A ressurreição de Jesus Cristo é a coroa da vida e da atividade do Salvador do mundo, a complementação da obra da redenção e a manifestação definitiva da infinita misericórdia de Deus.

O principal objetivo da atividade de Jesus era a manifestação da Sua Divindade. A isso visavam os Seus ensinamentos e milagres. Mas a essas provas faltava a ressurreição, como o momento mais nítido e mais convincente.

O próprio Salvador apontava para a ressurreição como para o principal milagre e a mais importante prova da Sua Divindade, como para um sinal visível do céu que os fariseus estavam exigindo.

Agora esse milagre foi realizado com o Seu corpo, que era sem vida e reviveu pelo Seu poder, reviveu para a vida glorificada. Jesus ressuscitado colocou-se sobre a pedra como sobre um pedestal e olha triunfalmente para todos os Seus inimigos, que em sua impotência ou precisam Nele acreditar, reconhecendo-O como Deus, ou vergonhosamente perecer.

O segundo objetivo da atividade de Cristo Senhor foi libertar-nos do poder do demônio, que pelas concupiscências, pelo pecado e pela morte havia conquistado a humanidade toda sob o seu jugo e lhe tinha roubado a paz, a graça e a imortalidade.

Jesus nos ajuda a destruir a concupiscência e o pecado pelo Seu sublime exemplo de todas as virtudes no grau mais elevado, e alcançou-nos a graça da vida sobrenatural pela Sua amarga paixão e morte na cruz. Restava ainda a morte, que era preciso dominar. Aqui se desenrolou a luta definitiva e decisiva.

O inferno se utilizou de todas as forças, mobilizou todos os seus servos e meios para infligir a morte ao Doador da vida, e não uma morte qualquer, mas a mais terrível − a morte de cruz. Pela Sua gloriosa ressurreição o Salvador submeteu-se a essa morte sem protestar. O último inimigo a ser vencido é a morte. Com efeito, Deus pôs tudo debaixo de seus pés (1 Cor 15,26-27).

Jesus Cristo venceu esse último inimigo na ressurreição, e por isso pode exclamar: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Cor 15,55).

Finalmente, a ressurreição de Jesus Cristo é a coroa e a complementação de toda a atividade do Deus-Homem, a posse do Reino Celestial, o início da vida glorificada de que a Palavra gozava desde o início e a manifestação definitiva da infinita misericórdia de Deus.

A vida glorificada era o objetivo do Deus-Homem, e a paixão era apenas um ponto de passagem e uma preparação para essa vida. Agora Jesus a iniciou e não voltará mais à antiga vida de sofrimentos, − esta é uma vida inteiramente nova, maravilhosa, imortal e verdadeiramente divina, − uma vida de certa forma comunitária, visto que a ela convoca e destina todos os Seus adeptos − não pelos méritos deles, mas unicamente em razão da Sua infinita misericórdia.

A vida glorificada de Jesus Cristo é o modelo, o sinal e a causa da nossa vida glorificada, que está igualmente à nossa espera no futuro. Portanto, a ressurreição de Cristo é a complementação da redenção, que se concretiza definitivamente na vida glorificada.

Por essa vida o Salvador fez tudo: venceu os maiores inimigos, recuperou os bens perdidos pelo pecado, realizou todos os planos eternos de Deus, todos os propósitos da Santíssima Trindade para a redenção, cumpriu com toda exatidão a vontade do Pai Celestial e agora é enaltecido pela glória que teve desde o princípio.

Agora nada mais resta senão assegurar às pessoas de boa vontade a paz na terra, a respeito da qual cantaram os Anjos sobre a gruta de Belém.

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais” (Jo 11,25-26), disse Jesus à Marta, na ressurreição de Lázaro.

 

Agora concretiza isso pela Sua ressurreição e por assegurar essa ressurreição a nós, porquanto a Sua vitória é a nossa vitória! A Sua glória é a nossa glória, porque a Sua ressurreição é ao mesmo tempo também a nossa ressurreição! Não pode esquecer-se de nós, visto que tudo empreendeu por nós, tudo por nós obteve, tudo repartiu conosco.

Vemos que Senhor maravilhoso, imortal, poderoso e sobretudo imensamente misericordioso temos Nele, que nos dá tudo que tem, até a Si mesmo.

Esta reflexão nos enche de grande coragem e confiança. Porquanto, o que nos resta temer, se já até a morte foi vencida? Afinal a nós, cristãos, não pode ser infligida a morte!

Cristo é poderoso e misericordioso, imortal e vitorioso, e por isso também tudo que com Ele está unido é imortal: a Sua doutrina, a Sua Igreja, os Seus eleitos, suas obras, os sofrimentos e a própria morte deles.

Que temam aqueles que não acreditam em Cristo, e que duvidem os ímpios! Mas nós só temos que nos alegrar, contentar e glorificar a infinita misericórdia de Deus, demonstrada a nós neste mistério da ressurreição, o máximo mistério da misericórdia de Deus.

 

 

 

Texto reduzido e adaptado do livro “A Misericórdia de Deus em Suas obras – volume 2”, Editora Apostolado da Divina Misericórdia, Curitiba-PR.