O Terço da Divina Misericórdia é uma forma de oração intercessora que extrai seu poder e significado da Sagrada Eucaristia! Analisaremos as frases do Terço da Misericórdia para melhor entendermos a ação misericordiosa de Deus.

Confira a parte final da análise sobre o aprofundamento do Terço da Misericórdia.

 

5. “Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro”

O Terço não é uma oração egocêntrica. Não diz “tende piedade de mim”, mas “tende piedade de nós” – o que inclui “eu” e “o mundo todo“. Rezar o Terço, portanto, não é apenas um exercício de piedade pessoal: quando entendido corretamente, é em si uma obra de misericórdia!

De fato, os benefícios que Jesus prometeu derramar sobre nós através da recitação sincera e devota do Terço são ilimitados; assim como as graças que Ele derrama sobre o mundo através das orações de intercessão oferecidas na Santa Missa são ilimitadas. A oração do Terço é como um eco, uma extensão das súplicas e intercessões que oferecemos em toda Eucaristia.

Jesus resumiu algumas das graças particulares que podemos obter através do Terço, chamando-nos a valer-se especialmente na conversão dos pecadores e para àqueles que lutam na hora da morte:

Defenderei na hora da morte, como Minha glória, toda alma que recitar esse Terço, ou quando outros o recitarem junto a um agonizante — eles conseguirão pelo agonizante a mesma indulgência. Quando recitam esse Terço junto a um agonizante, aplaca-se a ira de Deus, a misericórdia insondável envolve a alma e abrem-se as entranhas da Minha misericórdia, movidas pela dolorosa Paixão de Meu Filho.” (Diário, 811)

Santa Faustina teve uma experiência vívida do poder do Terço para os agonizantes, registrado no número 1565 do seu Diário:

“Quando entrei por um momento na capela, o Senhor me disse: Minha filha, ajuda-Me a salvar um pecador agonizante; reza por ele o Terço que te ensinei. Quando comecei a recitar esse Terço, vi o agonizante em terríveis tormentos e lutas. (…) No entanto, durante a recitação do Terço, vi Jesus da forma como está pintado na Imagem. Os raios que saíam do Coração de Jesus envolveram o enfermo, e as forças do mal fugiram em pânico. O enfermo exalou tranquilamente o último suspiro. Quando voltei a mim, compreendi como a recitação desse Terço é importante para os agonizantes: aplaca a ira de Deus.”

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A recitação devota do Terço não garante, é claro, a conversão de um pecador agonizante. O que garante é o derramamento de todas as graças necessárias para o verdadeiro arrependimento e conversão, mesmo para um pecador endurecido que não pode ou não quer orar por si mesmo. Isso nos dá uma boa esperança de que a pessoa será salva, mas a salvação depende do pecador realmente receber e cooperar com essas graças.

Santa Faustina descreveu a luta final de uma alma assim em seu Diário:

“Então, começam de certa forma a se esforçar as entranhas da misericórdia de Deus e, sem nenhuma cooperação da alma, Deus lhe dá a Sua última graça. Se a desprezar, Deus a deixará pelos séculos no estado em que ela mesma quer ficar. Essa graça sai do misericordioso Coração de Jesus, atinge a alma com sua luz, e a alma começa a compreender o esforço de Deus, mas a resposta depende dela. Ela sabe que essa graça é para ela a derradeira e, se demonstrar um pouco de boa vontade — ainda que seja o mínimo — a misericórdia de Deus fará o resto”. (Diário, 1486).

Em resumo, que tremendo presente recebemos no Terço! Num mundo em que o pecado, as forças do mal e as trevas parecem estar em toda parte “em marcha”, aqui está uma oração que podemos levar conosco em todos os lugares e que aplica o poder da Eucaristia às necessidades da humanidade.

Novamente: o Terço nos é dado como uma extensão da oferta de nossas orações na Santa Eucaristia [o Santo Sacrifício da Missa], e aplica os benefícios dessa oferta a qualquer necessidade, a qualquer momento. Esse é o segredo do Terço, e a razão de seu poder extraordinário.

6. “Deus santo, Deus forte, Deus imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro.”

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O Terço termina então com uma das mais antigas orações intercessoras da Igreja, dirigidas à Santíssima Trindade, uma oração amplamente usada nas igrejas do rito bizantino e na Sexta-feira Santa em igrejas que adoram de acordo com o Missal Romano. Esta oração ecoa as Escrituras Sagradas, o livro do profeta Isaías: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da Sua glória” (Is 6,3), e o livro do profeta Habacuc “Não és tu desde a eternidade, ó Senhor meu Deus, meu Santo?” (Hab 1,12).

Claramente, o Terço termina exatamente onde nosso misericordioso Salvador quer trazer cada um de nós: para o abraço da Santíssima Trindade. Esta é a misericórdia de todas as misericórdias, a misericórdia que Ele tem reservado para cada um de nós no final de nossa jornada, conforme prometeu São Paulo: “Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Cor 2,9).

A Trindade, afinal, brilha com o brilho infinito da Divina Misericórdia. Para aqueles que amam e confiam em Deus, certamente não há lugar melhor para se estar.

 

 

Fonte: The Divine Mercy.
Autor: Robert Stackpole, STD, diretor do João Paulo II Instituto da Divina Misericórdia.