Fomos todos agraciados pelo Ano Santo da Misericórdia, um presente proclamado pelo Papa Francisco para toda a Igreja e vivenciado entre 8 de dezembro de 2015 e 20 de novembro de 2016. Porém, essa mensagem da Misericórdia Divina permanece!

Este foi um tempo especial no qual pudemos nos aproximar do Coração misericordioso de Cristo e colher, com o vaso da confiança, as bênçãos que Deus quis nos proporcionar. Entre elas a possibilidade diária de obter a indulgência plenária. 

Ainda que o Jubileu Extraordinário tenha uma data marcada para iniciar e outra para se encerrar, a ação da graça de Deus permanece em nossas vidas! E este é um bom motivo para seguirmos divulgando a mensagem no Ano da Misericórdia. Por isso, listamos cinco grandes razões que nos motivam a seguir correspondendo com as graças que obtivemos da misericórdia de Deus. E, com isto, permitimos que produzam frutos de misericórdia por toda nossa vida.

A misericórdia é uma atitude de vida

É importante que todo cristão compreenda que a misericórdia não se reduz a um devocionismo. Precisa ser uma atitude de vida, de grata e generosa correspondência à Misericórdia do próprio Deus para conosco. E não apenas no diálogo particular com Ele, mas também na relação com os que nos são próximos, com aqueles que necessitam de ajuda. 

Portanto, enquanto cristãos, a nossa meta é participarmos plenamente da comunhão com Deus que é a própria Misericórdia para conosco. E segundo o bem-aventurado padre Miguel Sopoćko, o confessor e diretor espiritual de Santa Faustina, o único caminho que nos conduz a essa meta é o caminho da penitência e da conversão. Logo, o tempo de vida que nos é dado deve ser aproveitado para realizarmos a nossa existência segundo os planos de Deus para nós, sendo fiéis à Sua graça. 

Deus está sempre pronto para nos acolher e nos perdoar

Diariamente podemos permitir que Cristo misericordioso nos perdoe, nos purifique e nos envolva com Sua misericórdia. No entanto, Cristo só pode vir até nós com o bálsamo da misericórdia se sinceramente nos arrependemos dos nossos pecados! É preciso nos esforçamos para abrir o nosso coração e acolher a graça do perdão. 

O Papa Francisco nos encoraja: “Voltemos ao Senhor! O Senhor nunca se cansa de perdoar, nunca! Somos nós que nos cansamos de lhe pedir perdão. Peçamos a graça de não nos cansarmos de pedir perdão, porque Ele jamais Se cansa de perdoar” (homilia de 17.03.2013).

O próprio Jesus disse a Santa Faustina: “Não posso amar uma alma manchada pelo pecado, mas, quando se arrepende, não há limites para a Minha generosidade com ela. A Minha misericórdia a envolve e justifica” (Diário, 1728).

Jesus deseja que sejamos misericordiosos como o Pai do Céu

Não basta que tenhamos recebido as graças que o Senhor nos proporcionou durante o Ano Santo. Mas, a exemplo de Santa Faustina – secretária da Misericórdia –, devemos permitir que essas graças produzam frutos em nós! Só assim seremos instrumentos da misericórdia divina para com os outros. 

A mensagem da Divina Misericórdia contida na Sagrada Escritura, em toda a tradição da Igreja e a que Jesus ofereceu para nós através de Santa Faustina, assim como a mensagem que o Papa Francisco nos deixou ao proclamar o Ano Santo da Misericórdia são a mesma: sejamos misericordiosos como o Pai! 

Portanto, para isso precisamos viver a misericórdia no nosso dia a dia, pois só aquele que experimentou a misericórdia é capaz de agir com misericórdia. “Quem experimenta a misericórdia divina, não desperdiça as ocasiões – proporcionadas pelo próprio Deus – de compartilhar essa misericórdia com os outros. Não só como iniciativa ocasional, mas como uma atitude constante de caridade entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre filhos e pais, e para com os idosos; através da ação séria de dar o justo salário ao empregado; da acolhida ao estrangeiro; da acolhida e proteção do sagrado dom da vida e de todos os outros dons que Deus nos concede” (GPS do Peregrino da Misericórdia, Ed. Apostolado da Divina Misericórdia, 2015, pp. 43 e 44).

Pela prática das obras de misericórdia somos testemunhas de Deus 

Somos todos chamados a permanecer em Cristo para ir ao encontro do outro, levá-lo a experimentar a Misericórdia Divina. Somos chamados por Cristo a ser luz no mundo, a praticar obras de misericórdia conforme nossas possibilidades.

A Igreja nos apresenta as obras de misericórdia em dois grupos. As obras espirituais: dar bom conselho, ensinar os ignorantes, corrigir os que erram, consolar os tristes, perdoar as injúrias, sofrer com paciência as fraquezas do próximo, rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos. E as corporais: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, dar pousada aos peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos e enterrar os mortos. 

O próprio Jesus indicou para Santa Faustina como devemos viver e praticar a misericórdia para com o próximo. E ela fez disso uma regra de vida: “existe uma tríplice forma de praticar a misericórdia: [em primeiro] a palavra misericordiosa — pelo perdão e pelo consolo; em segundo — quando não é possível pela palavra, pela oração — e isso também é misericórdia; terceiro — obras de misericórdia. E, quando vier o último dia, seremos julgados segundo tais disposições e, de acordo com isso, receberemos a sentença eterna” (Diário, 1158).

“Contudo, é importante lembrar com Santo Agostinho que o valor das obras de misericórdia está na pureza do amor com que elas são feitas: ‘Elas não têm valor por si mesmas, mas por suas motivações. Põe amor em tudo o que fazes e as coisas terão sentido. Retira delas o amor, e elas tornar-se-ão vazias’” (GPS do Peregrino da Misericórdia, pp.47)

Jesus nos pede que sejamos divulgadores da Misericórdia Divina

O próprio Jesus deseja que sejamos divulgadores da Sua misericórdia. E Santa Faustina registrou em seu Diário os pedidos e as promessas de Jesus para aqueles que propagam a misericórdia. Entre seus registros, lemos: “As almas que divulgam o culto à Minha misericórdia, Eu as defendo por toda a vida como uma terna mãe defende o seu filhinho e, na hora da morte, não serei para elas Juiz, mas sim, Salvador misericordioso” (Diário de Santa Faustina,1075; ver também Diário, 1540).

Portanto, divulgar a mensagem do Ano Santo da Misericórdia deve ser nossa tarefa primordial como devotos de Jesus Misericordioso. E aquele que se dispõe seriamente a conduzir sua vida pela via da conversão, esse experimenta a misericórdia! Pois, cooperando com o auxílio da graça é capaz de ser para os outros caminho de encontro com a Misericórdia Divina. Então, pode ter a certeza, em seu íntimo, da alegria que está proporcionando ao Coração misericordioso de Cristo! Ele mesmo disse à Santa Faustina: “Sempre que quiseres proporcionar-Me alegria, fala ao mundo da Minha grande e insondável Misericórdia” (Diário, 164).


Leia também: Dez santos cujo exemplo nos ajudarão a viver o Ano da Misericórdia