Neste domingo, 9 de outubro, no Ângelus, o Papa Francisco se mostrou preocupado com a escalada nuclear do conflito na Ucrânia. Por isso convida todos a percorrer os caminhos do passado para construir a paz.
Após a saudação inicial do Ângelus, na Praça de São Pedro, durante a alocução antes da oração, o Papa recordou o Concílio Vaticano II. E então comentou:
Palavras do Papa Francisco no Ângelus
“A propósito do início do Concílio, há 60 anos, não podemos esquecer o perigo da guerra nuclear que então ameaçava o mundo naquele momento. Por que não aprender com a história? Mesmo naquela época havia conflitos e grandes tensões, mas o caminho pacífico foi escolhido. Está escrito na Bíblia: Assim diz o Senhor: Parem no caminho e vejam, informem-se quanto às estradas do passado, onde está o bom caminho. Andem por ele, e vocês encontrarão um lugar tranquilo para viver”.
60 anos do Concílio Vaticano II
No dia 11 de outubro de 2022 (terça-feira) a Igreja celebra os 60 anos do Concílio Vaticano II. Foi o Papa João XXIII quem promulgou Concílio Vaticano II, tão citado pelo atual papa em seus discursos e homilias.
Logo, no dia da promulgação, João XXIII fez um pronunciamento que também ficou conhecido como “Discurso da Lua”, pois ele proferiu de improviso, a noite, para uma multidão de fiéis na Praça São Pedro.
Contudo, semanas depois ele voltou a se pronunciar publicamente, em uma intervenção diplomática para evitar o início da guerra nuclear entre EUA e União Soviética em outubro de 1962. Naquele tempo, o então presidente, Fidel Castro, temia uma invasão norte-americana na Baía dos Porcos e decidiu apoiar a proposta soviética de instalar mísseis nucleares no país. Ou seja, o mundo vivia sob a eminência de uma guerra nuclear.
Por isso, João XXIII foi à Rádio Vaticano, no dia 24 de outubro de 1962, e, em francês, que era o idioma da diplomacia internacional, emitir um apelo de paz.
Assim como o atual Papa diariamente se pronuncia contra a guerra entre Rússia e Ucrânia, naquela ocasião João XXIII suplicou:
“Nós suplicamos a todos os governantes que não fiquem surdos a este grito da humanidade. Que façam tudo aquilo que está em seu poder para salvar a paz. Evitarão assim ao mundo os horrores de uma guerra, da qual não se pode prever quais serão as terríveis consequências. Que continuem com discussões, visto que esse comportamento leal e aberto tem grande valor como testemunha da consciência de cada um e diante da história. Promover, favorecer, aceitar conversações, em todos os níveis e a qualquer momento, é uma regra de sabedoria e prudência que atrai as bênçãos do céu e da terra”.