No dia 04 de fevereiro de 1935, há 87 anos, Santa Faustina “cruzou” a sua própria vontade no seu Diário e aceitou a vontade de Deus, como ele pediu.

 

No momento em que me ajoelhei para riscar a minha vontade própria, como o Senhor me mandou, ouvi, na minha alma, esta voz: A partir de hoje não tenhas medo dos juízos de Deus, porque tu não serás julgada.

J.M.J. Wilno, 04.02.1935

 

A partir de hoje, cumprirei a vontade de Deus, em toda a parte, sempre e em tudo.

J.M.J. Wilno, 04.02.1935

 

Trabalho interior particular, ou exame de consciência. Da renúncia de si, da vontade própria.

 

I. Abnegação da inteligência, isto é, submissão à inteligência daqueles que, na terra, ocupam para mim o lugar de Deus.

 

II. Abnegação da vontade, isto é, cumprir a vontade de Deus, que se manifesta na vontade daqueles que ocupam o lugar de Deus e que está contida na regra da nossa congregação.

 

III. Abnegação do julgamento, isto é, aceitar imediatamente toda ordem que me for dada por aqueles que ocupam o lugar de Deus, sem refletir, analisar, raciocinar.

 

IV. Abnegação da língua. Não lhe consentirei a mínima liberdade; num só caso lhe permitirei liberdade total — isto é, na proclamação da glória de Deus. Sempre que receber a Santa Comunhão pedirei a Jesus que se digne fortificar e purificar a minha língua, para que com ela eu não fira o próximo. Por essa razão, tenho o máximo respeito pela regra que me fala do silêncio.

 

Meu Jesus, confio que a Vossa graça me ajudará a cumprir esses propósitos. Embora os pontos acima estejam contidos no voto da obediência, desejo exercitar-me nisso de maneira especial, já que se trata da essência mesma da vida religiosa. Jesus Misericordioso, peço-Vos ardentemente, dai luzes à minha inteligência para que eu possa melhor conhecer a Vós, que sois o Ser infinito, e para que possa conhecer melhor a mim mesma, que sou apenas o nada.

 

(Diário de Santa Faustina, 374 – 376)

 

Esse mistério faz mais sentido quando me lembro da Agonia no Jardim. No auge de seu sofrimento psíquico, Jesus orou: “Não se faça a minha vontade, mas a vossa” (Lc 22,42). Ele apelou para o Amor para fazer qualquer escolha que avançasse o triunfo do Amor neste mundo. No entanto, Ele sabia e aceitava que, para que isso acontecesse, seu desejo humano natural de se preservar tinha que morrer.

Santa Faustina experimentou a mesma morte. Sob a instrução e orientação de Jesus, ela iniciou um retiro no começo de fevereiro de 1935 escrevendo duas frases em páginas opostas de seu caderno. Na página da esquerda ela escreveu: “De hoje em diante não há em mim vontade própria”, e à direita: “De hoje em diante, faço a Vontade de Deus em todos os lugares, sempre e em tudo” (Diário de Santa Faustina, 374). Então ela desenhou um X grande na primeira frase.

Ao ordenar que ela fizesse isso, parece que Jesus estava mostrando a ela que a vontade de Deus só poderia ser plenamente realizada em sua vida depois que a crucificação de sua própria vontade tivesse sido completada.

Por mais que ore para que a vontade de Deus seja feita, às vezes é assustador imaginar tomar o primeiro passo necessário para matar a minha. E, no entanto, quando Santa Faustina conseguiu fazer exatamente isso, recebeu um presente além de qualquer coisa que eu pudesse imaginar: a promessa de Jesus de que ela jamais seria julgada (Diário, 374). Ela não tinha nada a temer pelo resto de sua vida, pois substituindo sua vontade com a de Deus, ela assegurou que tudo que ela faria seria motivada pelo amor, e o inferno nunca poderia reivindicá-la.

Nós provamos tanto a morte quanto a redenção sempre que aceitamos o sofrimento por causa do amor. Como humanos, queremos evitar a dor, mas, como seres feitos à imagem de Deus, sabemos inatamente que o amor vale cada sacrifício.

São João nos diz: “O perfeito amor lança fora o medo” (1 Jo 4:18). Quando decidimos que o Amor é e sempre deve ser supremo em nossas vidas, nossas próprias vontades se afogam nesse Amor, e com nossas vontades nossos medos: medo da humilhação, medo da rejeição, medo de ser ferido e, finalmente, como Jesus prometeu a São Faustina, medo da condenação.

Então poderemos estar diante de Deus com perfeita confiança, pois saberemos que em nós Ele não verá nada além de um reflexo de Sua própria bondade.

 

 

 

Fonte: Marian Tascio – The Divine Mercy