O Terço da Divina Misericórdia é uma forma de oração intercessora que extrai seu poder e significado da Sagrada Eucaristia! Analisaremos as frases do Terço da Misericórdia para melhor entendermos a ação misericordiosa de Deus.

Confira a continuação da análise iniciada no artigo anterior.

 

3.“em expiação dos nossos pecados e dos do mundo inteiro”

“Expiação” significa literalmente “unificação”. A Eucaristia nos une novamente a Deus, nos torna “um” com Ele, restabelecendo nossa amizade com Ele, removendo as barreiras à união com Deus.

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A principal barreira, é claro, são nossos pecados e a “dívida” com a justiça divina que devemos a Deus por causa de nossos pecados. Essa dívida é totalmente compensada, apagada (ou, para usar uma linguagem teológica mais técnica: expiada, propiciada e satisfeita) pelo sacrifício perfeito do Filho de Deus em Sua perfeita vida e morte por nós. E esse sacrifício se faz presente para nós, e oferecido ao Pai, em cada missa. Assim, sempre que rezamos o Terço, estamos, de certo modo, estendendo a mesma oração eucarística. Em espírito de oração, oferecemos o infinito valor e mérito do sacrifício perfeito do Filho de Deus ao Pai.

O segredo do Terço, portanto, é que ele flui diretamente da Eucaristia. É uma oração intercessora que estende a oferta eucarística de Jesus Cristo (isto é, uma oração intercessora feita explicitamente com base na vida e morte sacrificial de Jesus Cristo e nos pedidos celestiais apresentados em todas as missas), e aplica as bênçãos desse sacrifício eucarístico às necessidades do mundo, tanto quanto essas súplicas devotas na missa podem fazer.

4. “Pela Sua dolorosa Paixão”

Esta parte do Terço não é apenas uma repetição da primeira parte. Não estamos rezando aqui para que o sacrifício do Filho de Deus cubra nossos pecados, compensando a justiça divina por eles.

Em vez disso, o polonês original dessa linha do Terço sugere outra interpretação para a intenção de oração. Um dos principais teólogos da Polônia, Ignacy Rozycki, que examinou os escritos da Irmã Faustina como parte da investigação oficial da Igreja sobre sua vida e virtudes, explicou o significado desta frase do Terço assim:

“Pela Sua dolorosa Paixão” não é um apelo de agradecimento à reparação que Jesus ofereceu por nossos pecados. A fidelidade ao espírito e à devoção exige antes um apelo ao amor e misericórdia do Pai e do Filho por nós, e a esse amor que é atestado pelos sofrimentos do Filho. Em outras palavras, enfatizamos novamente o motivo mais forte sobre o qual se baseia a eficácia do Terço: “Que tanto sofrimento não seja em vão“. Repetimos a mesma ideia que Tomás de Celano expressou no hino Dies Irae: “Exausto Você me procurou, crucificado Você me salvou, para que Suas feridas não fossem em vão”.

Por amor a Jesus, nosso Salvador, oramos ao Pai para que tudo o que Jesus sofreu por nós não seja desperdiçado, mas possa trazer nossa salvação, à medida que as graças que Seu coração misericordioso alcançou por Sua agonia e paixão são derramadas sobre nós.

O Terço, portanto, assim como a Missa, enfatiza que o sacrifício do Filho de Deus revela as profundezas do Seu amor misericordioso por este mundo perdido e destruído.

Se nosso Salvador estava disposto a ir tão longe – até ao ponto de aceitar uma morte horrível por tortura pública na Cruz, e experimentando em seu coração o sentimento de total abandono por Seu Pai celestial (ver Mt 27,45-50) – como podemos não amá-Lo e confiar Nele?

Santa Faustina viu que são as feridas da “dolorosa paixão do nosso Salvador” que nos falam claramente de Seu amor e misericórdia.

Jesus disse-lhe:
De todas as Minhas Chagas, como de torrentes, corre a misericórdia para as almas, mas a Chaga do Meu Coração é uma fonte de insondável misericórdia. Dessa fonte jorram grandes graças para as almas.” “O Meu Coração sofre porque até as almas eleitas não compreendem como é grande a Minha misericórdia.” (…) “Lembrai-vos da Minha Paixão e, se não credes nas Minhas palavras, crede ao menos nas Minhas Chagas.” (Diário de Santa Faustina, 1190 e 379).

O Terço nos permite fazer exatamente isso, centralizar a nossa mente e coração no principal testemunho do amor de Deus por nós: a dor de Seu Filho.

 

Continua…

Fonte: The Divine Mercy.
Autor: Robert Stackpole, STD, diretor do João Paulo II Instituto da Divina Misericórdia.