Em Nazaré, aprendemos a viver o amor incondicional. Em nossas famílias, em nosso casamento, temos que amar com o amor do próprio Cristo, isto é, com o amor sobrenatural. Manifestamos o amor de Cristo quando nos amamos mutuamente, amamos nossos filhos e próximos, rezamos por eles, particularmente quando rezamos juntos. Nesse sentido, permanecemos no Seu mandamento do amor, quando resistimos à tentação, quando contritos reconhecemos os nossos pecados, pedimos perdão e perdoamos, ou quando por causa Dele aceitamos a cruz da vida cotidiana, suportando pacientemente as dificuldades do dia-a-dia.

Na Sagrada Família todas as relações eram puramente sobrenaturais. Nós, contudo, na escola da Sagrada Família, chegamos marcados pelo egoísmo e pelo orgulho, o que torna os laços entre nós em grande medida relações puramente “humanas”; isto significa que ainda não amamos de modo sobrenatural. A nossa fé é fraca, por isso é para nós difícil olhar através dos olhos de Deus em tudo o que nos rodeia. É difícil descobrir Cristo, que têm a face do cônjuge.


Assim foi em nosso casamento, disso provinham muitos mal-entendidos, expectativas não cumpridas e inclusive feridas mútuas. Às vezes, realmente era muito difícil para nós, o que nos jogava de joelhos no chão. Cristo anseia unir nossos corações, marido e mulher, através do caminho do desenvolvimento espiritual, que podemos ver à nossa frente na medida do crescimento da nossa fé. Muito nos ajudou nisso os sacerdotes, diretores espirituais, assim como a graça de tomar parte no Movimento das Famílias de Nazaré, onde tivemos a oportunidade de compartilhar a vivencia da fé com outros casais; grande auxílio foi para nós os testemunhos que deles ouvíamos.

A vivência dos sacramentos unida à ajuda que Deus nos concedia através do movimento das Famílias de Nazaré fez com que aprendêssemos a construir nosso relacionamento na forma mais sobrenatural. Cada vez mais íamos descobrindo a presença de Cristo, sobretudo em nosso matrimônio. Desta forma o jugo tornava-se suave e o fardo leve. Por esta via ainda nos surpreende o tesouro do nosso casamento. Vemos cada vez mais que a geração mais jovem tem medo de seguir por esta via pela qual desejamos seguir, apesar da nossa fraqueza, compartilhando o tesouro e felicidade que esse sacramento extraordinário que é o matrimônio nos concede.

A família é preciosa aos olhos de Deus! Fomos criados por Amor e para o Amor. Deus nos ama pessoalmente, a cada um de nós Ele ama com um amor infinito e quer partilhar conosco o Seu Amor, para que possamos participar eternamente em sua Vida, na Santíssima Trindade. Ele nos criou por amor e deseja que aprendamos a amar da mesma forma que Ele nos ama. Para que cresçamos em direção ao Amor, Ele nos dá as melhores condições, e isso desde o princípio do nosso caminho ‒ na família. Não foi diferente a forma que Deus Pai utilizou para com Seu filho, dando a Ele São José e a Virgem Maria, como pais na terra. Desde então são o mais perfeito modelo de santidade para cada família. A Sagrada Família é também um reflexo da Santíssima Trindade.

Somos frutos do amor dos nossos pais, alimentados pelo amor deles. Quantas preocupações, noites sem dormir, conversas difíceis do casamento, pelas quais eles procuraram, juntos, a vontade de Deus para os filhos e a família. Nessa atmosfera de amor dos pais aprendemos a amá-los, a amar aos irmãos e às outras pessoas. Mais tarde, durante o período difícil da adolescência, avançamos na via do aprendizado da arte de dar e receber o bem, via da abnegação no dom de si. Isso tudo nos conduz a nos preparar para o casamento, ou seja, a seguir mais além na escola do amor segundo o modelo da Sagrada Família.

No dia do casamento, a Igreja muitas vezes dá como alimento, para a jornada que os noivos se comprometem a trilhar juntos, as palavras do hino à caridade de São Paulo: A caridade é paciente, a caridade é prestativa. Não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho; nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará… (1 Cor 13, 1-8). Desde a celebração do casamento até o fim da vida na terra, o nosso objetivo será a plenitude da comunhão com Deus através do crescimento no amor conjugal e familiar. Isto nos dá uma perspectiva incomum de multiplicação do bem. É uma resposta eficaz à inundação do mal no mundo de hoje que brutalmente tenta destruir o casamento e a família.

Xavier e Hania Bordas
Texto extraído da Revista Divina Misericórdia – edição 50

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