Foto: Arquivo Canção Nova

 

Em 4 de setembro de 2016, o Papa Francisco canonizou a Madre Teresa de Calcutá, uma das figuras mais emblemáticas da Igreja Católica e do mundo no século XX.

O Pontífice a descreveu como “uma dispensadora generosa da misericórdia divina”, durante a missa de canonização, que foi celebrada num domingo na Praça de São Pedro, Vaticano, com a participação de 120 mil pessoas de todo o mundo.

Sua festa litúrgica celebramos em 5 de setembro.

“Se de verdade queremos que haja paz no mundo, comecemos por nos amarmos uns aos outros no seio das nossas próprias famílias”

 

Quem é Santa Teresa de Calcutá?

É fácil compreendê-la; basta sabermos estas duas palavras: “Tenho sede.” Essas palavras do Coração de Jesus, pronunciadas enquanto agonizava na Cruz, eram tudo para Madre Teresa, eram sua principal preocupação – e o mesmo poderia ser dito de Nossa Senhora.

O desejo mais profundo delas é saciar a sede de amor e de almas que tem o Coração de Jesus. Neste sentido, a vida de Madre Teresa é uma revelação do Coração de Maria.

Vejamos um resumo da vida dela.

Vida de Teresa de Calcutá

A paróquia a que pertencia Madre Teresa em sua terra natal, a Macedônia, se chamava justamente Sagrado Coração. Justamente, por isso, como ela mesma disse: “Desde a infância, o Coração de Jesus foi meu primeiro amor.”(1)

Esse amor pode ter começado quando, com cinco anos de idade, recebeu pela primeira vez o Coração Eucarístico de Jesus. Naquela ocasião, ela experimentou a própria sede de almas que tem o Senhor.

Ao longo dos anos, essa sede cresceu e se transformou em convicção quando ela, aos 12 anos, convenceu-se de que Deus a chamava para ser uma missionária.

Quando ela completou 18 anos, entrou para o Instituto da Santíssima Virgem (As Irmãs de Loreto) e se candidatou para participar das missões da congregação em Bengala, Índia, para onde foi enviada no ano seguinte.

Após um ano de noviciado, Teresa foi designada para ficar na comunidade das Irmãs de Loreto, em Calcutá, e dar aulas na St. Mary’s Bengali Medium School para meninas. A nova irmã serviria lá por mais de quinze anos.

Os anos de Madre Teresa na escola foram felizes. Ela era uma irmã alegre, generosa e trabalhadora. Na verdade, ela era tão generosa com o Senhor, que, com a permissão de seu diretor espiritual, fez um voto extraordinário: não negar nada a Jesus.

Cinco anos depois, Jesus testou esse voto de um modo significativo. No dia 10 de setembro de 1946, estando no trem rumo ao seu retiro anual, a irmã, então com 36 anos, experimentou o que descreveu como “um chamado dentro de um chamado”.

Os detalhes desse chamado se tornaram mais claros, nas semanas e meses subsequentes, por meio de uma torrente de experiências místicas, inclusive algumas visões. No centro desse chamado estava a sede intensa de amor de almas que Jesus tem e um apelo para que Teresa funde a congregação das Missionárias da Caridade. Com relação ao segundo pedido, como se estivesse a lembrá-la do voto que fizera, Jesus continuava repetindo: “Não aceitarás?”(2)

Madre Teresa não negou o pedido do Senhor. Após o retiro, ela falou com seu diretor espiritual e, com a permissão dele, entrou em contato com o bispo. Quando hesitou em aprovar seus planos, ela lhe escreveu: “Não demores, Excelência, não demores. Afastemos do Coração de Jesus Seu contínuo sofrimento”.(3)

Na mesma carta, ela repetiu esta ideia: “Alegremos o Coração de Jesus e removamos de Seu Coração aqueles terríveis sofrimentos.”(4)

Finalmente, o bispo deu a aprovação, e Madre Teresa fundou as Missionárias da Caridade, cujo propósito geral ela descreveu da seguinte maneira: “Saciar a sede de amor e de almas de Jesus Cristo na Cruz”.(5)

Desde o início da nova congregação, Madre Teresa começou a experimentar com uma “terrível escuridão” em sua alma, “como se tudo estivesse morto”.(6) Às vezes parecia algo insuportável, de modo que muitas vezes ela esteve à beira do desespero.

Em 1961, ela viu uma luz na escuridão. Após uma conversa com um santo sacerdote, ela compreendeu que seu doloroso anseio era na verdade uma participação na sede de Jesus: “Pela primeira vez em 11 anos, comecei a amar a escuridão. Pois agora creio que é uma parte, uma pequeníssima parte, da dor e da escuridão de Jesus na terra.”(7)

A experiência que Madre Teresa teve da escuridão e da ânsia dolorosa continuou até o fim de sua vida. Ela obteve forças para perseverar porque, como disse seu diretor espiritual, compreendeu que a escuridão era na verdade um “elo misterioso” que a unia ao Coração de Jesus.(8)

E quanto a nós?

Já conseguimos compreender o elo misterioso entre a escuridão que às vezes experimentamos em nossas próprias vidas e a escuridão do sofrimento do Senhor?

Meditemos sobre as palavras de Madre Teresa a respeito do sofrimento que ela experimentou, para que, desse modo, possamos amar mais o Coração de Jesus:

Temos de sofrer porque, se olharmos para a cruz, veremos que a cabeça Dele está inclinada para baixo – Ele quer vos beijar –, e suas mãos estão abertas – Ele quer vos abraçar. Seu coração está aberto para vos receber. Então, quando vos sentis infelizes, basta olhardes para a cruz e sabereis o que está acontecendo. Sofrimento, dor, tristeza, humilhação, sentimentos de solidão, tudo isso não é nada senão o beijo de Jesus, um sinal de que chegastes o suficientemente perto para que Ele possa vos beijar. Compreendeis isso, irmãos, irmãs ou quem quer que sejais? Sofrimento, dor, humilhação – tudo isso é o beijo de Jesus. Às vezes chegais tão perto de Jesus na cruz a ponto de Ele conseguir vos beijar. Certa vez disse isso a uma senhorita que estava sofrendo muito. Ela respondeu: “Pede a Jesus que pare de me beijar.” Esse sofrimento tem de estar presente, pois esteve presente na vida de Nossa Senhora e na vida de Jesus e justamente por isso tem de estar presente em nossas vidas também. Basta que jamais fiqueis amuadas. O sofrimento é um dom de Deus. É algo que diz respeito à nossa relação pessoal com Jesus.(9)

 

Oração de hoje:

Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria. Ajudai-me a encontrar o amor do Coração de Jesus escondido na escuridão.

 


Notas:

1 Mother Teresa: Come Be My Light: The Private Writings of the “Saint of Calcutta” [Madre Teresa: Sede Minha Luz: Os Escritos Privados da “Santa de Calcutá”], ed. Brian Kolodiejchuk, MC. New York: Doubleday, 2007, p. 14.
2 Ibid., p. 48.
3 Ibid., p. 67.
4 Ibid., p. 68.
5 Ibid., p. 41
6 Ibid., p. 149.
7 Ibid., p. 214.
8 Ibid., p. 216.
9 A Life for God: Mother Teresa Treasury, ed. Lavonne Neff. New York: Harpercollins, 1996, p. 139.


Texto retirado do livro: 33 dias Para um Amanhecer Glorioso

Num período de  33 dias, o leitor é conduzido a uma profunda reflexão a partir da espiritualidade mariana de quatro importantes santos: São Luís de Montfort, São Maximiliano Kolbe, São João Paulo II e Santa Teresa de Calcutá.

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