Para o homem possuir o Espírito, é necessária a graça. Para possuir a Verdade e a Ciência, é necessária a graça. Para ter o Pai, é necessária a graça. A graça é a tenda em que as Três Pessoas da Santíssima Trindade fazem a sua morada na alma, é o propiciatório sobre o qual pousa o Eterno, que fala, não mais de dentro da nuvem, mas revelando sua Face ao filho fiel. Maria era a “Cheia de Graça” (Lc 1,28). Toda a graça uma e trina estava nesta Virgem Imaculada. Toda a graça uma e trina preparava aquela que é a própria Imaculada Conceição como esposa para as núpcias. Preparava-a, divinizando-a para sua maternidade e missão.
Maria é aquela que vem concluir o ciclo das profetizas do Antigo Testamento, e abrir o ciclo dos “porta-vozes de Deus” no Novo Testamento. “Por pura graça, ela foi concebida sem pecado, como a mais humilde das criaturas, a mais capaz de acolher o Dom inefável do Todo Poderoso. É com razão que o Anjo Gabriel a saúda como ‘Filha de Sião”. Em previsão dos méritos de Seu Filho, a Virgem Santíssima havia sido eleita por Deus, por uma graça e favor singular, para participar na obra da Redenção. Tudo o que ocorria com Ela e Nela era dom de Deus.
(…)
Diante da pergunta manifestada por Maria, o Anjo esclarece que não seria por obra do homem que ela haveria de ser mãe: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com Sua sombra. Por isso, Aquele que nascer de ti será chamado filho de Deus (…). Para Deus nada é impossível” (Lc 1,35).
A cena da Anunciação e Encarnação do Verbo foi uma cena inenarrável. O mundo, o Céu, o Eterno ficam como que suspensos esperando pela resposta de Maria Santíssima. São Bernardo de Claraval assim descreve esse momento:
“Porque tardais, ó Virgem Santa, a dar o consentimento? O Verbo Esterno
espera-o para tomar a natureza humana e fazer-se vosso Filho; também o
esperamos nós, que estamos infelizmente condenados à morte eterna. Se
consentirdes em ser Mãe do Redentor, todos nós seremos livres da morte eterna.
Respondei Senhora, depressa: não retardeis mais a salvação do
mundo que agora depende de vosso consentimento”
Trecho extraído do livro Fátima e a Divina Misericórdia –
Um mistério em comum para os nossos dias, páginas 114 e 115.