Ensina-nos o Catecismo da Igreja Católica:
Faz parte da missão da Igreja emitir juízo moral também sobre as realidades que dizem respeito à ordem política, quando o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas[1].
Como vivemos em um Estado laico, em que até o Direito Natural é questionado, a Igreja vê-se obrigada a intervir para lembrar que há valores não negociáveis em política.
Como já expusemos nas eleições de 2014, convém o usar o método PPP para a seleção dos candidatos. Primeiro, o Partido, depois, o Passado, por último as Propostas do candidato.
Partido
Um exemplo de partido incompatível com a moral cristã é o Partido dos Trabalhadores (PT). No 6º Congresso Nacional do PT, ocorrido em junho de 2017, foram aprovadas resoluções que incluem a convocação de uma nova Assembleia Constituinte (n. 33), sintetizada em treze capítulos (n. 34). No capítulo 12, dedicado ao “Direito das mulheres”, lê-se: “Descriminalização do aborto e regulamentação de sua prática no serviço público de saúde”. No capítulo 13, dedicado aos “Direitos humanos”, lê-se: “Descriminalização progressiva do consumo de drogas.”[2].
Todo candidato filiado ao PT é obrigado a acatar essas resoluções. O Estatuto do PT põe como requisito para ser candidato pelo Partido “assinar e registrar em Cartório o ‘Compromisso Partidário do Candidato ou Candidata Petista’” (art. 140, c). Tal assinatura, diz o Estatuto, “indicará que o candidato ou candidata está previamente de acordo com as normas e resoluções do Partido, em relação tanto à campanha como ao exercício do mandato” (art. 140, §1º). Se o político contrariar resoluções como essas, que apoiam o aborto, as drogas e as uniões homossexuais, “será passível de punição, que poderá ir da simples advertência até o desligamento do Partido com renúncia obrigatória ao mandato” (art. 140, §2º) [3].
Ao defender o aborto, o PT se mostra coerente com a ideologia socialista que ele abraça. O artigo 1º de seu Estatuto diz que o objetivo do Partido é “construir o socialismo democrático”. Ora, São João Paulo II explica que:
o erro fundamental do socialismo é de caráter antropológico. De fato, ele considera cada homem simplesmente como um elemento e uma molécula do organismo social. […] O homem é reduzido a uma série de relações sociais, e desaparece o conceito de pessoa como sujeito autônomo de decisão moral[4].
O socialismo vê na criança por nascer algo que está subordinado à vontade da sociedade. Se for proveitosa para a sociedade, que nasça. Se for trazer ônus ao Estado, se trouxer mais custos que benefícios, que seja abortada.
Eis a lista dos partidos que se declaram comunistas, socialistas e/ou favoráveis à causa antivida e antifamília.
Partido dos Trabalhadores (PT) – 13
Partido Comunista Brasileiro (PCB) – 21
Partido Popular Socialista (PPS), sucessor do PCB – 23
Partido Comunista do Brasil (PC do B) – 65
Partido da Causa Operária (PCO) – 29
Partido Democrático Trabalhista (PDT) – 12
Partido da Mobilização Nacional (PMN) – 33
Partido Pátria Livre (PPL) – 54
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) – 50
Partido Socialista Brasileiro (PSB) – 40
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) – 16
Partido Verde (PV) – 43[5]
Rede Sustentabilidade (REDE) – 18[6]
Fique atento aos candidatos cujos números começam por: 13, 21, 23, 65, 29, 12, 33, 54, 50, 40, 16, 43 e 18
Passado
É preciso agora examinar o passado de cada candidato. Se ele já foi parlamentar, deve-se examinar como foi o seu voto nas questões relativas à vida e à família.
Em http://www.providaanapolis.org.br/ pode-se clicar à esquerda em “Como votaram” e obter-se o posicionamento passado de alguns candidatos em relação ao aborto, à destruição de embriões humanos (lei de biossegurança) e à ideologia de gênero nas escolas.
Propostas
Se o Partido é bom (ou pelo menos neutro) e se no Passado o candidato não teve envolvimento com o aborto, a ideologia de gênero nem com a causa socialista… tem chance de ser um bom candidato.
Ainda assim, vale a pena ouvir suas propostas. Propostas muito vagas (sou a favor da vida, sou a favor da boa educação…) valem menos do que propostas concretas (sou contra a legalização do aborto, quero excluir a ideologia de gênero das escolas, quero que os pais tenham o direito de decidir sobre a educação de seus filhos, estou disposto a vetar uma lei abortista aprovada pelo Congresso, quero acabar com o desvio de verbas públicas para o aborto no SUS…)[7].
Rezemos todos os dias, às 15 horas, se possível diante do Santíssimo Sacramento, pedindo ao Eterno Pai que, pela dolorosa paixão de seu Filho, tenha misericórdia de nós e livre-nos da maldição do aborto.
“Nessa hora conseguirás tudo para ti e para os outros”
(Diário de Santa Faustina, n. 1572).
Oração pelo Brasil
Ó Maria, concebida sem pecado,
olhai pelo nosso pobre Brasil,
rogai por ele, salvai-o.
Quanto mais culpado é,
tanto mais necessidade tem ele
da vossa intercessão.
Ó Jesus, que nada negais a vossa Mãe Santíssima,
salvai o nosso pobre Brasil.
[1] Catecismo da Igreja Católica, n. 2246, citando “Gaudium et Spes”, n. 76.
[2] PARTIDO DOS TRABALHADORES. Resoluções aprovadas pelo 6º Congresso Nacional, jun. 2017, p. 39. http://www.pt.org.br/wp-content/uploads/2017/07/6-congresso-pt.pdf
[3] PARTIDO DOS TRABALHADORES. Estatuto. http://www.pt.org.br/wp-content/uploads/2016/03/
ESTATUTO-PT-2012-VERSAO-FINAL-alterada-outubro-de-2015-2016mar22.pdf
[4] JOÃO PAULO II, Encíclica Centesimus annus, 1991, n. 13
[5] O PV não se declara socialista, mas em seu Programa defende o homossexualismo e a legalização do aborto (cf. http://pv.org.br/wp-content/uploads/2011/02/programa_web.pdf).
[6] A REDE não se declara abortista, mas Marina Silva disse que pelo menos 70% dos fundadores de seu Partido defendem o aborto, a liberação da maconha e a união de pessoas do mesmo sexo (Cf. Paulo GAMA, 70% dos fundadores da Rede defendem união gay e legalização da maconha, diz Marina. Folha de S. Paulo, 17 jul. 2013, in https://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/07/1312738-70-dos-fundadores-da-rede-defendem-uniao-gay-e-legalizacao-da-maconha-diz-marina.shtml). Além disso, é sintomático que a REDE tenha se coligado ao PV, declaradamente abortista.
Texto adaptado.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis.