Para o cristão, períodos como a Quaresma ou momentos de dificuldade são, de alguma maneira, uma forma de estar com Jesus no deserto e enfrentar com Ele as tentações do maligno. Quem se atreveu a tentar o próprio Filho de Deus para desviá-lo da sua missão, certamente não hesitará em fazer-nos cair nos pecados do ter, do prazer e do poder.
Analisemos o que poderíamos chamar de “psicologia da tentação”, porque isso nos ajudará a evidenciá-la:
O que é a tentação?
A tentação é uma forte atração externa que encontra um eco em nosso interior.
Por que sofremos a tentação?
Porque somos livres. A tentação é a prova da nossa liberdade.
Todos nós somos tentados?
Sim, de maneira que todos nós somos submetidos às tentações; O próprio Jesus Cristo se submeteu à tentação.
As tentações são ruins?
As tentações são apenas tentações. O mal consiste em deixar-nos levar por elas, quando caímos em sua sedução; mas é um bem para nós quando conseguimos vencê-las.
Vejamos agora como as tentações agem. Poderíamos chamar isso de “fenomenologia das tentações”.
A tentação se apresenta como:
– Algo muito apetitoso aos nossos sentidos.
– Um desafio para a nossa liberdade.
– Uma verdade que vai reafirmar nossa personalidade.
– Algo que nos fará curtir e ser muito felizes.
– Razões inclusive com argumentos religiosos (bíblicos, teológicos ou canônicos).
Mas, na realidade, a tentação é como um anzol. Quem o morde, acaba se destruindo. Ainda que quem se deixa levar pela tentação tenha uma experiência satisfatória, esta será fugaz e seus efeitos causarão estragos na pessoa caída, enfraquecendo sua vontade (da próxima vez, cairá com mais facilidade), fazendo-a perder a graça de Deus; ofendendo Deus, o próximo e a si mesma; afastando-a da Igreja e cavando uma brecha entre o sujeito e sua família, entre quem peca e as pessoas que a cercam.
Tipos de tentações
A tradição da Igreja sempre identificou 3 tipos de tentações, que se veem refletidas naquelas com as quais o tentador quis fazer Jesus cair no deserto.
Tentação do poder
Ela se dá em qualquer âmbito: político, social, familiar, laboral, religioso etc., e se apresenta como uma afirmação perversa do “eu”. Por exemplo: “Eu posso fazer tudo o que eu quiser”.
Tentação do ter
Muito explorada pela sociedade consumista, ela entra por uma publicidade impiedosa, fazendo as pessoas acreditarem que, quanto mais coisas tiverem, mais valor como pessoas terão.
Tentação do prazer
Reduz a vida humana às sensações prazerosas. A pessoa busca curtir tudo o que quiser, ainda que isso implique afastar-se da vontade de Deus.
Como vencer as tentações?
Quem não treina para vencer estas tentações desde criança, depois terá mais dificuldade. As tentações podem ser vencidas por meio da reflexão, da oração e do exercício das virtudes.
Reflexão
É importante percebermos o que mais nos tenta; analisar nós mesmos, para ver quão fraca está nossa vontade; não nos enganar. Diferenciar com toda clareza o branco do preto, sem nos deter em tonalidades cinzas, e prever, vigiar e não nos deixarmos surpreender.
Oração
Também é fundamental pedir ajuda a Deus, porque somente com as nossas forças não poderemos vencer a tentação; precisamos ser muito amigos de Deus para que seja Ele quem vença por nós; elevar em todo momento nosso coração a Deus, receber assiduamente os sacramentos e fazer adoração e visitas as Santíssimo.
Exercício das virtudes
Precisamos estabelecer propósitos concretos para fortalecer nossa vontade.
– Com relação ao domínio de nós mesmos: cuidado com o excesso na comida e na bebida; responsabilidade no cumprimento dos deveres em casa, nos estudos, no trabalho.
– Com relação à vida social: não esquecer da fidelidade, melhorar a relação com o cônjuge, com os pais e irmãos, praticar a amabilidade; ter sempre um sorriso no rosto e ser prestativos.
fonte: Desde la fe