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Teólogo do Papa: “As Conferências Episcopais não podem mudar a doutrina”.

O Padre Wojciech Giertych, teólogo da residência papal, sentou-se com Life Site News durante a última semana do Sínodo da Família para discutir alguns dos temas considerados durante a reunião dos bispos reunidos para discutir os desafios da família.

 Life Site News: A consciência é uma janela para a verdade, de acordo com o teólogo papal. E um ato de consciência é um ato de razão, não é algo que se confunda com os sentimentos.

No entanto, como teólogo de cabeceira do Papa, o padre Giertych é um recurso valioso para tratar de temas do Magistério da Igreja. E é capaz de oferecer clareza em algumas das áreas amplamente discutidas no sínodo.

Dada a questão subjacente de consciência durante as reuniões do Sínodo, LifeSiteNews perguntou ao Padre Giertych sobre a indiferença ao pecado na sociedade e suas implicações. Ele concordou que há uma ausência de sentido de pecado em muitas partes do mundo, e que seus efeitos estão tendo consequências na vida das pessoas.

“Se a percepção da verdade moral é confusa, as pessoas estão perdidas”, disse o padre Giertych. “As pessoas não estão muito seguras do que é correto e do que está mal”.

Como resultado disso, se recorre à consciência como uma forma de permitir às pessoas atuar segundo seus impulsos e desejos, sem considerar o pecado ou suas consequências.

No que diz respeito ao sínodo, um termo que recebeu atenção foi a “inviolabilidade da consciência”, que busca estabelecer a consciência individual como a máxima autoridade, sem necessariamente primeiro definir o que é a consciência. O Padre Giertych disse para a LifeSiteNews que temos de ser cuidadosos com o que se entende por “consciência”. “A consciência é o ato da razão prática”, disse ele.

“Muitas pessoas confundem a consciência com os sentimentos”, disse o padre Giertych. “Os sentimentos são secundários; a consciência é uma janela para a verdade… a consciência deve ser formada para ver a verdade”.

“Não devemos confundir nossa consciência com os nossos sentimentos”, continuou ele. “Ao contrário, devemos ir à verdade da questão. Uma aplicação de consciência não é uma coisa arbitrária”.

“A pessoa precisa perceber a verdade da matéria” declara o Padre Giertych “através da razão” Isto significa tomar todos os fatores em consideração.

“Há três critérios específicos para determinar se a percepção individual da verdade está relacionada a um ato da consciência”, disse o Padre a LifeSiteNews. “São a intenção, o objeto e as circunstâncias. Se uma não está, o ato completo é inapropriado”.

A verdade de um ato de consciência pode variar de acordo com esses critérios.

Um exemplo que explicou foi a questão de que se um médico deve amputar um membro a um paciente. É um assunto extremamente sério, e não seria apropriado amputar a um membro que poderia ser salvo. No entanto, seria todo o contrário se deixando o membro fosse matar o paciente.

O Padre Giertych disse que, embora as condições que estabelecem o critério que envolve um ato de consciência pode variar, a definição de consciência e sua aplicação não muda.

“A ideia de uma consciência subjetiva com a que invento os meus próprios princípios morais à medida que vão surgindo é absurda. Está completamente equivocada”, disse o Padre para LifeSiteNews.

O conceito de consciência se filtrou muito nas discussões do sínodo, e se relaciona diretamente aos problemas morais que se discutiram ali.

Entre os temas mais discutidos esteve a santa Comunhão para os católicos divorciados que voltaram a casar civilmente.

O Padre Giertych revisou para LifeSiteNews a questão fundamental sobre quem deve apresentar-se à Eucaristia.

“Cada pessoa, antes de receber a Sagrada Comunhão, deve julgar se recebe a Comunhão dignamente, acreditando que é o corpo, sangue, alma e divindade de Jesus Cristo sob as espécies do pão e do vinho”, disse ele “e que o indivíduo está em estado de graça. Isso significa se está consciente de não haver cometido pecado mortal”.

“Quando alguém está em estado de pecado grave”, disse o padre Giertych, “deve ser absolvido desse pecado antes de apresentar-se para a Comunhão. Se este for o caso, deve ir à confissão para ser absolvido do pecado”, disse.

“Uma perfeita conversão é necessário para receber dignamente a Comunhão “, continuou o teólogo do Papa, “e isso significa uma conversão para Deus e uma aversão ao pecado”.

“O mesmo se pode dizer de cada tentação”, disse o padre Giertych. “E tal é o caso dos católicos que vivem objetivamente em uma situação o que é contrário à verdade moral”.

“Ninguém tem direito à Comunhão; pelo contrário, é um dom do Senhor ao qual se deve o adequado tratamento e reverência”

“As graças de Deus – as recebemos como um dom, um presente de Deus”, disse o Padre Giertych, “diante disso, devemos permanecer em uma atitude de gratidão. Se nos aproximamos dos dons de Deus com uma lista de exigências, se destrói a pureza da nossa relação com Deus. De tal forma que qualquer sentimento de que ganhamos o direito é errado, é inapropriado”.

“O ensinamento de São Paulo é claro”, explicou o teólogo, “devemos ser dignos para receber a Eucaristia, não podemos recebê-la indignamente, e uma persistência no pecado torna uma pessoa indigna”.

Quando lhe foi perguntado sobre a ideia de que a Comunhão não é uma recompensa para os perfeitos, mas remédio para os doentes, o Padre Giertych esclareceu que isto não nega os elementos necessários para ser digno de receber a Comunhão.

“Os sacramentos são um alimento” disse “porém este alimento deve ser recebido estando na verdade, em um relação pura de gratidão a Deus e no reconhecimento da luz que Deus nos deu”.

O Padre Giertych assinalou que os Mandamentos e o magistério moral transmitido pela Igreja também são um presente, e que a pessoa deve aceitar todos os dons/presentes de Deus para poder aceitar algum.

“Não só recebemos Jesus nos sacramentos, mas também nos ensinamentos que acompanham os sacramentos”, disse ele.

O padre Giertych descartou a ideia de se aproximar dos sacramentos como a um supermercado, dizendo: “Você entra no supermercado e diz “quero isso, não quero aquilo’, porém em nosso relacionamento com Deus não podemos impor a nossa lista de exigências. “Quero estas graças, mas não quer aquelas outras…”. Se formos puros em nosso relacionamento com Deus, aceitamos todas elas”.

Ao argumento de que a Igreja deveria adaptar o seu magistério para se alinhar com os padrões sociais de hoje, o padre Giertych replica que esta época não é diferente de qualquer outra e que não existe nenhuma justificação para que os princípios da Igreja se vejam comprometidos.

“Não é uma novidade que muda com o tempo para que a Igreja se enfrente a novos desafios”, ele disse para LifeSiteNews. “A Igreja teve de inventar certas práticas para ajudar as pessoas a viver na sua plenitude o Evangelho no passado, mas a plenitude do Evangelho não mudou”.

“A natureza humana, os sacramentos, a graça divina, o que recebemos de Cristo e a identidade da Igreja, a missão da Igreja não mudou. Os princípios não mudaram, a natureza humana não mudou. E a direção que Deus nos dá no Verbo feito carne, isso não muda”.

Com respeito ao conceito discutido durante o sínodo de descentralização da Igreja, o padre Giertych rapidamente corrigiu a falsa ideia e o falso conceito de que o Vaticano controla tudo. Disse que o termo descentralização se refere ao governo.

Também esclareceu que a Igreja sempre defendeu o conceito de subsidiariedade – a ideia de que é sempre melhor lidar com as coisas a nível local cada vez que isso seja possível.

“Porém a ideia de que todas as questões doutrinais podem ser tratadas a nível da diocese está errada”, disse, “e não é a função dos bispos locais fazer isso”.

Os bispos individuais devem gerir os negócios de suas respectivas dioceses, porém somente dentro dos limites de manter o Magistério da Igreja. Um bispo não pode decidir questões doutrinárias, porque ele não tem a autoridade para isso e o Magistério da Igreja vem da Igreja e, portanto, não pode ser alterado.

“O bispo local deve enfrentar os problemas de suas dioceses individuais aplicando o Evangelho, o Magistério da Igreja e a tradição”, concluiu o Padre Giertych.

fonte: Life Site News

Traduzido pela equipe do Apostolado da Misericórdia.