No dia 27 de janeiro foi celebrado o Dia internacional de comemoração em memória das vítimas do holocausto. Nesse dia, um dia como hoje, faz 70 anos, foi realizado a libertação das vítimas que restavam no campo de extermínio da Auschwitz, o maior dos construídos durante a Segunda Guerra Mundial. A Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu que nesse dia se recordasse (de um modo institucional) as vítimas do holocausto, elaborando inclusive programas educativos que permitam conhecer e recordar a catástrofe, com o fim de prevenir novos genocídios. Durante esses dias, portanto, se celebram exposições, conferências, debates e projeções em torno da liberdade, da vida e do legado dos sobreviventes do holocausto.
Nesses 70 anos, que nos separam dessa página da história, de vários cantos do mundo, chegam a Roma testemunhos de judeus, fugitivos ou veteranos dos campos agradecendo, através de cartas ou pessoalmente, por terem suas vidas salvas pela ação do Papa Pio XII.
Pio XII salvou mais judeus do que Schindler, pelo menos 3 mil foram abrigados na residência papal de Castel Gandolfo. Contudo, após a abertura ao diálogo cristão-judeu que se intensificou com o papado de Bento XVI, muito se tem discutido a respeito da canonização de Pio XII. Durante décadas o Papa Pacelli foi criticado massivamente por grupos judeus e pela imprensa mundial, que o acusaram de omissão frente à grande Shoah (holocausto nazista).
Heroicidade do Papa
O velho ditado popular diz: “só o tempo mostrará a verdade”. E é isso que tem ocorrido com o “Caso Pio XII”. O prestigiado historiador judeu David Dalin, numa entrevista a ZENIT em 2011, afirmou: “Durante o século XX o povo judeu não teve um amigo maior do que Pio XII”, e acrescentou: “Durante a Segunda Guerra Mundial, Pio XII salvou mais vidas judias do que qualquer outra pessoa, inclusive mais que Raoul Wallenberg ou Oskar Schindler”.
Dalin afirma estar interessado na verdade histórica dos fatos, embora reconheça que nem todos os jornalistas compartilham da mesma intenção. O historiador hebreu afirma que tais jornalistas “se inspiraram na obra teatral “O Vigário”, de Rolf Hochhuth, que não tem valor histórico, mas que lança polêmicas acusações contra este Papa”. Acredita que deveriam dar valor a obras mais sérias como a de Pinchas Lapide, que foi cônsul geral de Israel em Milão, e documentou “como Pio XII favoreceu o salvamento de pelo menos 700 mil judeus de mãos nazistas”, afirmou David Dalin.
O que Pio XII fez para ajudar o povo hebreu?
Na entrevista à agência de notícia católica, falou David : “Não ficou em silêncio, falou em voz alta contra Hitler e quase todos viram nele um opositor do regime nazista”.
Durante o período em que a Itália foi invadida por tropas nazistas, mais intensamente em Roma, “Pio XII deu secretamente instrução ao clero católico para que salvasse todas as vidas humanas possíveis, com todos os meios. Deste modo, salvou milhares de judeus italianos da deportação”, afirmou Dalin.
Dizem os dados que pelos 3 mil judeus foram abrigados na residência papal de Castel Gandolfo. O impacto desta obra realizada a mando de Pio XII se confirma de maneira estatística: 80% dos judeus europeus morreram naquele período e, graças à ação do Papa Eugenio Pacelli, 80% de judeus italianos foram salvos.
Mesmo nas menores cidades italianas, como foi o caso de Salvaro, cidade norte-italiana, à beira do rio Reno, a ação do Santo Padre teve sua repercussão. O padre Martino Capelli, servo de Deus da congregação dos Padres Dehonianos, escondeu da Gestapo muitos judeus; sendo, inclusive, fuzilado pelos nazistas ao lado de algumas pessoas do “Povo Eleito”.
A questão da suposta omissão de Pio XII
O foco das críticas ao Papa Pio XII está no seu “silêncio mortal”. Sobre isso, o renomado historiador judeu afirmou: “seu silêncio foi uma eficaz estratégia orientada para proteger o maior número de judeus possível da deportação. Uma denúncia explícita e dura contra os nazistas por parte do Papa teria sido um convite à represália e teria piorado a situação dos judeus em toda a Europa”. Esta atitude tomada pelo Santo Padre nos remonta à atitude do bispo de Münster que queria se pronunciar, em território alemão, de maneira explícita contra perseguição nazista aos judeus, porém recebeu orientações dos “responsáveis das comunidades judaicas de sua diocese, que lhe suplicaram que não o fizesse, pois provocaria uma repressão mais dura contra eles”, concluiu David Dalin sua entrevista.
Da equipe de redação com Reparatoris