imitação de cristo
Escrito no século XV, o livro devocional reagiu a uma época de grande decadência moral e espiritual.
“A Imitação de Cristo” é um dos maiores clássicos da espiritualidade católica. O livro foi escrito no século XV e é atribuído ao padre alemão Thomas Hemerken, mais conhecido como “Thomas de Kempis”. Kempis é a forma latina do nome da sua cidade natal, Kempen.Composto para incentivar as práticas devocionais, o livro chegou a ser um dos mais traduzidos no mundo, com milhares de cópias distribuídas pelas bibliotecas europeias mesmo antes da invenção da imprensa. Santo Inácio de Loyola leu a obra durante o tempo de retiro espiritual que passou em uma gruta de Manresa, na Espanha, e o texto o inspirou a conceber os Exercícios Espirituais.

O século XV foi de grave decadência devocional e moral, com profusão de abusos e escândalos que acabariam levando à eclosão da Reforma Protestante. Foi também o século do grande Cisma do Oriente, provocado por discordâncias de tipo intelectual e político sobre a doutrina e a espiritualidade da Igreja. Numerosa parcela do clero levava uma vida de pouco fervor ou priorizando vertentes espirituais intelectualizadas, abstratas demais para o povo cristão simples e iletrado. Diante dessa frouxidão de espírito, começou a surgir a chamada “devotio nova”, ou “devoção nova”, que propunha recolocar Jesus Cristo no centro da vida de fé e de oração. Thomas de Kempis participou decisivamente desse movimento espiritual ao publicar os capítulos de “A Imitação de Cristo”, textos, aliás, que são independentes um do outro: é possível abrir o livro aleatoriamente e ler qualquer um dos capítulos, que tem começo, meio e fim.

Embora voltado originalmente aos clérigos de vida reclusa, o texto é um tesouro para todo e qualquer católico. A versão completa da “Imitação de Cristo” tem 4 partes: as duas primeiras são uma introdução à vida espiritual, a terceira é um diálogo entre Cristo e a alma e a quarta é toda focada na Eucaristia.

Em português, uma tradução muito elogiada é a do pe. Cabral, publicada pela Editora Paulus. As Paulinas, por sua vez, lançaram uma tradução de Francisco Catão em linguagem mais acessível ao grande público e, ao mesmo tempo, perfeitamente fiel ao texto original latino. A Editora Vozes oferece uma edição enriquecida com comentários de São Francisco de Sales, escrita, assim como a da Paulus, em um português mais erudito.

É possível encontrar na internet algumas gravações em áudio de trechos diversos da obra em português. Uma seleção de capítulos do Livro 1 pode ser ouvida neste endereço da plataforma SoundCloud. Também há versões completas do livro em áudio disponíveis para aquisição em CD.

fonte: Aleteia