos, nossos erros e acertos, busquemos agora silenciar o coração e permanecer na presença de Deus, sabendo que somos eternamente amados. Agora não são necessárias muitas palavras, mas o amor e o olhar. Nestes instantes de intimidade, busque se aproximar do Coração misericordioso de Deus, para que o seu próprio coração se torne misericordioso como o Dele. Todas estas obras cantadas no Salmo foram ações do amor de Deus. Que, estando sob a luz e o olhar do Bom Deus, sejamos transformados e nos tornemos, a cada dia, mais semelhantes a Ele.

Texto: Ir. José Maria da Santa Face, FGMC | 2022 – Março/Abril – ED. 83 – ANO XV | EDITORA APOSTOLADO DA DIVINA MISERICÓRDIA.