Em 1981, o Papa Joao Paulo II escrevia na Exortação Familiaris Consortio sobre o papel da família: “Embora no meio das dificuldades da obra educativa, hoje muitas vezes agravada, os pais devem, com confiança e coragem, formar os filhos para os valores essenciais da vida humana” (FC, 37).

Esta admoestação do Papa acha-se tão verdadeira e urgente hoje como em 1981. Por isso devemos nos perguntar: O que significam “valores essenciais da vida humana? Como entendê-los? Como vivê-los e como transmiti-los?

Falando de uma forma simples, os valores são as realidades nas quais acreditamos e pelos quais pautamos a nossa existência e que nos motivam a fazer determinadas escolhas, mesmo quando isso for uma opção difícil. Como por exemplo, se eu creio no valor da honestidade, vou buscar ser honesto mesmo quando a oportunidade de um “lucro fácil” ou de “levar vantagem” me surgir.

Valores

Alguns autores propõem um esquema de valores assim distribuídos em determinada ordem:

  • Valores naturais – que se subdividem em valores: Físicos (tais como: higiene, a saúde…); sociais (tais como a polidez, a boa-educação, o respeito, tolerância…); estéticos (tais como a harmonia, a beleza estética…); culturais – tais como o valor das artes, da musica, da literatura…); intelectuais (tais como o conhecimento, a pesquisa, a leitura etc…); éticos (tais como: a honestidade, a justiça, a verdade…)
  • Valores sobrenaturais – que se subdividem em: Morais (ligados à moral crista e suas exigências…); espirituais (como por exemplo: a fé, a esperança, a caridade, a Igreja, o sacramentos, a oração etc…)

A pessoa humana constantemente é chamada a fazer escolhas, tomar de decisões. E estas escolhas podem nascer dos valores que assumimos ou podem ser frutos de impulsos imediatos, necessidades naturais ou de instintos mais ou menos egoísticos que temos. Estas necessidades e instintos são reais no ser humano e não podem ser simplesmente desligados, mas se a pessoa conduzir suas escolhas a partir desta perspectiva instintiva, sua vida se torna instável, presa num jogo dos diversos impulsos e necessidades nela existentes.

Ao contrario, quando o ser humano pauta as suas escolha por valores, sua vida ganha um rumo e uma direção estável. Ele é capaz de orientar sua vida rumo a objetivos, de alcançar um sentido mais pleno para si mesma. Por isto, os valores são tão importantes na educação da pessoa humana. Se a criança e o adolescente não assimilar valores realísticos e objetivos,  perde a capacidade de orientar sua vida para o bem, para a verdade e para o amor.

Família, educadora de valores

O Papa João Paulo afirma que a família é a educadora dos valores cristãos. Isso, contudo, só é possível na medida em que os pais tenham primeiro eles mesmos acolhido os valores cristãos. Em segundo lugar, que os pais busquem viver eles mesmos tais valores. Por que não adianta, por exemplo, dizer aos filhos que estes devem frequentar a catequese, ir a Missa se os pais mesmo não valorizam a fé e não praticam a religião. Em terceiro lugar, é preciso ter a coragem de propor e repropor aos filhos valores em que acreditam e que vivem sempre que possível.

Um dos grandes problemas das famílias atualmente é um certo medo que os pais têm de parecerem antiquados, atrasados “fora da moda”, ao propor alguns valores que compõe a forma de pensar cristã, mas que não estão “em voga”. Como por exemplo, propor castidade cristã aos jovens não apenas como meio de preservação das doenças sexualmente transmissíveis ou do risco da gravidez indesejada, mas como um meio de preservar o equilíbrio emocional e, acima de tudo, como uma forma de viver a sexualidade de acordo com os princípios cristão.

A Igreja, a sociedade, a família e a própria pessoa humana será certamente muito melhor se os pais cristãos se comprometerem com os valores, vivê-los e tiverem a coragem de transmiti-los aos seus filhos. Deste modo, a família estará cumprindo uma das suas tarefas essências: ser formadora de pessoas portadoras de valores humanos e cristãos.

Pe. Jair Batista de Souza, MIC

Superior Provincial dos Padres Marianos no Brasil