O Arcebispo de Curitiba, Dom José Peruzzo, ministrou a terceira palestra do 15º Congresso Nacional da Divina Misericórdia. O tema foi: Misericordiosos como o Pai.
Dom Peruzzo define: “estamos aqui porque queremos encontrar o Misericordioso”, e afirma: “ser misericordioso como o Pai é difícil, mas podemos nos inspirar em Jesus”.
A palavra Misericórdia do latim significa olhar com o coração para a miséria do outro, e interpretando do hebraico, misericórdia seria como “o útero materno que acolhe a vida e a faz crescer, e depois coloca-a para a vida, ou seja, quer dizer que Deus é misericordioso como uma mãe que nos acolhe e nos concede a vida”.
“Misericórdia é ter encantos tais como a mãe tem pela vida. A misericórdia tem caráter generativo – ajudar o outro a viver”, explica Dom Peruzzo.
O palestrante explica que “ser misericordioso como o Pai é integrar no nosso modo de ser as escolhas que o Pai fez, é ajudar o outro a renascer, não é ter dó”.
O Profeta Oséias relata na Sagrada Escritura que Deus tinha todos os motivos para punir o povo infiel, mas Ele não faz isso, Ele age com misericórdia e diz: “meu coração se contorce dentro de mim (…) minhas entranhas comovem-se”. E Deus justifica sua ação misericordiosa dizendo: “sou um Deus e não um homem, Eu sou um Santo no meio de ti”.
Dom Peruzzo diz que “faz mal para o próprio Deus não ser misericordioso”. E que da nossa parte cabe aderirmos ao perdão que nos é oferecido, “cabe aceitarmos essa misericórdia”. Como Zaqueu que queria ver Jesus, mas na verdade, foi Jesus quem o viu e o chamou. “O perdão foi oferecido por Jesus a Zaqueu para que ele se arrependesse dos seus pecados”, explica.
“Para aceitarmos que Deus é misericordioso nós temos que nos despojar da figura de um Deus que dá prêmios aos bons e que pune os maus. Não é assim. Ele oferece o perdão misericordioso para todos”. Dom Peruzzo reforça que “conseguiram assassinar o Filho de Deus, mas não conseguiram impedir que Ele seja misericordioso – e nós não temos como fugir dessa bondade. Não temos como fugir da misericórdia, ela nos é oferecida, cabe a nós aderir a ela, aceitá-la”.
Mudança de vida
O ato de nos abrirmos ao perdão e a misericórdia de Deus deve resultar algo em nós. “Para quem está longe de Deus qual é a mudança de vida? Converter-se. A quem está próximo a Ele, tem uma vida religiosa intensa, qual é a mudança em sua vida? Tornar-se misericordioso”.
O verdadeiro cristão, aquele que acolheu o perdão e se converteu, é aquele que “olha com o coração para a miséria do outro. Se não faz isso, vive apenas uma religiosidade”. Dom Peruzzo ainda alerta: “ser misericordioso não é sentir pena”.
“A misericórdia não deve ser uma ideia compreendida, mas uma experiência vivida. Com frequência transmitimos as ideias de Jesus e não a pessoa de Jesus. As ideia de Jesus não salvam, é a Sua Pessoa que salva, que perdoa”.
Dom Peruzzo conclui sua palestra recomendando a todos a leitura orante da Palavra de Deus citando as palavras do Papa Bento XVI: “A leitura orante da palavra é o encontro com o Senhor Deus”.