“Deus, em Sua infinita Misericórdia, preparou para cada um de nós numerosas graças, virtudes infusas, dons, frutos e bênçãos, mas para alcançá-los é necessária da nossa parte a oração, na qual expressamos a vontade de alcançar essas inúmeras manifestações da Divina misericórdia. Contrariamente à nossa vontade, nem Deus concede as Suas graças.

(…) Dos dois ladrões na cruz, um reza e vai ao céu, o outro blasfema e se perde. (…) A oração é indispensável a todos: aos pecadores e aos justos. Sem a oração, os pecadores não romperão as correntes dos seus envelhecidos vícios e não alcançarão a Divina misericórdia. Sem a oração, os justos não progredirão no caminho da virtude e não se sustentarão por muito tempo em suas alturas, mas cairão logo, vencidos pela tentação.

(…) Deus permanece sempre o Senhor em Seu trono, e o homem permanece sempre a criatura aos pés do Seu trono. Ali é o lugar do homem e ali, ajoelhado, é que ele adquire o verdadeiro valor e a alegria: “Pedi e recebereis para que a vossa alegria seja completa” (Jo 16, 24). (…) Que imensidão de Sua misericórdia promete àqueles que rezarem! Não apenas recebem aquilo que pedem, mas ainda nesta vida participarão da plenitude da alegria.

Será que apenas nós mesmos rezamos? (…) O Espírito Santo é o autor da nossa santificação, na qual a oração desempenha um papel tão importante; e essa oração deve de maneira especial depender do Espírito Santo: “ninguém, sem a ajuda do Espírito Santo, pode dizer: Jesus é Senhor” (1Cor 12, 3). É Ele que nos apresenta a sua importância, necessidade e poder, infundindo ao mesmo tempo certo anseio por ela. Em outras palavras, é Ele que dá o espírito da oração, o que é uma das condições mais necessárias da sua eficácia.

(…) Ele penetra a profundeza dos nossos corações e sabe muito bem o que nos é necessário para a salvação. Ele nos sugere justamente aquilo que devemos pedir em oração e aquilo que nos conduz à perfeição. Ele nos ensina igualmente a boa forma de oração, enchendo-nos de piedade, zelo, confiança e perseverança.

(…) Eis como é estreita a união do Espírito Santo com a oração, que é o caminho à Divina misericórdia, e ao mesmo tempo, em sua eficácia, uma obra dessa Misericórdia. (…) Rezar e alcançar a misericórdia é o mesmo que possuir o coração de Deus e a salvação da alma.

 

 

(…) É preciso rezar com simplicidade, apresentar-se tal como se é, com as aptidões e os meios que Deus nos concedeu. (…) É preciso ainda ter o talento inventivo na oração, hauri-la da alma, da profundeza do coração elevado ao estado sobrenatural. (…) Não sei a que orgulho se deve atribuir que o que reza julga a respeito da qualidade da sua oração segundo os esforços extraordinários por ele feitos. Afinal, por nós mesmos não somos capazes disso, visto que o Espírito Santo, o Espírito de Jesus Cristo apoia a nossa inaptidão e reza em nós com suspiros indizíveis. Se a oração provém d’Ele, do coração, atravessa os céus e tudo alcança.

Deveis orar sempre, sem jamais esmorecer” (cf. Lc 18, 1).
Permanecer em oração (…), não se tolher por manuais de oração, mas antes rezar com espírito de fé, com submissão à vontade de Deus, bendizendo o Seu ser, a Sua beleza, a Sua grandeza e bondade − eis o que não está sujeito a ilusões. (…) Nem sempre podemos ter novos pensamentos, mas sempre podemos voltar a Deus os nossos sentimentos, nos quais se unem todas as faculdades da alma. Graças a tais orações, os santos produziram grandes obras, percorreram o mundo todo, transformando o trabalho em oração.


“TODA A HISTÓRIA DA HUMANIDADE É TRAÇADA PELO ESFORÇO DE DEUS 
PARA ESTABELECER O DIÁLOGO COM O HOMEM. 
(…) SE DEIXARES DE FALAR COM DEUS [REZAR], 
NÃO ENCONTRARÁS JESUS E NÃO O OUVIRÁS FALANDO A TI”
(“Diário” do Pe.  Sopoćko).

 


 

Trecho do Diário do Pe. Miguel Sopoćko

Edição do texto − Urszula Grzegorczyk
Consultoria − Irmã Maria Kalinowska, Congregação das Irmãs de Jesus Misericordioso


 

Conheça também

 

A misericórdia de Deus em suas obras – Produzido pela Editora Apostolado da Divina Misericórdia, Curitiba-PR.