História

A CONGREGAÇÃO DOS PADRES MARIANOS E SUA HISTÓRIA

BrasaoA Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria (Congregatio Clericorum Marianorum ab Immaculata Conceptione BVM: MIC) é uma congregação religiosa clerical fundada na Polônia em 1673 pelo Servo de Deus Estanislau de Jesus e Maria Papczynski. No dia 24 de novembro de 1699 foi aprovada por Inocêncio XII (breve Exponi nobis nuper) com base na “Regra das dez virtudes da SVM”, como a última ordem do clero regular de votos solenes na Igreja, e nos anos 1909-1910 foi renovada e reformada pelo Beato Jorge Matulaitis-Matulewicz (+ 1927).

História

Pe. Papczynski e Pe. MatulaitisPapczynski expressou pela primeira vez o ideal da nova comunidade no dia 11 de dezembro de 1670, quando estava deixando a Ordem das Escolas Pias, tendo previamente obtido o indulto de saída, e quando realizou a Oblatio, ou seja, um ato de oferecimento de si mesmo a Deus e a Maria Imaculada, e prometeu observar os votos religiosos na Sociedade dos Padres Marianos da Imaculada Conceição. Ele estava convencido de “uma visão divina que estava gravada em [sua] alma, relacionada com a fundação da Congregação da Imaculada Conceição da SVM”. Fez ao mesmo tempo o chamado “voto de sangue”, isto é, da prontidão de defender a verdade da Imaculada Conceição da SVM até a entrega da vida. O objetivo específico ao qual queria dedicar a sua nova comunidade era sobretudo a difusão do culto da Imaculada Conceição da SVM. Alguns anos depois adicionou outros objetivos: a ajuda aos falecidos, especialmente aos falecidos repentinamente e sem preparação, isto é, aos soldados e vítimas da peste, e a ajuda aos párocos no ministério pastoral, especialmente entre o “povo simples” e religiosamente abandonado.
Com o apoio do bispo de Poznan, Estêvão Wierzbowski, Papczynski fixou residência na propriedade da família Karski em Lubocza, na Masóvia, e em 1671 vestiu o hábito branco em honra da Imaculada Conceição. Ao mesmo tempo dedicou-se a escrever para a nova congregação a sua regra, que chamou de Norma vitae. A fi m de dar início ao seu instituto, em 1673 dirigiu-se à comunidade de alguns eremitas que viviam em Puszcza Korabiewska (hoje Puszcza Marianska) e lhes propôs a sua visão de vida religiosa. Os “eremitas marianos” obtiveram a aprovação eclesiástica no dia 24 de outubro de 1673 por força de um decreto do bispo Estanislau Swiecicki, durante a visitação da arquidiaconia de Varsóvia, na diocese de Poznan. No dia 22 de novembro de 1677 o bispo Estêvão Wierzbowski, ordinário de Poznan, ofereceu aos marianos a igreja do Cenáculo do Senhor em Nowa Jerozolima (hoje Góra Kalwaria), junto à qual surgiu um outro convento, e no dia 21 de abril de 1679 promoveu a ereção canônica da Ordem dos Marianos na área da diocese de Poznan.
Os marianos obtiveram o primeiro reconhecimento legal da parte da Santa Sé, juntamente com a concessão de diversas graças, no dia 20 de março de 1681 (breve de Inocêncio XII Cum sicut accepimus). A ordem obteve a aprovação pontifícia em 1699, no entanto os marianos não conseguiram obter a autorização para a profi ssão dos votos perpétuos sem a aceitação da regra religiosa e permanecendo apenas com as constituições da Norma vitae redigidas por Papczynski. Embora inicialmente esperassem tal aprovação (constitutiones pro regula), tiveram de aceitar uma das regras aprovadas pela Santa Sé. Foi escolhida a “Regra das dez virtudes da SVM”, escrita pelo Beato Gilbert Nicolas († 1532), sob a supervisão direta de S. Joana de Valois e utilizada na época pela Ordem da Virgem Maria (OVM), por ela fundada, popularmente chamada das Irmãs da Anunciação. Visto que essa regra se encontrava na jurisdição da Ordem dos Irmãos Menores Observantes, em conseqüência da sua escolha os marianos foram a ela agregados. No entanto já anteriormente, isto é, 1691, Papczynski, preocupado com o seguro e estável desenvolvimento da nova Ordem, havia pedido também aos observantes que exercessem a jurisdição sobre os marianos, com o que eles concordaram naquele mesmo ano. Depois que no dia 21 de setembro de 1699 os observantes autorizaram a profissão dos votos perpétuos com base na “Regra das dez virtudes”, no dia 24 de novembro de 1966 Inocêncio XII aprovou legalmente a Ordem dos Marianos, tendo recomendado ao núncio em Varsóvia que aceitasse os votos deles. Naquela época a ordem contava cerca de 20 membros em 3 conventos (o terceiro havia sido fundado no dia 15 de outubro de 1699 em Gozlin). Os marianos vestiam o hábito branco em honra da Imaculada Conceição da SVM e debaixo dele usavam um escapulário branco, com a imagem bordada ou gravada da Imaculada Conceição de Maria, adornado de cor azul, e no cinto traziam uma décima, ou seja, dez contas pretas do rosário, que simbolizavam as dez virtudes evangélicas da Santíssima Vigem Maria.
Papczynski foi superior geral até sua morte († 17.11.1701). Seu vigário, e mais tarde também assistente, era o pe. Joaquim Kozlowski († 1730), eleito para o cargo de superior geral, escolha que foi confirmada ainda pelo Fundador. Em 1710 os marianos assumiram mais uma fundação, em Skórzec, perto de Siedlce. Em breve, porém, o seu desenvolvimento deparou-se com obstáculos. Em conseqüência de tensões internas da jovem comunidade religiosa e da falta generalizada de sacerdotes, o bispo Adão Rostkowski, agindo em nome do bispo de Poznan Szembek, fechou o noviciado e ordenou que a partir de 1716 os marianos deixassem os conventos e se transferissem ao trabalho pastoral nas paróquias. Nos conventos permaneceram apenas 8 religiosos. Na realidade a crise também se tornava grande porque, após 1699, a Ordem dos Marianos estava aprovada pela Santa Sé, mas permanecia sem constituições aprovadas. Por essa razão, quando em 1722 saiu da crise da chamada “dispersão de Rostkowski”, o pe. J. Kozlowski viajou a Roma, onde em 1723 obteve de Inocêncio XIII a aprovação pontifícia da Ordem, bem como a aprovação das constituições redigidas com base na Norma vitae e adaptadas à “Regra das dez virtudes da SVM”.
A nova aprovação da Ordem contribuiu para o seu gradual desenvolvimento. Os anos 1725-1750 foram assinalados pela personalidade dominante do Servo de Deus Casimiro Wyszynski († 1755), que exerceu diversas funções, inclusive por duas vezes a de superior geral (1737-1741, 1747-1750). Ele iniciou e levou adiante a permanente renovação espiritual da Ordem, dando ênfase especial à estrita fidelidade ao espírito do Fundador, aliada à observância da Regra e à imitação das dez virtudes da SVM. Ele também deu início aos preparativos para a beatificação do pe. Papczynski. Nos tempos de Wyszynski ocorreu um verdadeiro desenvolvimento da Ordem, com a fundação de novos conventos: na área do Grão-Ducado da Lituânia em Rasna (1749) e em Mariampol (1749), na Volínia em Berezdow (1750), e a seguir em Portugal – em Balsamão (1754), onde também o pe. Wyszynski permaneceu e onde faleceu com fama de santidade, no dia 21.10.1755.
Na segunda metade do século XVIII ocorreu um desenvolvimento bastante rápido da Ordem, que com o tempo tornou-se uma comunidade internacional. Em Portugal foram abertos dois novos conventos, no território da República da Polônia (hoje Polônia, Lituânia, Bielo-Rússia e Ucrânia) eram fundados novos conventos, e em 1779 os marianos estabeleceram-se também na Itália, onde em Roma adquiriram dos cistercienses o convento e a igreja de S. Vito. Um sensível desenvolvimento da Ordem era perceptível durante o governo do general Raimundo Nowicki (1776-1788): em 1781 os marianos contavam 147 membros em 13 conventos. No dia 10 de março de 1786 os marianos obtiveram de Pio VI a independência dos franciscanos observantes, e no dia 27 de março de 1787 – uma nova aprovação da regra e das constituições adaptadas à nova situação legal. Nesse período, em resposta a pedidos dos bispos, os marianos intensificaram a sua atividade na pregação de missões populares, na atividade caritativa (hospitais para os pobres) e na fundação de escolas paroquiais junto a cada convento. Muitas vezes as suas paróquias transformavam-se em centros de novas paróquias.
No final do século XVIII, em conseqüência de contratempos e condicionamentos políticos, bem como em razão de perseguições da parte de governos adversários da Igreja, os maria nos entraram num período de declínio. O primeiro convento fechado em 1798 pelas autoridades de Napoleão foi o de S. Vito, em Roma. Os três conventos em Portugal foram fechados pelo governo português em 1834. Também no território da Polônia, em conseqüência das suas partilhas, a partir do século XIX iniciou-se um período em que a Ordem ia perdendo um significativo número de membros e de conventos.
As mudanças territoriais ocorridas após a divisão da Polônia e a severa política de isolamento adotada pelos ocupantes levaram ao surgimento de novas estruturas administrativo-eclesiásticas dos marianos, dependendo do lugar da localização dos conventos. Dessa forma, em 1797 surgiram as províncias russa e prussiana. Os marianos que se encontravam no território de ocupação austríaca (até 1809) não constituíam uma estrutura provincial, talvez porque ali se localizasse a casa central da Ordem (Skórzec). As dificuldades intensificaram-se mais ainda após a criação do Reino da Polônia, e especialmente após a queda do Levante contra Rússia em 1830. Na realidade, em 1835 já havia apenas 63 religiosos em 7 conventos. Da mesma forma, em 1860 mencionam-se 71 religiosos em 8 conventos. No entanto, após o fracassado Levante de 1863, o tzar Alexandre II iniciou em 1864 a gradual cassação de todos os institutos religiosos no Reino da Polônia. Para os marianos, essas iniciativas foram catastróficas, visto que diziam respeito à maioria das casas possuídas, e em conseqüência levaram à total extinção da Ordem. Nos anos 1864-1866 fora fechados 7 conventos marianos, e 11 marianos foram enviados à Sibéria, entre eles também Cristóvão Szwernicki († 1894), missionário de Irkutsk e da Sibéria. Nas igrejas anteriormente pertencentes à Ordem, para a continuidade do seu funcionamento foi deixado um sacerdote mariano em cada uma, enquanto os demais foram transferidos à força ao convento de Mariampol, na Lituânia.
Submetidos ao estrito controle da polícia, os marianos viviam em Mariampol como se fosse numa prisão superlotada. Por isso não é de admirar que, diante das condições muito difíceis de vida, muitos tenham deixado o convento em Mariampol e tenham sido incardinados a diversas dioceses, envolvendo-se no trabalho pastoral. Os restantes iam morrendo aos poucos e, visto que era praticamente impossível aceitar noviços, o número dos marianos começou a decrescer violentamente. Em 1865 eles ainda eram 40, em 1897 haviam restado apenas 3, e em 1908 permaneceu vivo um único mariano com a plenitude dos direitos canônicos, o pe. Vicente Sekowski, anteriormente eleito superior geral. Com o objetivo de salvar a Ordem da extinção, tornava-se necessário transformá-la num instituto clandestino. Tal proposta foi apresentada ao pe. Vicente Sekowski em 1908 por um educando dos marianos em Mariampol, o Beato pe. Jorge Matulaitis-Matulewicz, professor da Academia Religiosa de São Petersburgo.Tendo obtido a aceitação de tais iniciativas, no verão de 1909 ele viajou a Roma e, com plena procuração obtida do pe. Sekowski, pediu à Santa Sé a autorização para substituir o hábito branco dos marianos por uma simples batina,utilizada pelos padres diocesanos (enquanto que os irmãos religiosos deviam usar trajes civis) e que fosse aberto um noviciado clandestino em S. Petersburgo. Era preciso também adaptar as constituições marianas (Statuta) à nova situação em que se encontrava a comunidade, bem como às Normae, publicadas pela Santa Sé em 1901. Finalmente, para evitar a extinção da Ordem no caso de uma morte inesperada do pe. Sekowski, foi apresentado o pedido de Matulaitis-Matulewicz poder rapidamente professar os votos religiosos, sem a necessidade de passar pelo noviciado.
Após ter recebido uma resposta positiva da Santa Sé, no dia 29 de agosto de 1909 Matulaitis-Matulewicz professou os votos religiosos, e um amigo seu, o pe. Francisco Buczys (+ 1951), iniciou o noviciado canônico. Esse dia é considerado como a data do renascimento da Ordem dos Marianos. A renovação e a reforma foram canonicamente aprovadas no dia 28 de novembro de 1910, isto é, no dia em que Pio X aprovou as Constituições sensivelmente modificadas dos marianos, a saber: os votos solenes foram transformados em simples, no lugar do ofício diário pelos falecidos foi imposta aos marianos a obrigação de uma especial devoção às almas que permanecem no purgatório (sem ser apresentada a sua forma estritamente definida), a atividade apostólica foi estendida à utilização de todos os meios apostólicos, e o hábito religioso foi substituído pelo traje dos padres diocesanos.
O então superior geral, pe. Sekowski, faleceu no dia 10 de abril de 1911, depois de ter dirigido a Ordem renovada por 19 meses e 12 dias. No momento da morte do pe. Sekowski a comunidade religiosa contava 2 professos e, quando no mesmo ano o pe. J. Totoraitis (+ 1941) concluiu o noviciado, o pe. Matulaitis-Matulewicz foi eleito para o cargo de novo superior geral (14.07.1911). O desenvolvimento da Congregação dos Marianos renovada prosseguiu de forma dinâmica. Crescia constantemente o número dos candidatos, no início principalmente lituanos e poloneses. Com o objetivo de organizar a formação religiosa canônica, em 1911 Matulaitis-Matulewciz – com a autorização da Santa Sé – abriu uma casa religiosa e um noviciado em Friburgo, na Suíça. Naquele mesmo ano iniciaram o noviciado 10 noviços: 7 sacerdotes, 1 seminarista e 2 leigos. No entanto em 1918 essa casa foi fechada, visto que, em conseqüência das mudanças políticas, já era possível organizar a vida religiosa na Polônia e na Lituânia, e o grande número de candidatos exigia a fundação de novos noviciados.
A primeira casa religiosa a atuar abertamente nos Estados Unidos surgiu em Chicago em 1913. Já antes disso, em 1912, os marianos haviam iniciado o trabalho em Varsóvia, onde em 1915 Matulaitis-Matulewicz abriu no bairro de Bielany uma casa religiosa e um ginásio. Em 1918 foi reativado o convento mariano em Mariampol como o núcleo principal da comunidade lituana. Em 1918 os marianos contavam 57 religiosos em 3 núcleos, dos quais mais da metade encontrava-se na Polônia. Após ser nomeado bispo de Vilnius em 1918, Matulaitis-Matulewicz continuou no cargo de superior geral, até a sua morte. Ele havia nomeado vigários gerais para os diversos países em que a comunidade atuava. No relatório sobre o estado da Congregação de 1923, apresentado à Santa Sé, Matulaitis-Matulewicz informa que os recursos humanos abrangiam 94 religiosos, que se encontravam na Polônia (48), na Lituânia (31) e nos Estados Unidos (15). Naquele mesmo ano os marianos assumem a igreja e o convento dos bernardinos em Druia, com o propósito de assumir o trabalho entre os bielo-russos, e um ano depois abrem o convento em Welony, na Letônia, para a pastoral entre os letões. Em 1925 a Cúria Geral foi transferida de Mariampol a Roma, onde também foi aberto um colégio internacional para estudantes marianos.
Em 1928 os marianos assumiram uma missão do rito bizantino-eslavo para os russos em Harbin, na Mandchúria. Com esse objetivo foi fundada uma casa religiosa, e foi nomeado superior do ordinariato o arquimandrita Fabiano Abrantowicz († 1946). Essa fundação, juntamente com as escolas anexas, foi fechada à força em 1948, e os marianos que naquele tempo se encontravam no convento foram detidos e enviados a campos de trabalhos forçados soviéticos. Alguns deles tiveram morte de mártires, ao passo que outros, após recuperarem a liberdade, foram transferidos a outros lugares e exerceram o ministério no rito oriental na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos, na Polônia e na Austrália. Em 2003 teve início o processo de beatificação dos servos de Deus Fabiano Abrantowicz e André Cikoto († 1952), superiores da missão de Harbin, martirizados pelo regime comunista.
Com a aprovação das novas Constituições em 1930, foram instituídas 3 novas províncias: a americana de S. Casimiro, a polonesa da Providência Divina e a lituana de S. Jorge. Naquele tempo a Congregação contava 319 religiosos em 17 conventos. Em 1939 os marianos instalaram a primeira casa religiosa na Argentina. Inicialmente eles se concentravam no trabalho em meio aos imigrantes lituanos, e com o tempo assumiram novos desafios pastorais entre os argentinos, isto é, a direção de paróquias e de escolas católicas. Em 1987 foi fundado o vicarianto argentino sob o patronato de Nossa Senhora de Luján, na época dependente da província de S. Casimiro.
Em 1940 foi instituída a província leta sob o patronato de S. Teresa do Menino Jesus. Em 1948 surgiu uma outra província nos Estados Unidos, a de S. Estanislau Kostka, na qual – em oposição à província de S. Casimiro, onde a atividade fundamental concentrava-se na direção de paróquias e na atividade editorial e educacional (p. ex. Chicago, Thompson) – foi dada atenção sobretudo à difusão da mensagem da Divina Misericórdia. Com o tempo isso levou ao surgimento do Santuário Nacional da Divina Misericórdia em Stockbridge e à associação dos fiéis no âmbito da Associação dos Auxiliares Marianos, dos Apóstolos Eucarísticos da Divina Misericórdia e da Irmandade da Imaculada Conceição. Em 1954 foi recuperado o convento de Balsamão (Portugal), e posteriormente foram fundadas novas casas religiosas (Fátima, Lisboa). Também em Portugal, além do trabalho paroquial, surgiu o ministério no santuário mariano (Balsamão), desenvolveu-se o apostolado da Divina Misericórdia e foram criados centros de recreação e descanso. Em Portugal, em 1993, foi instalada a vice-província, transformada em 2005 em vicariato geral.
Com o objetivo de prestar assistência pastoral aos emigrantes poloneses, em 1950 foi fundada a primeira casa religiosa na Grã-Bretanha. Com o tempo surgiram novos núcleos, como o de Londres (Ealing), com formas bastante diversificadas de apostolado, incluindo a direção sazonal de instituições educativas e culturais em Fawley Court, a tal ponto que em 1970 foi instituída a Província de Nossa Senhora Mãe de Misericórdia, transformada em 2002 em delegação da província polonesa. Na Austrália, em 1951, os marianos iniciaram a assistência aos russos do rito bizantino-eslavo, e em 1962 – a assistência religiosa aos lituanos. A partir de 1964 a Congregação dos Marianos iniciou a atividade apostólica no Brasil. Inicialmente em forma de assistência missionária no norte do país, na diocese de Propriá, Estado do Sergipe. No entanto alguns anos depois, em razão das difíceis condições climáticas, o ministério nesse local foi encerrado, e a partir de 1967 foi iniciada a atividade no sul do país, no Estado do Paraná. Inicialmente os marianos concentraram-se na atividade paroquial em cidades grandes (Curitiba, Rio de Janeiro) e no interior, mas com o tempo foram assumidas diversas formas de atividade extraparoquial, p. ex. foi instituída a Associação dos Auxiliares Marianos, o santuário da Divina Misericórdia, um hospital para os pobres, um seminário menor e maior. Em 1998 foi criada a província brasileira sob o patronato da Divina Misericórdia.
A primeira paróquia na Alemanha, na diocese de Augsburg, foi assumida pelos marianos em 1968 e, em resposta a pedidos dos bispos, foram sendo assumidos novos núcleos, o que levou, em 1994, à criação da delegação alemã. Durante a Segunda Guerra Mundial e no período da União Soviética, os marianos sofreram signifi cativas perdas humanas, em especial nos territórios do leste, onde vários deles sofreram morte de mártires. Dentre eles, em 1999 foram beatifi cados dois: Antônio Leszczewicz († 1943) e Jorge Kaszyra († 1943), e em 2003 foi iniciado o processo do Servo de Deus Janis Mendriks († 1953). 230 Após a dissolução da União Soviética, nos territórios da Lituânia, Letônia, Bielo-Rússia e Ucrânia teve início o renascimento dos marianos. Nessas áreas a Congregação permaneceu na clandestinidade, tendo sofrido pesadas perdas. Voltando à vida ativa nesses países, os marianos começaram a organizar estruturas religiosas normais, retomando as antigas ou iniciando novas formas de atividade apostólica. Na Lituânia, além do trabalho nas paróquias (p. ex. Vilnius), os marianos atendem no santuário do Beato J. Matulewicz em Mariampol. Depois que esse país recuperou a independência, foi criada uma escola média católica em Mariampol e instituída a Associação dos Auxiliares Marianos (Kaunas). No entanto, em razão das grandes perdas humanas sofridas nos tempos soviéticos, em 2007 foi reorganizada a província e instituiu-se um vicariato. Da mesma forma na Letônia, sem desistir da direção de paróquias (p. ex. Daugavpils, Rezekne, Welony), foi recuperada a tipografi a mariana de antes da guerra, iniciada a publicação de periódicos católicos e instituída a Associação dos Auxiliares Marianos.
Os primeiros marianos chegaram à África em 1984, convidados à diocese de Ruhengeri, na Ruanda, a fi m de propagar o culto mariano. Inicialmente concentrados na direção de paróquias, em 2004 iniciaram o ministério no Santuário de Nossa Senhora do Verbo em Kibeho (diocese de Gikongoro), onde instituíram o Centro de Formação Mariana. Em 1999 estabeleceram-se em Camarões, na diocese de Doumé, Abong-Mbang. Após três anos de trabalho em Doumé e no seminário menor, assumiram a paróquia de Atok, onde fundaram um santuário da Divina Misericórdia. Em 1990 foi criado o vicariato ucraniano do Imaculado Coração da SVM, cuja atividade – além da direção de paróquias (como Charków, Chmielnicki, Sewastopol, Górdek Podolski, Czerniowce) – leva em conta a reconstrução material de igrejas, a publicação de livros e periódicos e obras caritativas. Em 1991, em resposta à falta de clero, os marianos assumiram o trabalho na Eslováquia e na República Checa. A primeira casa religiosa foi instalada em Drietomie (Eslováquia), e em 1993 em Brumovie-Bylnice (República Checa). A atividade pastoral concentrou-se ali principalmente na direção de paróquias (p. ex. Praga) e em algumas formas de atividade extraparoquial, como a administração do santuário mariano (Hradek, proximidades de Praga) e retiros, tanto individuais como grupais e paroquiais. Em 1994 foi criado o vicariato checo-eslovaco sob o patronato dos santos Cirilo e Metódio. Em 1993 foi criada a delegação bielo-russa, cuja atividade, no início, esteve relacionada principalmente com a reconstrução e construção de centros de culto, mas com o tempo deslocou-se na direção de atividades pastorais: direção de paróquias (como as de Borysów, Druja, Minsk, Orsza), de centros de retiro e do santuário dos mártires marianos em Rosica. Em 1991 foi aberto o primeiro núcleo missionário no Cazaquistão (Karaganda). Na província polonesa, além da direção de paróquias, a atividade pastoral dos marianos concentrou-se em variadas formas de atividade extraparoquial, p. ex. na direção de santuários marianos (Lichen, Stoczek Warminski) e do Centro de Formação Mariana com eles ligado, atividade editorial, científi ca e especializada – relacionada com a direção do albergue para pessoas agonizantes (Varsóvia), centros de aconselhamento para famílias e pessoas com dependência (Lichen, Varsóvia), casas de retiro, Associação dos Auxiliares Marianos e Irmandade da Imaculada Conceição. As transformações pelas quais a Congregação passou nos Estados Unidos levaram, em 2006, à união de ambas as províncias americanas e à instituição de uma única, sob o patronato de Nossa Senhora da Misericórdia. No início de 2007 os marianos contavam 491 membros distribuídos por 59 casas religiosas em 18 países, dos quais os poloneses constituíam mais que a metade.

Pe. Andrzej Pakula, MIC (Superior Geral da Congregação dos Padres Marianos)
Fonte: Retirado do livro “Para que o vosso fruto permaneça”.