“Se um grande médico desceu do céu é porque havia um grande enfermo necessitado
de cura: o mundo todo”
– diz Santo Agostinho.

Ao nascer numa gruta, o fornece um remédio para essas enfermidades, contrapondo o orgulho à máxima humildade, a afeição pelas coisas temporais à pobreza, e a sensualidade à mortificação.

Ele é o verdadeiro médico que traz para as feridas da alma humana o bálsamo que alivia, que o anima pelo Seu exemplo e que o retira da sua máxima miséria. Esse é o início da misericordiosa ação de Cristo.

No nascimento de Jesus Cristo e nas circunstâncias que acompanharam esse acontecimento (…), o Salvador manifesta a Sua misericórdia, porquanto nos ensina que a verdade e a felicidade não consistem na ostentação exterior e na riqueza, na fama e no reconhecimento das pessoas. Ele queria igualmente nos exortar à penitência e à abnegação.

Nós tínhamos necessidade não apenas da doutrina, que Jesus Cristo mais tarde desenvolveria, mas do exemplo vivo da penitência e da abnegação. Eis que temos esse exemplo no Menino, deitado na dura manjedoura, no frio e na espessa escuridão; no Menino desprezado, abandonado e privado de dignas condições, que teve que vir ao mundo em circunstâncias tão primitivas, como só as têm as crianças das famílias mais miseráveis.

Na manjedoura de Belém, Jesus Cristo anuncia qual será o espírito que guiará toda a Sua vida, qual será a lei que apresentará à humanidade inteira e como será o Seu Reino. Agora derrama lágrimas, mas com o tempo derramará Seu Sangue pela nossa salvação. Vemos, pois, como já na manjedoura é Rei de Misericórdia, que tira os pecados do mundo.

A partir desse momento Deus olhará para os homens somente através de Cristo, e os homens vão recorrer a Deus através do novo Mediador, que é, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.

 

 

Texto adaptado do livro A Misericórdia de Deus em suas obras.
Editora Apostolado da Divina Misericórdia, Curitiba-PR.