Quis a Igreja recordar os fiéis que o Coração de Jesus é fonte de inesgotável misericórdia
Na Bíblia Sagrada o coração é o símbolo do amor divino. E Jesus é a encarnação desse amor. “Eu vivi na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim (Gl 2,20)”, refletiu São Paulo no início do cristianismo.
Hoje, o Sagrado Coração de Jesus é a imagem do Seu amor pela humanidade. Para Santa Faustina Kowalska, Jesus revelou: “sou puro Amor e a própria Misericórdia”; e ainda indicou: “adora o Meu Coração, que está cheio de misericórdia” (Diário, 1074 e 572).
Jesus também fez uma declaração que perpetuamente faz a cada um de nós: “Por ti desci do céu à terra, por ti permiti que Me pregassem na Cruz, por ti permiti que fosse aberto pela lança o Meu Sacratíssimo Coração e, assim, abri para ti uma Fonte de Misericórdia. Vem haurir graças dessa fonte com o vaso da confiança” (Diário, 1485).
Observe que além de evidenciar Seu amor, Jesus deu-nos uma pista sobre como alcançamos as graças que Ele tem para distribuir: a confiança. A confiança é como que o vaso com qual colhemos as graças da Misericórdia Divina. “Quando uma alma se aproxima de Mim com confiança, encho-a com
tantas graças que ela não pode encerrá-las todas em si mesma e as irradia para as outras almas” (Diário, 1074).
Santa Faustina teve uma profunda compreensão do amor misericordioso de Deus. Ela fez de sua vida uma constante súplica à Misericórdia Divina em favor dos pecadores. Certa vez, assim ela expressou: “Ó Coração santíssimo, fonte de misericórdia, do qual brotam raios de graças incompreensíveis para todo o gênero humano, suplico-Vos luz para os pobres pecadores. Ó Jesus, lembrai-Vos da Vossa amarga Paixão e não permitais que se percam almas remidas com o Vosso preciosíssimo e santíssimo Sangue” (Diário, 72).
Foi também por meio de Santa Faustina que Jesus deixou a mais bela e completa jaculatória que enaltece a sua misericórdia e nos convida à confiança ao Seu Coração: “Ó Sangue e Água, que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu confio em Vós!” (Diário, 84).
Duas devoções, um mesmo propósito
Assim como desejou a Festa da Misericórdia, Jesus também quis que seus filhos glorificassem Seu Sagrado Coração. O motivo para isso encontramos nestas palavras: “Não quero castigar a sofrida humanidade, mas desejo curá-la estreitando-a ao Meu misericordioso Coração” (Diário, 1588).
Foi para a Santa Margarida Maria Alacoque entre os anos de 1673 e 1675 que Jesus transmitiu ao mundo a devoção ao Seu Sagrado Coração. Para a Santa Alacoque ele deixou 12 promessas àqueles que participarem das comunhões reparadoras das primeiras sextas-feiras. Uma das promessas tem o conteúdo muito próximo do que encontramos no Diário de Santa Faustina. Diz a promessa: “Os pecadores acharão, em meu coração, a fonte e o oceano infinito de misericórdia”.
Sobre tal semelhança é certo que não poderia ser diferente. O Sagrado Coração de Jesus transborda amor e misericórdia. A misericórdia é a maneira de como o Seu amor nos alcança. Santa Faustina encontrou uma forma simples e poética para expressar isso: “O amor de Deus é a flor — a misericórdia, o fruto” (Diário, 949).
Honrar o Sagrado Coração de Jesus ou venerar a Imagem de Jesus Misericordioso é glorificar a Misericórdia Divina. Uma e outra devoção nos incentiva, por mais pecadores que sejamos, a nos abrirmos com confiança a ação misericordiosa de Deus em nossas vidas.
Como incentivou Faustina, Jesus incentiva a todos nós: “reclina a tua cabeça sobre Meu peito, sobre o Meu Coração, e tira dele força e vigor para todos os sofrimentos, porque em nenhum lugar encontrarás alívio, ajuda ou consolo” (Diário, 36). Semelhante a isso, deixou-nos também a promessa por meio de Santa Alacoque: “Hei de consolá-los em todas as dificuldades”.